sexta-feira, 14 de abril de 2023

The White Stripes – The White Stripes (1999)


A estreia dos White Stripes é puro desbravamento de terreno desconhecido, guitarra na mão servindo de catana e bateria por trás a manter o ritmo de exploração imparável. Nada foi igual, mas só o saberíamos uns anos depois.

Ainda faltavam dois anos para a verdadeira revolução rock (ou vá, um novo capítulo de evolução) chegar com os Strokes e o seu Is This It, mas os White Stripes plantavam aqui as primeiras sementes do indie rock que haveria de atingir os escaparates lá para o final de 2001. Partindo de uma base de blues, colocando na bimby laivos de punk e de garage rock, Jack e Meg criaram uma receita distinta e bombástica, mas que ninguém ouviu na altura, a não ser frequentadores de bares de música ao vivo em Detroit. Consta que um tal de John Peel pegou neles e fez uma das suas em Julho de 2001, já com o De Stijl lançado, mas ainda bem antes do pico da coisa.

Para quem não se recorda, 1999 foi um momento no tempo desolador em termos de rock. Basta ir ver o alinhamento e a estupidez que foi o Woodstock 99 para se perceber isso mesmo – as escolhas variavam entre o nu metal dos Korn e Limp Bizkit e uns “alternativos” Creed e Live, passando por uns facilmente esquecíveis Lit e Buckcherry, tudo embrulhadinho num inenarrável Kid Rock. Urgia uma mudança radical e nada como mudar um século e um milénio para virar a página. Para tal foram essenciais os White Stripes, mas também os Strokes e uns tais The Hives, vindos da gelada Suécia mas prontos a conquistar o mundo, com um back to basics, editando, em 2000, o abrasivo Veni Vidi Vicious.

Se quisermos definir The White Stripes numa palavra, essa será cru. Ir às raízes buscar a base de tudo, neste caso ao Delta do Mississipi buscar inspiração em Son House, mítico bluesman. Juntar um esquema de cores primitivo para tudo, a trilogia vermelho, branco e preto. Letras sobre emoções básicas – amor e ódio. Parece simples, mas o que é certo é que naquele momento ninguém o estava a fazer, e o casal White soube encontrar e preencher a lacuna, dando-lhe a velocidade e rugosidade das bandas de garage rock dos anos sessenta.

Como a maioria dos comum mortais, só fui descobrir este disco no pós-Elephant, e pareceu-me apenas um bom princípio para o que veio depois, mas revendo agora está aqui um belo produto jack whitiano, sem cedências ou concessões a editoras, ele e a sua guitarra catana a desbravar terreno desconhecido, com a sua querida Meg a acompanhar com a sua cadência metódica e contundente.


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