segunda-feira, 1 de maio de 2023

CRONICA - ROBERTA FLACK | Quiet Fire (1971)

Quiet Fire ou the quiet force, 3ª obra do cantor/pianista nativo de Black Mountain será um fracasso comercial. Marcada demais pelo jazz, a carreira de Roberta Flack não é prioridade da Atlantic, que prefere apostar em Aretha Franklin, aposta certa no soul. Querendo se livrar dos jazzistas desatualizados e desajeitados, empurrados para as editoras de esquina, o major prefere promover o rock progressivo do Yes. Além disso, este Lp é concebido no pior momento. Em 13 de agosto de 1971, morre o saxofonista/arranjador King Curtis, pilar da Atlantic, esfaqueado por um morador de rua que se recusava a sair do patamar de sua casa. Para o rótulo, a cabeça está em outro lugar.

But Quiet Fire foi lançado em novembro de 1971. Para a ocasião, o artista afro-americano se apoiou com uma multidão de músicos, incluindo o contrabaixista Ron Carter e o saxofonista/flautista Joe Farrell.

O disco abre com "Go Up Moses" um soul tribal funky, dark e nebuloso, dominado por congas, uma guitarra acid rock e coros masculinos dark. Encontramos esse exotismo stoner em "Sunday and Sister Jones", mais sensual com sua gaita vaporosa e sax sedutor, assim como no levemente gospel blues "To Love Somebody" dos Bee Gees onde o órgão Hammond traz uma certa profundidade.

Mas, no geral, esse trabalho parece mais íntimo em comparação com First Take (1969) e Chapter Two (1970). Roberta Flack, exposta, encontra-se sozinha ou com poucos instrumentos. Com seu piano ela elabora melodias suntuosas cheias de baço para fazer você chorar. Sua voz é frágil, melancólica, apaixonada. Assim deixamo-nos levar por "Bridge Over Troubled Water" de Paul Simon, dilacerados por um conjunto de cordas outonal e coros luminosos. Esses mesmos violinos que encontramos na nostálgica “See You Then”, na poética “Will You Love Me Tomorrow” das Shirelles, na romântica “Let Them Talk”. Mas desapareça na lírica e dramática "Sweet Bitter Love" em conclusão.

Um disco fabuloso que está na altura de reabilitar.

Títulos:
1. Go Up Moses
2. Bridge Over Troubled Water
3. Sunday And Sister Jones
4. See You Then
5. Will You Still Love Me Tomorrow
6. To Love Somebody
7. Let Them Talk
8. Sweet Bitter Love

Músicos:
Roberta Flack: Vocais, Piano
Seymour Barab: Violino
David Carey: Vibrafone
Ron Carter: Baixo
Joe Farrell: Flauta, Saxofone
Corky Hale: Harpa
Ted Hoyle: Violoncelo
Wally Kane: Fagote
Hubert Laws: Flauta
Buddy Lucas: Gaita
Ralph MacDonald: Percussão
Arif Mardin: Arranjo, Refrão
Hugh McCracken: Guitarra
Kermit Moore: Violoncelo
Romeo Penque: Flauta, Saxofone
Terry Plumeri: Contrabaixo
Seldon Powell: Saxofone
Bernard Purdie: Bateria
Chuck Rainey: Baixo
George Ricci: Violoncelo
William Slapin: Flauta
Grady Tate: Percussão, Bateria
Richard Tee: Organ
The Newark Boys Chorus: Backing vocals
J.R. "Jim" Bailey, Joshie Armstead, Tasha Thomas, Joel Dorn, Hilda Harris, Cissy Houston, Sammy Turner, Les McCann, Gene McDaniels: Backing vocals

Produção: Joel Dorn


Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

CRONICA - MAHAVISHNU ORCHESTRA | Visions Of The Emerald Beyond

  A publicação em 1974 de  Apocalipse  pela Orquestra Mahavishnu mostrou, através da contribuição de uma orquestra bombástica, um guitarrist...