O polêmico empresário e ex-músico Terry Knight, quis repetir o feito que havia conseguido com Grand Funk Railroad, com Bloodrock . Não saiu. Embora a banda também tivesse um contrato com a Capitol e sua música fosse realmente fantástica. Sinto que o guitarrista principal, Lee Pickens, estava um pouco cansado da virada cada vez mais psico-prog da banda. E que em “Ao Vivo” (1972) já era o despiporre (para nosso gozo!).
Então ele saiu com a firme intenção de fazer algo mais hard rock direto. E ele cria o Lee Pickens Group com o vocalista, guitarra e órgão, Eddie Deaton. Charlie Bassham (bateria, congas, vocais), Gary Owen (baixo, vocais) e Milton Walters (órgão, ARP, gaita e vocais). Pickens também canta, então há um vocal completo.
O trabalho do tecladista vai ser o inicial "You'd Better Stop". E de olho no Grand Funk de "Phoenix", gravada nesse mesmo ano. Álbum em que o extravagante Hammond de Craig Frost já aparece, generosamente. Os solos de órgão de guitarra são selvagens e ferozes.
Em "Sail Away" a magia progressiva de Bloodrock persiste. Parede vocal, piano elétrico e uma seção rítmica mais rock do que La Cosa. Pickens com seu bom gosto habitual em depenagem fina. Uma curiosa mutação Purple-Mountain seria uma descrição próxima. O baixo ruge e apresenta "She's my Lover". Mais semelhanças com a banda de Mark Farner (sempre haverá!). E outro pepinazo duro que explode no seu nariz sem piedade. Um bukkake de watts dispersos que te deixa perdido e feliz. Porque o GLP produz hard rock sujo e gorduroso. Cuidam das nuances, mas sem perder as cerdas luxuriosas.
Há a lasciva "It's Not Right" com seus seis minutos de hard rock latino na linha de segundo para Captain Beyond ou Blues Image. Nem Mike Pinera nem Rhino têm nada a ensinar a Lee Pickens, que joga na mesma liga. O Hammond é puro Gregg Rolie e este é um forno de intensidade total.
O início de "I Can't Stand" lembra "We'll Burn the Sky" dos Scorpions, mas feito quatro anos antes destes! É outro soco com sabor de sangue de Detroit e fim de rosto. Virando-se, "Hold on to Me" (7'00) acaba por ser um dos primeiros expoentes do Pomp rock norte-americano na história.
Introdução com teclados maciços e um desenvolvimento mais aprofundado que poderia ser perfeito na estreia de Angel, (que é de 1975). Construção de um corte magnífico, com o ARP de cordas a todo vapor melotronic, dominando um meio tempo intenso. O que culmina em um clímax sensacional de Pickens. Agora você vai me perguntar por que os anos 70 foram os melhores!
"South" diz tudo muito claramente com uma única palavra. Isso tem cheiro de Allman e som de Capricórnio. E Lee Pickens gostou do estilo de Dickey Betts. Gozadera do sul segurado.
"Ten After Never" capta a sensação do James Gang com Domenic Troiano (outra fera!). E o final "Thumbs Up" tem Gunpowder Mountain até no chocalho.
"LPG" foi um tremendo álbum de hard rock esquecido. Uma verdadeira Rockliquia. Teve pouca promoção e poucos exemplares impressos. E a banda aumentou de jogar boliche no circuito do bar... até cansar. Claro.
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