domingo, 21 de maio de 2023

Resenha Rick Wakeman & the English Rock Ensemble: A Gallery of the Imagination Álbum de Rick Wakeman 2022

 


Resenha

Rick Wakeman & the English Rock Ensemble: A Gallery of the Imagination

Álbum de Rick Wakeman

2022

CD/LP

Desde que passei a entender que Wakeman não precisa necessariamente regressar a fórmulas de discos, como, por exemplo, The Six Wives Of Henry VIII ou Journey To The Centre Of The Earth para continuar a ser relevante, entendi melhor o que muitos críticos da sua música parecem não entender, o fato de que ele não tem interesse algum de querer permanecer dentro de um universo musical que o limite a criar algo apenas dentro das ideias que o fizeram ficar popular há 50 anos. Claro que dentro de uma carreira tão prolífica, vai existir materiais completamente descartáveis, porém, o que muita gente até mesmo por preguiça não sabe, é que seu legado vai além dos clássicos já conhecidos pela maioria.  

Se comparado com o seu disco anterior, aqui Wakeman criou um trabalho mais acessível e divertido, além de menos progressivo ou sinfônico. Se em The Red Planet, o músico quis se aproximar um pouco mais da sua música dos anos de 1970, em A Gallery of the Imagination, a entrega é de uma sonoridade mais simples e menos aventureira, porém, ainda interessante para qualquer ouvinte menos radical em relação à obra de Rick. Segundo palavras do próprio Wakeman, A Gallery of the Imagination é um disco conceitual, onde ele o trata como uma galeria e arte, porém, representada por músicas, onde doze pinturas musicais adornam as paredes dessa coleção de obras. Como o nome do álbum sugere, Wakeman é acompanhado pela The English Rock Ensemble, uma informação que não é bem novidade, já que falamos de uma parceria de longa data.  

“Hidden Depths” começa por meio de um piano solo em tom apaixonado. Quando a banda entra logo em seguida, as teclas são alteradas para uma outra variedade. Um começo de disco diligente e elegante. Wakeman parece querer apenas se divertir em seus sintetizadores, deixando claro o quanto ele gosta de criar boas melodias nesse instrumento. “The Man in the Moon” também começa através de teclas isoladas, então que os vocais adocicados da vocalista Hayley Sanderson entram na peça, aos poucos os demais instrumentos vão surgindo, uma guitarra melódica prepara a faixa para a entrada da bateria que vai definir o ritmo inicial da música. Basicamente, em sua metade, o ritmo fica mais acelerado e Wakeman entrega um solo bem ao seu estilo, até regressar para a batida mais lenta, com vocais harmoniosos e um coro ao fundo feito pelo teclado.  

“A Mirage in the Clouds”, um único acorde de violão é ouvido antes que os teclados assumam a peça criando uma harmonia que serve de preparativo até que os demais instrumentos entrarem em um ritmo lento. A música é uma balada com ótimos vocais e alguns arranjos que trazem com eles até um pouco de feitiço evocativo. Apesar de possuir algumas mudanças, se mantem sempre dentro de uma linha suave que a povoa por toda a parte. “The Creek” é uma peça solo de piano. Acho que uma música dessa linha, sendo tocada por Wakeman, não se tem muito a ser dito. Belíssima e simplesmente clássica por natureza. “My Moonlight Dream”, alguns teclados iniciam a música, então os vocais aparecem pela primeira vez, pouco depois, uma seção rítmica marca a música inicialmente em um ritmo lento. Um dos destaques da peça com certeza é o solo de Wakeman por volta dos 2:30. Queria aproveitar para deixar registrado que, Dave Colquhoun, que deixa um ótimo solo de guitarra aqui, faz um excelente trabalho em todo o álbum, assim como a dupla Ash Soan (bateria) e Lee Pomeroy  (baixo) que formam uma cozinha muito sólida.   

“Only When I Cry” começa por meio de um piano bastante melancólico. Os primeiros vocais então aparecem e se juntam as teclas, mantendo a melancolia. Mais à frente, os demais instrumentos vão sendo adicionados, porém, a aura taciturna é o que domina a peça do começo ao fim. “Cuban Carnival”, a tradução do nome dessa música está bem explícita, então falar que aqui há uma entrega de uma vibração de jazz com tendencias latinas não seria surpresa. No geral, eu a considero um som bem divertido, contendo alguns toques de um rock mais puro, enquanto em outros momentos se apoia em algumas ideias mais clássicas de Wakeman.  “Just a Memory”, mais uma música que é apenas piano solo. Como falei anteriormente, uma música desse tipo de natureza tocada por Wakeman dispensa muitos comentários. Estilo e charme, além de emoção, tudo na medida certa. 

“The Dinner Party”, contém alguns sons clássicos de Wakeman e boas reviravoltas. Os sintetizadores estão excelentes e entregam alguns solos muito bons. A guitarra tem um swing bem interessante e a seção rítmica é adequada. “A Day Spent on the Pier”, um piano solo inicia a peça, mas logo ganha a companhia dos demais instrumentos criando uma música de sonoridade elegante, além de algumas tangentes jazzísticas muito oportunas. “The Visitation”, não sei exatamente se tenho alguma peça favorita no disco, mas se caso isso exista, provavelmente seja essa aqui. O trabalho instrumental é muito preponderante em uma música que exala encanto. Vale destacar também, a contraposição entre uma linha suave e outra mais rock. “The Eyes of a Child” é a faixa que encerra o disco. Possui o andamento mais vagaroso do álbum. É possível notar imbuído aqui uma clara influência da música clássica, além de bastante delicadeza, ainda que também possua um poder evocativo evidente.  

A Gallery of the Imagination, é um disco de um gigante da música, mas que também pode muito bem criar um disco em que está mais interessado em se divertir por meio de uma criação de melodias agradáveis e sinceras, do que soar eufuístico ou pomposo. Não é a primeira vez que Wakeman faz isso e acerta, muito pelo contrário, em uma discografia com mais de 80 discos de estúdio, há mais material interessante do que quem parou na década de 70 pode imaginar.   


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