domingo, 28 de maio de 2023

Review: Electric Mob – Discharge (2020)

 


Algumas bandas caem no gosto dos formadores de opinião e recebem elogios aos montes. Esse é caso do Electric Mob. Formado em Curitiba em 2016, o quarteto chamou a atenção com o EP Leave a Scar (2017) e acabou assinando um contrato com a Frontiers Records, meca do melodic rock e sleaze. O primeiro fruto dessa parceria é Discharge, lançado em 2020 em todo o mundo.

O disco de estreia do Electric Mob justifica os elogios e traz um hard rock que consegue equilibrar elementos contemporâneos e tradicionais. Bebendo em influências como Audioslave, Aerosmith, Whitesnake, Guns N’ Roses, Rival Sons, Alice in Chains e Lenny Kravitz, a banda entrega uma identidade sonora forte e com qualidade que salta aos ouvidos. Há bem encaixados toques clássicos que aproximam o som do lado mais bluesy do rock, como podemos ouvir nos riffs de “King’s Ale” e “Got Me Runnin’”, por exemplo, característica essa que dá um certo ar vintage muito agradável para a música do Electric Mob.

São doze faixas em pouco mais de 47 minutos, e aposto que se você colocar o CD para tocar ninguém vai acreditar que é uma banda brasileira. Os vocais de Renan Zonta são um destaque imediato, com um alcance enorme e talento para variar entre tons mais altos e outros mais graves. A guitarra de Ben Hur Auwarter bebe em referências como Izzy Stradlin, Joe Perry, Brad Whitford e Scott Holiday (o geniozinho do Rival Sons), com riffs e solos que esbanjam feeling. E a dupla Yuri Elero (baixo) e André Leister (bateria) é puro rock and roll e energia.

O single “Devil You Know” é o grande destaque, mais faixas como “King’s Ale”, “Got Me Runnin’”, “Far Off”, “Higher Than Your Heels” e “We Are Wrong” mostram uma banda com diversas cartas na manga e potencial para gravar muitos álbuns excelentes nos próximos anos. Pessoalmente, o caminho que me parece mais adequado para o Electric Mob em seus passos seguintes é limar de vez as influências de metal (ouvidas, por exemplo, em canções como “123 Burn” e “Brand New Hope”) e seguir o caminho do hard rock pesado e com ingredientes clássicos que ouvimos nas ótimas “Devil You Know” e “We Are Wrong”, curiosamente as faixas que abrem e fecham o trabalho.

O saldo final é um álbum muito bom e que apresenta uma banda com grande futuro. O Electric Mob tem talento, músicos muito acima da média, sabe compor e sabe onde quer chegar. E esses são fatores vitais para tornar a banda um dos principais nomes do rock brasileiro nos próximos anos, com apoio e suporte para também crescer e se destacar mundo afora.



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