Dependendo qual for a sua idade e o universo musical que cerca a sua vida, o Foo Fighters pode possuir o status de maior banda de rock do planeta. Muita gente pensa assim. Quem está na casa dos 30 e poucos anos tem a gangue de Dave Grohl na mais alta conta, e as razões para isso são facilmente identificáveis, afinal o cara se reinventou após o fim traumático do Nirvana, tornando-se uma estrela ainda maior.
No meu mundo, a percepção já é diferente. Para mim, o Foo Fighters é uma banda que possui vários hits globais e um disco essencial: Wasting Light (2011). Gosto do grupo, mas algumas questões me incomodam, sendo a maior delas o irritante vocal gritado de Grohl em algumas canções.
Medicine at Midnight é o décimo álbum do Foo Fighters e foi lançado em 5 de fevereiro. O disco é o sucessor de Concrete and Gold (2017) e foi produzido por Greg Kurstin (Paul McCartney, Sia, P!nk) ao lado da própria banda. De cara e sem muito esforço, dá pra afirmar com certeza que trata-se do álbum mais acessível do agora sexteto. Assumidamente orientado para o pop e tendo como um dos objetivos principais ser um álbum divertido e dançante, traz influências declaradas de Let’s Dance (1983), um dos melhores trabalhos do eterno David Bowie.
Com apenas 36 minutos e 9 canções, Medicine at Midnight pode parecer curto após quatro anos sem material inédito, mas as coisas não são assim tão preto no branco. Há uma clara diferença em relação aos discos anteriores, com o Foo Fighters trilhando caminhos que ainda não havia experimentado – o pop rock com sabor da década de 1980 é o principal deles. O rótulo de gigantes do rock alternativo é abandonado de forma consciente pela banda em favor de uma sonoridade que parece conversar, de forma explícita, com o que faz sentido nesse momento da vida - e do próprio mundo - para Dave Grohl e seus companheiros de banda.
Há canções carregadas de positividade como “Making a Fire”, experimentações super agradáveis como “Shame Shame”, ecos bem audíveis de David Bowie em “Cloudspotter” e “Medicine at Midnight”, e até mesmo explorações pelo próprio universo da banda em “No Son of Mine”, “Holding Poison” e “Love Dies Young”. Os momentos mais contemplativos ficam com “Waiting On a War”, que parece indicar que seguirá uma das fórmulas mais consagradas de Dave Grohl (início calmo seguido de explosão sonora), mas consegue ir por um caminho um tanto diferente, e com a doce “Chasing Birds”, que é um soft rock bem anos 1970.
Ao invés de um disco raivoso, temos um álbum carregado de energia positiva. Ao invés de um trabalho sombrio, o que ouvimos é uma música ensolarada e inspiradora. Com todo o contexto que vivemos com a pandemia, Medicine at Midnight coloca o Foo Fighters como um das bandas responsáveis por uma trilha mais leve e carregada de esperança para o futuro que ainda está se desanuviando à nossa frente.
Um belo e surpreendente disco!
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