Nick Cave and the Bad Seeds - Murder Ballads (50 pontos)*
Alissön: Tenho uma dificuldade imensa para falar sobre as obras de Nick Cave. Talvez porque a sonoridade do sujeito seja de difícil rotulação, ou talvez porque ainda não seja digno de descrever em palavras sua genialidade soturna. Este consiste de “murder ballads” com a habitual destreza de Cave em passar um clima soturno e de mistério as canções, quase uma ambientação noir. O dueto com Kylie Minogue em “Where the Wild Roses Grow” se configura como um dos momentos mais célebres da música pop mundial, e só sua presença vale a audição deste disco.
André: Prefiro Your Funeral… My Trial (1986) mas dá para curtir ótimas canções que se apresentam por aqui. Esse som meio lisérgico, meio agoniante do gothic rock junto a uma mistura de efeitos sonoros sinistros, ao mesmo tempo que dá uma calmaria bem folk, tal como em “Where the Wild Roses Grow” (Kylie Minogue cantando por aqui, quem diria) e passagens até “animadas” como em “The Curse of Millhaven”. É praticamente um “livro-disco” de histórias de assassinatos junto a uma trilha sonora muito boa acompanhando.
Bernardo: Nick Cave entrando para a lista não é todo dia. Mas é compreensível que entre, o sujeito estava em uma década iluminada, soltando um disco sensacional atrás do outro. Com participações especiais de grandes ícones da música popular e alternativa, como a musa indie PJ Harvey (que cantam a melancólica "Henry Lee"), a cantora pop Kylie Minogue (com quem Nick estoura o hit "Where the Wild Roses Grow", uma balada de letra romântica e sombria), e as duas, Anita Lane e o vocalista do Pogues Shane McGowan, cantando um cover de Bob Dylan, a bela "Death Is Not the End", que dá um um toque irônico ao álbum, com todas as outras letras versando sobre assassinatos. Mas para mim o grande destaque mesmo fica com "Stagger Lee", com seu ritmo pulsante, crescente e perturbado sendo cama de fundo para um storytelling que apresenta Nick no auge da poesia maldita
Bruno: Nick Cave sempre foi um contador de histórias, por isso este álbum conceitual sobre assassinos casa perfeitamente com seu vozeirão de barítono, com os Bad Seeds mandando ver no blues/post-punk sepulcral e gótico como trilha de fundo. Um dos pontos altos da carreira do australiano.
Davi: Uma tortura. Desde aquele disco do Tom Waits que eu não sofria tanto para ouvir um álbum nesta série. Músicas chatíssimas, trabalho vocal ruim. Depois de ouvir o disco, entendi o titulo: sua audição é um assassinato de nossos ouvidos.
Diego: Um disco do Nick Cave em uma lista de melhores? Isso é deveras interessante! Infelizmente não posso comentar sobre a carreira do músico. Apesar de ser respeitado e ter, sem sombra de dúvida, qualidade, ele nunca fez minha cabeça. Na verdade, sua carreira passou despercebida para os meus ouvidos. Talvez seja a hora de mudar isso e ouvir alguns de seus discos!
Diogo: A primeira audição foi um pouco decepcionante, por achar que a música mais parecia um fundo monótono e repetitivo para que Nick declamasse suas histórias, mas bastou uma segunda ouvida para perceber que a relação não é tão secundária assim, na verdade um complemento essencial para criar o clima mais adequado ao desenrolar desses contos sombrios. Quanto mais variação, mais o disco fica interessante, vide "Where the Wild Roses Grows", que conta com a presença de Kylie Minogue e ganha outra dimensionalidade; "The Curse of Millhaven", com sua pegada folk; e o adequado cover para "Death Is Not the End", de Bob Dylan, com a presença de várias vocalistas, incluindo Kylie novamente. Nem tudo é bom, mas no final o saldo é positivo.
Eudes: Só o fato dos consultores incluírem este esquecido disco do Nick Cave and the Bad Seeds nesta edição da série já qualifica como o diabo (ops!) esta lista, mesmo que seja em um modesto oitavo lugar. A ideia é boa e, como sempre, sombria quando se trata de Nick. Uma coleção de canções, pinçadas em mais de 200 anos de tradição, composta por assassinos ou tratando de assassinatos. Um tema que ele já tinha visitado em algo do que incluiu em Kicking Against the Pricks, de 1986 ("I'm Gonna Kill that Woman", por exemplo). As canções são todas antigas, tiradas da tradição anglofônica, e melódica e liricamente pesadas. Nick e os Seeds radicalizam as temáticas em execuções soturnas e, como de costume, tortas, angulosas, dando o cenário perfeito para o vozeirão tenebroso do cantor. Bacanérrimo e altamente recomendável.
Fernando: Ganhei um CD do Nick Cave quando renovei a assinatura da revista Rock Brigade na década de 1990 ainda. Não lembro qual era, mas ouvi o disco, não curti e troquei pelo Dehumanizer (1992), do Black Sabbath. Ouvindo agora, já mudei de opinião. Gostei do clima soturno das músicas e principalmente da voz de Cave.
Leonardo: A ideia de ter um disco apenas com baladas sobre a morte parece ótima no papel, nas o resultado final foi, para mim, bastante irregular. Enquanto algumas músicas, como "Stagger Lee", são sensacionais, outras, como "O’Malley’s Bar", são bem cansativas. Mas que a ideia era boa, isso era.
Mairon: Ouvi este álbum lembrando-me do saudoso Jeff Buckley na edição dedicada a 1994. Um disco bem depressivo, que infelizmente não casou com a minha audição. Tem alguns destaques, como PJ Harvey em "Henry Lee", o ritmo alegre de "The Curse of Millhaven", lembrando o Bob Dylan da fase acústica, sendo que Dylan é o responsável pelo melhor momento do álbum, com o resgate da desconhecida "Death Is Not the End", lançada pelo bardo norte-americano em Down in the Groove (1989), e que aqui ganhou uma versão piorada, mas mesmo assim a melhor do disco, com a companhia de Kylie Minogue e PJ Harvey. O ritmo estranho de "O'Malley's Bar" talvez seja a pior coisa que ouvi no disco, ainda mais com insuportáveis 14 minutos de duração, e, no geral, confesso que várias vezes olhei para o visor com o pensamento de "Falta muito para acabar essa joça?". Ficou a sensação de tempo perdido com essa uma hora de audição. Passo!
Ulisses: De que poço sem fundo vocês tiraram esta presepada? Meu Deus...
Iced Earth - The Dark Saga (47 pontos)
Alissön: Dentre os pouquíssimos discos de power metal que ainda tenho paciência para ouvir, este é um dos que estão em minha lista. Conseguindo a proeza de tornar interessante um dos personagens mais desinteressantes da Image Comics – a saber, Spawn - o Soldado Infernal –, John Schaffer pariu um disco que equilibra o heavy metal com a grandiosidade dramática de uma ópera, isso tudo com harmonias e melodias de cair o queixo. Da explosão do estilo no fim dos anos 1990 para o início dos anos 2000, The Dark Saga se configura como clássico, e mais que isso, como um ponto fora da curva no meio de incontáveis bandas que pensavam apenas em criar músicas encharcadas de melodias batidas à velocidade ultrasônica.
André: O disco do Spawn. O maravilhoso disco do Spawn. O fucking foda disco do Spawn. Uma das melhores coisas surgidas nos anos 1990 e o primeiro álbum que ouvi deles. Riffs excelentes de um inspirado Jon Schaffer. Emoção em todas as músicas de um excelente Matthew Barlow. Cozinha de baixo e bateria com execução perfeita, principalmente em “Depths of Hell”. O disco passa rápido e esse é exatamente seu único defeito: muito curto. Sim, acho quase 44 minutos muito curto para ele. Ouça com atenção todo ele, principalmente “Dark Saga”, “Violate”, “Scared” e “A Question of Heaven”.
Bernardo: Sempre achei o Iced Earth de um heavy metal para lá de genérico, e sempre me perguntei porque ouvir ele e não os "classicões". O álbum é conceitual, contando a história do personagem de quadrinhos Spawn, então você pode ler ouvindo e ter a experiência mais anos 1990 possível – só vai faltar a internet discada e instalar jogo com disquete!
Bruno: Sempre achei o Iced Earth meio "meh", mas este álbum é bem legal. Foge um pouco do power metal e aposta em faixas mais atmosféricas, que refletem bem o clima do conceito que o inspirou, encaixando na melancolia do rock pesado da época.
Davi: Está aí uma banda que sempre gostei. Este é um álbum que muito fã não curte por conta das mudanças apresentadas. As faixas se tornaram mais curtas, seu som um pouco mais acessível, mais melódico. Entretanto, sempre gostei deste disco. Ótimo trabalho de guitarra de Jon Schaffer e ótimo trabalho vocal de Matthew Barlow, que ainda é meu vocalista favorito do Iced Earth. Bom disco. Feliz de vê-los por aqui...
Diego: Iced Earth é uma banda que nunca me interessou. Tenho o disco Night of the Stormrider (1991) em cassete e ele não aguçou a minha curiosidade para continuar ouvindo a discografia da banda.
Diogo: Sinceramente, não achei que o Iced Earth tivesse muita moral entre o pessoal da Consultoria, mas felizmente alguns lembraram da banda com carinho. De uma forma bem particular, o grupo de Jon Schaffer levou adiante o heavy metal oitentista na década de 1990, fazendo com muita competência o que outros grupos pareciam haver desaprendido. Minha obra favorita do grupo é Night of the Stormrider, mas The Dark Saga também é digno de figurar por aqui, ainda mais por contar com a presença de um Matthew Barlow cada vez mais essencial nos vocais, o "Paul Stanley do metal". Jon Schaffer é uma metralhadora de riffs, mas é esperto o suficiente para saber que nem só deles se faz um bom disco de heavy metal, e soube trabalhar as canções de forma a tornar este um álbum equilibrado, alternando faixas mais urgentes, praticamente thrash metal ("Violate", "The Last Laugh"), com outras mais melódicas ("Dark Saga", "I Died for You", "The Hunter" e "A Question of Heaven"). Entre elas, equilibra-se minha provável favorita, "Vengeance Is Mine". Não à toa, oito das dez músicas que formam The Dark Saga marcam presença no álbum ao vivo Alive in Athens (1999). Que venha Something Wicked This Way Comes (1998)!
Eudes: Nos anos 1990, uma boa ideia, embora não original (lembre-se do Desafiador, Dead Man no original, personagem da DC dos anos 1970), do roteirista/desenhista Todd McFarlane, como se diz hoje, viralizou nas bancas de revista do mundo: Spawn, um agente do serviço secreto norte-americano que morre em uma missão e volta, pela mão do Capiroto, para desvendar a conspiração que o levou ao túmulo e a identidade do assassino. Dava uma ótima minissérie, mas virou uma série interminável que abalou o mercado de HQs, mas foi caindo no esquecimento por falta de desenvolvimento do tema. Este disco transpõe para a música a saga do personagem e é tão chato quanto a revista depois que o argumento original se esgotou. Não conhecia, mas já arquivei na gaveta do desinteresse.
Fernando: O Iced Earth é daquelas bandas cujo excesso de mudanças de formação me faz ter um pouco de preguiça de acompanhar. Porém, pelo menos dois discos do grupo são essenciais na coleção de qualquer um que goste de heavy metal tradicional, apesar de que muita gente ainda os coloca no balaio do power metal. O interessante do Iced Earth é que eles abordam muito as histórias em quadrinhos de personagens menos conhecidos.
Leonardo: Enquanto o heavy metal tradicional era declarado morto nos Estados Unidos, uma banda da Flórida chegava ao seu auge com um som que misturava o que havia de melhor nos discos clássicos de Iron Maiden, Metallica e Testament. Unindo riffs e solos inspirados a palhetadas abafadas e à voz marcante de Matthew Barlow, o Iced Earth lançou um dos seus melhores trabalhos, um álbum conceitual baseado no personagem de histórias em quadrinhos Spawn. Altamente recomendado para os fãs das bandas citadas acima, que passavam por um péssimo período na época.
Mairon: O instrumental me lembrou bastante o Metallica da época de Master of Puppets (1986), com destaque para a pancadaria de "Violate", apesar de a música acabar do nada, e "The Last Laugh". Uma pena que as músicas são curtas, pois se fossem maiores, poderíamos ouvir melhor o trabalho instrumental da banda. Gostei do disco, apesar de não ter me adaptado muito bem as vocais de Matthew Barlow, uma mistura de Paul Stanley com Bruce Dickinson. Agora, entre os dez melhores de 1996?? Bom, daí já é outro questionamento, que no momento confesso ser desfavorável.
Ulisses: The Dark Saga foi o disco que realmente botou o Iced Earth no mapa do heavy metal, além de estabelecer Matthew Barlow como o vocalista mais querido a passar pela banda. Além de ser um álbum conceitual baseado no personagem Spawn (com arte de capa feita pelo próprio Todd McFarlane), também traz composições bem balanceadas, na medida certa de peso, melodia e duração. Faixas como "The Hunter", "Vengeance Is Mine" e a majestosa "A Question of Heaven", com presença de corais e da esposa de Matthew, estão entre as melhores do grupo.
DJ Shadow - Endtroducing... (40 pontos)
Alissön: É curioso como um disco composto 100% por colagens de músicas aleatórias pode soar tão particular. A destreza de Josh Davis ao fazer com que trechos de músicas famosas e falas dos mais variados tipos se transformem em belas montagens de trip-hop é algo realmente encantador. Este disco não é apenas o auge da música em 1996, mas também é um dos discos que mudaram a minha forma de encarar música como um todo, que realmente é possível fazer música eletrônica livre de maneirismos e com muita criatividade composicional. E como é bacana tentar sacar de onde vieram os vários samples espalhados pelas faixas (os mais atentos irão identificar “Orion”, do Metallica), uma motivação extra para lhe convencer a conhecer esta obra de arte contemporânea.
André: Disco só de samples colados de outros artistas e gente declamando as letras. Quando se tem os samples de música ambient até vai (mesmo com a típica bateria hip hop), mas o restante... É daqueles típicos trabalhos que eu chamaria de “pós-moderno”, que quebra todos os “padrões” costumeiros de estrutura musical aos quais estamos acostumados e que críticos e a galera alternativa ama louvar. Para mim, ainda é uma salada de sons sem nenhum sentido e direção. Ouvir o disco inteiro foi uma dor intensa aos meus ouvidos. Se o DJ Shadow fosse pintor, ele seria o Romero Britto.
Bernardo: O debut de Shadow marcou a história da música por ser o primeiro disco a ser composto inteiramente de samples. Viagem conceitual imersiva e sem volta, mistura Beastie Boys com Metallica com Tangerine Dream com A Tribe Called Quest com Björk com Isley Brothers com... Enfim, a música popular do século XX inteiro é ressignificada – ritmos, melodias, distorções, diálogos, texturas e scratches compõem uma grande peça de vanguarda moderna que prenunciou como seria a música das décadas seguintes e ainda é digerida até hoje.
Bruno: Um grande disco, extremamente criativo e ousado, que pode servir muito bem pra quebrar o preconceito com a música eletrônica.
Davi: Samplers, samplers e mais samplers. Não tenho nada contra a utilização de samplers (até escrevi a discografia comentada de uma artista pop brasileira que brincava com esse universo, por aqui) e nem contra a profissão de DJ, mas puta disquinho chato... Trabalho extremamente cansativo contando com repetições em excesso, efeitos em excesso. É aquele disco que você torce pelo final. DJ por DJ, ainda fico com o Iraí Campos, kkkkk...
Diego: Este disco me parece inteiramente fora do lugar nesta lista... Eu nunca ouvi, não sabia da existência e mesmo que altamente cotado em sites musicais como o Rate Your Music, eu realmente não tenho curiosidade sobre este lançamento.
Diogo: Normalmente conheço o trabalho de DJs dentro do contexto de bandas de rock, e não os ouço de outra maneira. Obviamente conheço músicas de artistas como Fatboy Slim, Moby, David Guetta, Eric Prydz e outros, mas o contexto apresentado em Endtroducing é bem diferente disso. O que DJ Shadow faz é um processo de desconstrução de inúmeros trabalhos de variados artistas e sua consequente reconstrução na forma de uma obra autoral, resultante de colagens unindo, ao mesmo tempo, canções que não esperaríamos que fizessem sentido juntas. Confesso que não morri de amores pelo que ouvi em Endtroducing, mas também não odiei. Há no mínimo que se admirar o serviço danado que esse rapaz teve para levar esse projeto a cabo e a criatividade para fazer com que tudo fizesse sentido. Sua adição por aqui provavelmente faz mais sentido do que mais uma citação de alguma banda setentista que seguia lançando trabalhos nessa época, como Deep Purple e Rush fizeram, mesmo que, para meus ouvidos, estes últimos soem mais agradáveis.
Eudes: Claro, já havia ouvido algumas faixas do CD que, há algum tempo, penetraram no tracklist das FMs mais antenadas, mas nunca tinha ouvido o disco como um todo. E termino sem saber se gosto ou não gosto. Em vários momentos, a empatia pela sonoridade do disco cresce, em outras, acho o negócio horizontal demais e até enjoativo. Uma coisa é certa, contudo, a discoteca de Shadow mereceria uma visita. O sujeito tem um puta bom gosto.
Fernando: Quer dizer que a ala moderninha da Consultoria finalmente conseguiu emplacar um disco de música eletrônica aqui nesta série. Apesar de não aparecer muito neste disco, cabe aqui um comentário sobres os scratches, pois é algo no qual não vejo sentido nenhum. No mais, a primeira faixa, e várias passagens de outras músicas, me lembrou algum disco que Brian Eno gravou lá na década de 1970. Essa é a referência que eu tenho para esse tipo de música, sabendo que certamente Eno é influência do tal DJ aí... Já na faixa “The Number Song” identifiquei algumas pitadas de jazz. Mas não é meu tipo de música.
Leonardo: Rap e hip hop não são a minha praia, então deixarei avaliações mais detalhadas aos colegas que entendem do assunto. No geral, achei o disco irregular. Gostei dos momentos mais melódicos e atmosféricos, mas o uso de scratches com frequência não me agrada.
Mairon: Apenas quatro palavras: QUE MERD@ BEM GRANDE!!! Para complementar, como isto foi gravado e como isto fica entre os dez mais de 1996? Realmente, se isto é um dos dez melhores discos de 1996, fica comprovado que essa década foi talvez a pior da história da música.
Ulisses: Trip-hop não é a minha praia. Apesar da interessante ideia do tal Shadow, de criar o álbum inteiro com samples de outros discos diversos, o resultado final, para mim, fica mesmo só nessa de "hm, legal... próximo!".
Marilyn Manson - Antichrist Superstar (35 pontos)
Alissön: Eu tinha meus 13, 14 anos quando ouvi este disco pela primeira vez, e fiquei absurdamente assombrado com ele. Na época, aquilo era muito mais do que minha mente podia processar. “Um sujeito bizarramente andrógino cantando músicas satânicas”: isso foi tudo o que pude concluir na época, e nunca mais cheguei perto de nada que levasse o seu nome. Anos se passaram e então pude entender o que Brian Hugh Warner quis dizer com seu Antichrist Superstar. Um disco de estética crua, que não teve medo de desvirtuar qualquer regra imposta pelo heavy metal, e mais crucial: não teve medo de por o dedo na ferida sobre temas “proibidos” de serem abordados por artistas de exposição massiva, como religião, política e família. Nunca mais um disco viria a chocar a sociedade como este fez brilhantemente, com musicalidade inteligente e letras pungentes.
André: Os consultores não cansam de me surpreender. Nunca imaginei que este maluco teria um disco considerado um dos “Melhores de Todos os Tempos”. O que posso dizer é que gosto de metal industrial, sendo Rammstein a minha preferida do estilo, mas não gosto de nada do Manson, tirando uma ou outra faixa mais famosa.
Bernardo: "The Beautiful People", "The Reflecting God", "Irresponsible Hate Anthem"... Antichrist Superstar é um dos clássicos do metal industrial, com pitadas de hard rock que tornaram a música de Manson mais acessível, mas manteve a sujeira e a atmosfera controversa, com o rock se diluindo em novos sons eletrônicos. Ainda que tenha algumas músicas dispensáveis, o álbum sintetiza um dos auges populares do rock pesado com atitude contestadora e hits para lá de ganchudos.
Bruno: O álbum que fez o cara despontar, e um belo representante da época. Metal industrial com uma pegada acessível. Talvez seja seu disco mais coeso e representativo.
Davi: Trabalho que foi um marco daquela época. Depois de alguns anos em que as brigas dos irmãos Gallagher eram consideradas o que havia de mais polêmico no rock, o rapaz apareceu com Antichrist Superstar, questionando as bases do cristianismo. Todo aquele lance de religiosos pregando contra, shows censurados e pais de cabelo em pé retornaram. Musicalmente, o álbum tem uma sonoridade bem pesada e mistura guitarras distorcidas com elementos eletrônicos, com um quê de Nine Inch Nails. Um dos álbuns mais criativos, musicalmente falando, desse período. Faixas de destaque: “Irresponsible Hate Anthem”, “Dried Up, Tied and Dead to the World”, “Tourniquet”, “The Reflecting God” e o clássico “The Beautiful People”.
Diego: Marilyn Manson teve uma dupla famosa de discos no meio dos anos 1990: Antichrist Superstar e Mechanical Animals, lançado dois anos mais tarde. Antichrist Superstar é, sem sombra de dúvida, o disco que catapultou a carreira do vocalista a um status internacional e traz clássicos como "The Beautiful People" e a faixa-título. Mas para mim sofre do "mal da época do CD" – discos que ultrapassam os 60 minutos (por muitas vezes até os 70 minutos) e que trazem diversas faixas filler, ou seja, muita encheção de linguiça pro meu gosto.
Diogo: Lembro de, lá por 2000/2001, ser meio metido a cuidar do som no intervalo entre as aulas de meu colégio, o popular recreio. Entre um Black Sabbath e outro, apareceu uma pessoa pedindo pra colocar um disco do Marilyn Manson. Botei pra rolar e tive a impressão de que não deveria ter feito aquilo, pois se o som que brotava das caixas já não era muito compreensível para mim, imagine para o restante dos alunos, na grande maioria ainda mais jovens que eu. Hoje em dia, ouço Antichrist Superstar com uma bagagem prévia muito maior e posso absorvê-lo muito melhor, inclusive apreciando a maior parte do tracklist, que conta com músicas muito boas, como "The Beautiful People", "The Reflecting God", "Dried Up, Tied and Dead to the World", "Wormboy", "Mister Superstar" e "Tourniquet", minha provável favorita. Por mais que a sonoridade pareça hermética à primeira ouvida, um pouco mais de atenção revela um equilíbrio entre caos e acessibilidade que julgo positivo. Além disso, Marilyn não é um artista que pratica o choque pelo simples prazer de chocar, não é um espantalho vazio apenas com a função de assustar. Assim como seu provável inspirador Alice Cooper.
Eudes: Quando saiu o disco de estreia de Marilyn, Alice Cooper não perdoou, e cito de memória: "Cantor maquiado, tocando hard rock e falando de violência... Original, hein?" (se não foi isso, foi coisa que o valha). O disco é bom, entretanto, e se enquadra na categoria que citei em um dos comentários acima, a saber, de bandas que sabem compor e tocar. Agradável e animado, mas qualquer consultor aqui sabe citar dezenas de discos melhores do que este. Marilyn em uma lista chamada "Melhores de Todos os Tempos" é a prova provada de que o tal do estilo superou a música nestas décadas de decadência do rock.
Fernando: Já cansei de voltar para este álbum e tentar ter uma nova impressão. Não adianta, o Sr. Manson não conseguiu me agradar.
Leonardo: É pesado, chocante e agressivo. Mas o excesso de ruídos e influências industriais torna a audição do álbum cansativa.
Mairon: Pancada na cabeça. Tenho meus contras e prós com Marilyn Mason, e nunca tinha parado para ouvir seus discos com calma. Antichrist Superstar foi o álbum que me colocou para a carreira do doidão, e é um baita disco, que marcou época. Seus três ciclos são de uma ignorância sonora absurdamente boa, dos quais eu destaco o primeiro, "The Heirophant", com o quarteto "Irresponsible Hate Anthem", "The Beautiful People", "Dried Up, Tied and Dead to the World" e "Tourniquet" sendo uma ótima trilha para agitar em uma festa mais "pesada", sendo que duvido não existir um cidadão nascido pós década de 1980 que logo nos primeiros acordes já não reconheça "The Beautiful People". Destaco também as ótimas "1996" e "The Reflection God". Não tenho pretensões de conseguir a discografia de Marilyn, até por que prefiro investir meu $ em outros artistas, mas sua presença aqui é merecida.
Ulisses: Manson é um daqueles artistas dos quais eu já tentei gostar e não consegui. Ouvindo aqui novamente, não foi desta vez.
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