Resenha
Daylight Again
Álbum de Crosby, Stills & Nash
1982
CD/LP
Quem conhece um pouco a história do trio (às vezes quarteto), Crosby, Stills & Nash, sabe que o relacionamento entre eles nunca foi dos melhores. Principalmente o saudoso David Crosby com o restante, embora tenha existido atrito de todos os lados, tanto que, sempre após um lançamento, o bicho pegava entre eles e virava discussão e até separação. "Daylight Again" é apenas o terceiro álbum de estúdio do trio em um espaço de aproximadamente treze anos, reflexo do que acabei de escrever. E olha que esse aqui quase não dava para ser contabilizado, pois foi idealizado de outra maneira. "Daylight Again" foi desenvolvido como um disco de Stephen Stills e Graham Nash, tanto que praticamente todas as composições são da dupla. Com a resistência da gravadora para lançar sem David Crosby, consequentemente sem poder explorar comercialmente a marca Crosby, Stills & Nash, ambos cederam para que o retorno pudesse ser anunciado. Assim, David Crosby chegou meio tímido, trouxe duas contribuições, e registrou vocais onde deu para registrar. Mas, há algo incomum aqui, como vocais e também contribuições de terceiros nas composições. Até Art Garfunkel participa contribuindo com vocais na faixa de encerramento, "Daylight Again/Find the Cost of Freedom". Fato é que, mesmo considerando que o álbum de estreia e Déjà Vu (como CSNY) são os clássicos indispensáveis, não dá para desconsiderar a qualidade de "Daylight Again". O disco traz um rock muito bem feito, com passagens que vão do country ao soft jazz da balada maravilhosa de David Crosby, "Delta", tudo é muito bem produzido e executado. O grande hit é a gostosa "Wasted on the Way" de Graham Nash. Stills acerta novamente com seu rock de melodias mais densas em "Turn Your Back on Love", "Since I Met You" e "Too Much Love to Hide", com as duas últimas trazendo influências claras dos Beatles. Alguém mais aí lembrou de "Get Back" em "Too Much Love to Hide"? O blues rock de Graham Nash brilha em "Into the Darkness", além da ótima referência - sem cópia - a "Our House" em "Song for Susan". A minha favorita é "Southern Cross", com seu rock suave e melodia de arrepiar. A faixa inclusive ganhou vídeo oficial, algo que, como já sabemos, tornou-se popular na década de oitenta. Chegando mais próximo do final do disco, temos a bela balada "You Are Alive", de Stills; "Might As Well Have a Good Time" que é a segunda faixa trazida por Crosby, outra balada desta vez composta por Judy Henske e Craig Doerge; e a já mencionada faixa de encerramento "Daylight Again/Find the Cost of Freedom", que traz o folk característico de início de carreira do trio. Não adianta, pode ter briga, podem passar anos e anos, o talento de David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash supera tudo. E quanto estão juntos, a mágica acontece. "Daylight Again" não é clássico, mas é excelente, muito acima da média e merece espaço em qualquer playlist que contenha música de qualidade. Nota: Quando lançado em CD, "Daylight Again" veio acompanhado de faixas bônus bem interessantes. Soam como B-sides, mas certamente agradaram os colecionadores. Faixas: Turn Your Back On Love 4:47 Wasted On The Way 2:51 Southern Cross 4:40 Into The Darkness 3:21 Delta 4:12 Since I Met You 3:10 Too Much Love To Hide 3:57 Song For Susan 3:07 You Are Alive 3:02 Might As Well Have A Good Time 4:25 Daylight Again / Find The Cost Of Freedom 2:28
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