domingo, 30 de julho de 2023

Disco Imortal: Pink Floyd – The Dark Side of the Moon (1973)

 Immortal Record: Pink Floyd – The Dark Side of the Moon (1973)

Registros da colheita, 1973

The dark side of the moon, um álbum absolutamente essencial na história do rock clássico e progressivo e onde os Pink Floyd dão um passo em frente nas questões composicionais, estéticas e intelectuais. O álbum assente num conceito muito centrado no indivíduo e na sua filosofia: temas como a empatia, a ganância e a loucura são os temas centrais por onde passeia esta grande obra, que se tornou sem dúvida uma grande experiência e um primeiro grande "novo" álbum da Pink Floyd, que soube distanciar-se da ausência física de Syd Barrett, que era o que a banda britânica procurava desesperadamente desde o início dos anos 70.

A grande abertura com 'Speak to Me', idealizada pelo baterista Nick Mason, que é uma espécie de colagem de todos os sons que estão no disco (chame-o de batimentos cardíacos, sons de caixa registradora, gritos gospel, tique-taque e toques de relógios, etc. .) é o prelúdio de algo grande que está por vir.

Chegam as suaves e belas melodias de 'Breathe', o ponto de entrada mais musical como tal, pianos com bases jazzísticas, a escola primária de Rick Wright, o grande tecladista - que é parte fundamental deste trabalho - e guitarras totalmente tranquilas que combinam muito bem com as letras, que nada mais são do que um convite para respirar e curtir os encantos de sua melodia.

Mas quase sem perceber, os sons experimentais e futuristas dos sintetizadores começam a aparecer em 'On The Run', toda uma experiência repleta de sons espaciais intensos que dão a sensação de uma viagem a milhões de anos-luz de velocidade acompanhada de percussão e onde a experimentação com pistas é sua grande façanha. Lembremos que em 1973 não havia muitos recursos, então os créditos são mais que louváveis ​​nessa estranha faixa. Escutamos a distância dessa espécie de nave psicodélica e já nos assustamos com as badaladas dos relógios que soam em uníssono e muito alto, uma espécie de despertador cruel que quer te alertar sobre alguma coisa, é a entrada de ' Time', que antes disso e algumas linhas de percussão e baixo, dão lugar à incrível entrada de David Gilmour na voz. Uma música que nos explica como o tempo é importante em nossas vidas e como não devemos deixá-lo passar. Vale dizer que as seções de guitarra são praticamente primorosas, David Gilmour brilha e é o grande protagonista da música. Como se não bastasse, as vozes femininas dão um toque bombástico à música.

O próximo trabalho é 'The Great Gig in the Sky', onde se destaca a notável performance vocal de Clarence Torry, uma canção que faz alusão à morte e ao encontro divino. Impossível não te deixar eletrizado e essa música vai te deixar de cabelo em pé.A performance ao piano de Rick Wright beira o sublime e casa muito bem com esse conceito quase celestial da música. Logo a seguir e neste caso sem intercalar com a anterior, as caixas registadoras e um curioso baixo servem-nos de travessa a bluesera 'Money', canção que se nutre de solos fantásticos, tanto na guitarra de Gilmour como no sax convidado de Dick Parry. As constantes mudanças e um clímax totalmente rock no final fazem dela um hit indiscutível tanto para o álbum quanto para a banda, um grande objetivo dos Pinkfloydianos.

A seguir, outra bela peça que traz consigo um pouco da história, os pianos já haviam sido compostos para a trilha sonora do filme Zabriskie Point em 1970, mas o diretor não gostou, por isso foi descartado. Bem, aqui muito bem colocada e condensada com todo o jazz e os padrões não convencionais do rock fazem de 'Us & Them' um momento épico e, diga-se de passagem, torna-se a música mais longa do disco, beirando os oito minutos.

Por fim, e depois de 'Any Color You Like', a instrumental que acompanha 'Us & Them', vêm as duas interpretações de Waters: primeiro: 'Brain Damage', uma música que tem raízes num dos temas do álbum impostas pelo mesmo vocalista: os limites da sanidade, aqui o fator Barrett está cem por cento latente, como resposta e alusão ao grande título do álbum: o lado negro da lua, o que todos carregamos dentro, o lunatismo, o loucura, aquela errância que centra o indivíduo de forma misteriosa e egoísta dentro de si mesmo.

Quase sem perceber vem 'Eclipse' que torna as duas canções uma só e um grande final que indica que a lua está eclipsando tudo, as batidas que ouvimos no início soam novamente para dar a volta completa neste magnífico ciclo.

Sob diferentes perspectivas há muita arte neste álbum, musicalmente, ideologicamente, o conceito é talvez o melhor momento que o Pink Floyd viveu e onde os sentimentos deixaram os britânicos fazerem esta bela viagem astral onde a lua, o céu, o sol, o as estrelas, todas ligadas ao ser humano, são as protagonistas principais.


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