domingo, 30 de julho de 2023

Disco Imortal: Queen – A Night at the Opera (1975)

Immortal Record: Queen – Uma Noite na Ópera (1975)

Registros EMI / Elektra, 1975

Este é de fato um dos clássicos mais clássicos da história do rock. Primeiro álbum dos britânicos assinado com a EMI e que, diga-se de passagem, saiu "um braço e uma perna" para a multinacional. Mas o investimento valeu a pena pois optou por sonoridades mais ecléticas com claras influências de discos como  Revolver ou  Rubber Soul dos Beatles, experimentando como nunca antes em estúdio.

Pelo nome podemos dizer que foi retirado de um filme clássico dos irmãos Marx, assim como foi sua produção seguinte: A Day At The Races (1976) , cineastas e comediantes da década de 1930 pelos quais a banda sempre expressou admiração.

O álbum abre com 'Death On Two Legs', uma composição de Mercury que também serviu como uma carta de despedida para Norman Sheffield, seu empresário anterior que o deixou muito chateado por considerar que os lucros estavam sendo muito injustos com a banda após suas primeiras produções. : «Você pegou todo o meu dinheiro…e quer mais…». Uma música que brilha sozinha graças aos solos de guitarra impecáveis ​​de Brian May.

Este álbum viu nascer a veia compositora de John Deacon, o tímido baixista que de certa forma naqueles anos sofreu pressão dos demais integrantes para fazer suas próprias criações para a banda; Bem, sua primeira contribuição criativa não poderia ter sido melhor com 'You're My Best Friend', uma música emblemática (como várias neste álbum, diga-se de passagem), uma música que fala de amizade e camaradagem em toda a sua essência.

E se é uma injeção Beatlesca no álbum, temos três músicas que mostram isso: 'Good Company', onde o falsete usado por May é praticamente idêntico ao de Paul McCartney, onde também nessa música May usou um banjo-ukulele que era um dos primeiros instrumentos tocados pelo violonista na infância; 'Lazing On A Sunday Afternoon', cantada por Mercury com técnicas de estúdio bastante minimalistas, como a transferência da voz através de um console para uma cuba de metal encerrando o som e dando-lhe a sensação de um megafone, técnica clássica utilizada pelos de Liverpool, ou ainda em 'Seaside Rendesvouz' que nasceu em parte como uma brincadeira de experimentação em estúdio entre Freddie Mercury e Roger Taylor imitando sons de trompete com a boca e sapateado.

É curioso que o Queen tenha tirado dos Beatles o papel mais de McCartney do que de Lennon como o comum das bandas que declaram influências do som dos Beatles. Roger Taylor marcou com a voz e composição a grande 'I'm In Love With My Car', uma canção muito «'rock clássica», 'que fala simplesmente da paixão de um homem pelos carros, um hino com todas as suas letras.

Freddie Mercury foi um romântico e apaixonado a vida toda e em 'Love Of My Life' ele claramente deixa fluir toda essa paixão, uma das mais belas peças compostas pelo vocalista. Ironicamente dedicada a Mary Austin, digamos que é uma canção de amor mas não no sentido do amor de casal, dada a condição sexual do cantor que todos conhecemos, uma canção de amor de profunda amizade que sempre sentiu por Mary. Outro hino.

Não podemos deixar nenhum de fora, este álbum é uma joia: o country and sci-fi '39' que fala sobre uma viagem espacial onde seu protagonista passa por um "buraco negro" que o traz de volta cem anos depois acreditando que ele era apenas um; 'Sweet Lady', onde May mais uma vez nos deslumbra com aquele festival de solos e Roger Taylor tocando bateria a todo vapor; 'The Prophet Song' oito minutos e uma fração de duração, a música não instrumental mais longa do quarteto, muito progressiva.

Para fechar a música do Queen incluída neste álbum: 'Bohemian Rhapsody', uma obra de arte dissecada em 6 peças, uma introdução a cappella, uma balada, um solo de guitarra, um segmento operístico, uma seção de rock e uma coda que resume o andamento e tom da balada introdutória.

Muito já se falou sobre isso e o solo de guitarra é considerado um dos melhores da história, suas letras já foram interpretadas de milhares de maneiras, mas no final é um disco bem introspectivo de Freddie Mercury, que foi levado a cabo a tumba, já que nem mesmo seus membros podiam saber do que realmente se tratava ou o que tentava expressar: »É esta a vida real? Isso é apenas fantasia? Pego em um deslizamento de terra, não há como escapar da realidade» (« Isso é vida real? É apenas fantasia? Pego em um deslizamento de terra, não há como escapar da realidade»). Para um bom entendimento, poucas palavras e como muitos rocks com letras incoerentes, fica a autoestima, que é o importante.

Um álbum bombástico, teatral e operístico. O Queen definiu tendências até hoje com este álbum. Ele experimentou, atrasou, a banda trabalhou de mãos dadas com os produtores, usou o estúdio como quinto instrumento e o resultado foi ótimo. Comercialmente, foi também o álbum que os catapultou para a fama e o sucesso, que os transformou naquela grande banda de estádio. Foi o registro em que a rainha experimentou sua coroa e impôs sua monarquia daqui para a eternidade.


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