Phoebe Bridgers lançou Punisher, o seu segundo álbum a solo, com uma sonoridade mais madura, mais crescida, mais bonita.
Ah, “emo”, essa categoria musical tão gozada no mundo dos géneros musicais. Longe das origens do punk hardcore, o “emo” transformou-se, mas na sua essência continua a ser um estilo que captura perfeitamente a necessidade de exprimir o lado mais sentimental dos rockers, sem ser lamechas.
Não querendo reduzir o estilo musical de Phoebe Bridgers, que em 2017 lançou o encantador Stranger in the Alps, parece-nos que faz parte desta nova geração de músicos que consegue elevar a reputação do emo a um género musical que ninguém tem vergonha de dizer que gosta. Bridgers, recentemente disse em entrevista ao NPR que assumia perfeitamente as suas inspirações, sendo uma que se destaca muito bem ao longo do álbum: Elliott Smith.
De voz doce e melancólica (segundo a própria, propositadamente diferente da entoação que tem quando não está a cantar), Bridgers transparece uma melancolia, com rasgos de uma assertividade (“I’ve been running around in circles /Pretending to be myself /Why would somebody do this on purpose /When?they?could do something?else?” – “Chinese Satellite”), ao mesmo tempo que mostra uma incredulidade e um sentido de humor especialmente afiado (“The doctor put her hands on my liver, she said my resentment is getting smaller” – “Garden Song”).
“Kyoto” o segundo single do álbum, pode inicialmente confundir com a sua melodia jovial e leve, até chegarmos aos 45 segundos e Bridgers, com uma intensidade na voz que é parcamente usada no álbum, grita “I want to kill you”. Apropriado quando percebemos que parte da música é sobre a relação complicada que tem com o seu pai.
A destacar no álbum há também as colaborações com Conor Oberst (Bright Eyes e parceiro no projeto Better Oblivion Community Center), Julien Baker, Lucy Dacus (do excelente projeto das três, boygenius), entre outros.
O álbum flui que nem cerejas no Verão: músicas com a duração certa, doces e, ao mesmo tempo, duras, obrigando-nos a ter cuidado com os caroços (“Guess I lied / I’m a liar / Who lies / ‘Cause I’m a liar” – Kyoto).
Músicas a destacar: Punisher, Graceland Too, Kyoto, Chinese Satellite.
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