quinta-feira, 13 de julho de 2023

Resenha Animals Álbum de Pink Floyd 1977

 

Resenha

Animals

Álbum de Pink Floyd

1977

CD/LP

George Orwell criou uma das obras mais clássicas da literatura do século XX, "A Revolução dos Bichos" em 1945. A obra tinha uma mensagem de criticar a URSS e sua ideologia, o socialismo. Depois do lançamento de mais uma obra prima "Wish You Were Here" (1975) o contrato com a EMI acabou se expirando e a banda, em conjunto, comprou um edifício de três andares para fazer o seu próprio estúdio, mas depois reafirmaram o contrato com a mesma gravadora. Um ano depois, a situação da Inglaterra, em termos sociais e econômicos era grotesco. A violência policial era brutal, assim como o racismo, a indústria dominava o emprego, mas a inflação e o desemprego estavam que nem o Vasco da Gama no Brasileirão de 2020, caindo, mas tudo iria mudar com o movimento punk, que queria acabar com o Estado inglês através de músicas rápidas, curtas e críticas a Inglaterra. Na minha visão, era um movimento anárquico que queria acabar com o Estado de uma forma que não seria na base da violência. Sabendo de todo esse contexto, entendemos o que "Animals" queria trazer ao público, irei falar sobre as faixas de uma forma levemente condensada.

O disco abre com uma pequena faixa tocada por violões e pela voz grave e característica de Roger Waters intitulada de "Pigs on the Wing Part One". É uma música rápida, mas cativante pela sua simplicidade.
Em seguida temos uma música de simplesmente 17 minutos chamada de "Dogs" que fala sobre os polícias e a lei na Inglaterra, fazendo uma referência direta a parte que define os cães de "A Revolução dos Bichos". A faixa se inicia com violões, mas sem voz, por enquanto, de Roger Waters. Temos a adição de teclados e sintetizadores e o climas "pink floydianos" tocados pelo mestre Richard Wright. Logo depois, entra a bateria de Nick Manson. Depois entra a guitarra épica de David Gilmour. Depois entra o lendário solo de guitarra, que é emociante , impactante e lendário de guitarra. A música é totalmente contrária ao que o movimento punk pregava. O progressivo nessa época vivia uma fase de escuridão, pois, o movimento punk era o que as rádios preferiam passar, mesmo que nos shows, serem piores que em estúdio. Pink Floyd era uma das bandas mais odiadas pelos punks foi faziam muitas músicas longas, que na opinião dos mesmos, não fazia sentido. Uma lendária faixa. "Pigs (Three Different Ones)" é uma analogia sobre políticos e eles sendo porcos, criticando tanto a esquerda, centro e a direita inglesa. É uma faixa mais arrastada, com poucas mudanças ao longo de sua duração de pouco mais de 11 minutos. A guitarra tem a clássica assinatura de David Gilmour e sua partitura com um riff simplesmente antológico. A bateria se arrisca mais com o uso de percussão que Nick Manson não usaria normalmente no Pink Floyd. O baixo é groovado. O teclado é normal para os padrões do Pink Floyd, mas com menos aparição. Uma faixa clássica. Nem tem muito a dizer.

"Sheep" começa com um órgão com pegada de jazz bem suave, mas se acontecesse alguma tensão na faixa. Logo depois entra um baixo e uma bateria com a pegada de jazz ainda presente. Logo depois o andamento muda e a faixa vira um hard rock pulsante. A guitarra é rasgada, mas sem muitos efeitos de distorção. O ritmo da faixa me lembra muito o "The Revenge of Vera Gemini" da banda estadunidense Blue Öyster Cult. A faixa está presente no quarto álbum de estúdio "Agents Of Fortune" (1976), no qual, já fiz uma resenha. O andamento da faixa muda e o progressivo retorna de uma forma muito psicodélica, especialmente o órgão e sintetizador remetem essa mistura de subgêneros. Os climas voltam depois de um novo andamento. Nesse andamento, o baixo é bem groovado e técnico, utilizando até reverberação. O andamento volta para a faixa do BÖC, mas com uma diferença, o órgão é mais presente. A guitarra tem o seu momento de brilhar com um solo simplesmente épico, mas que se parece muito com um riff que xairi muito bem em alguma faixa do BÖC. Uma faixa antológica "Pigs on the Wing Part Two" encerra o álbum assim como se iniciou, com violões e a voz de Roger Waters.

"Animals" crítica em sua ideia principal, criticar o capitalismo, diferentemente da obra original que o inspirou, que crítica o socialismo. O álbum emprega, assim como Roger Waters, ideias social-democratas. A obra ainda nos dias atuais, faz ainda sentido para o mundo no qual vivemos. "Animals" mostra também a capacidade técnicas dos membros da banda. A guitarra rasgada de David Gilmour tem em minha opinião, a melhor performance na carreira. A bateria de Nick Manson não compromete, mas em alguns momentos, tenta se ousar. O baixo de Roger Waters tem uma das melhores performances, ficando somente atrás do trabalho seguinte, em "The Wall" (1979). O teclado tocado por Richard Wright é simplesmente marcante e dá aulas gratuitas como se faz climas como ninguém. O álbum é justamente o contrário o que a época pedia. Músicas longas e complicadas, se saindo bem contra o movimento punk. Um clássico do rock inglês e que prega uma mensagem que ainda, para muitos, é atual, mesmo se passando 46 anos de seu lançamento.


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