terça-feira, 29 de agosto de 2023

The Beatles – Please Please Me (1963)


O primeiro disco dos Beatles é um bom primeiro esforço por um grupo de miúdos com vontade de vingar e deixa um esboço das qualidades que viriam a tornar os Beatles a banda mais influente do mundo.

Quando a 20 de Julho de 1957 o jovem imberbe Paul McCartney foi convidado para se juntar aos The Quarrymen de John Lennon nunca imaginou que seria um dos timoneiros da banda mais influente do século XX. Tinha 15 anos e entrou como guitarrista, transitando mais tarde para o baixo. Para a guitarra solo tinha entrado um miúdo chamado George Harrison. Mais tarde seria a vez de um outro rapaz, de sua alcunha Ringo Starr, se sentar no banco da bateria, substituindo Pete Best. Estava estabelecida a formação original dos Beatles e eles estavam sedentos de gravar.

O primeiro disco da banda Please Please Me não é exactamente uma pedrada no charco. São sete canções escritas por Paul McCartney e John Lennon e sete versões de rhythm and blues e canções soul e como todos os discos de versões, pouca coisa trazem de novo. E mesmo as canções escritas pelo duo não eram inovadoras em forma ou letra.

O primeiro riff do disco, o que introduz “I Saw Her Standing There”, é um lick de blues simples e bem executado. E apesar de as palavras “Well, she was just seventeen/ You know what I mean” poderem ter feito muitas senhoras de bem ficarem escandalizadas, não era nada que Elvis não tivesse cantado (e praticado) anos antes. E, fazendo um exercício à luz do presente, um refrão que diga: “Well, my heart went boom/ When I crossed that room” é um refrão absolutamente piroso que poderia figurar em qualquer canção de “kuduro” manhosa escrita por um tipo todo bombadão. Mas na altura era pop da boa. Era libertador e jovial. Era tudo o que os miúdos queriam. E o mesmo acontece com “Misery”, uma bela melodia cantada a duas vozes.

Mas o grande problema é que o disco não divergia muito do que estava a ser feito no Reino Unido até ao momento. “Anna (Go to Him)”, com o som chiante que a perpassa, é um tema muito mixuruca e, por exemplo, “A Taste of Honey” e “Do You Want to Know a Secret” são esquecíveis.

O que salva a honra deste disco são as grandes canções juvenis escritas pela dupla e duas versões em particular.  “Please Please Me”, “Love Me Do”, ou “P.S. I Love You” (uma canção que podia fazer pensar que Paul McCartney era negro, graças à forma como entoa os seus “uuhhs”) são óptimas canções pop e que ainda hoje merecem destaque.

Já as duas versões que importam destacar são “Baby, It’s You” e “Twist and Shout”. A primeira é um clássico de Burt Bacharach e à qual os Beatles imprimiram alguns dos mais felizes “Shalalalalas” da história da música que nos fazem querer dizer à pessoa com quem gostamos de ouvir os primeiros discos dos Beatles (or românticos e da fase lua de mel): “Obrigado por teres nascido durante a minha vida”.

Já “Twist and Shout” é o exemplo perfeito do que é apelativo nos Beatles e que será mais tarde na carreira a solo de Lennon. É a produção cuidada e a harmonia perfeita entre os membros do grupo. Temos num canal o baixo, a bateria ritmo e a guitarra naquela escala ascendente. No outro o coro a três vozes e no terceiro canal a voz de Lennon a esganiçar-se atrás de um microfone até que explode num “Whooo” que será roubadíssimo por Mick Jagger. Ao contrário das restantes 13 canções, “Twist and Shout” é, para além de fresca, suja. É o que nos faz voltar ontem, hoje e sempre a este disco.


 

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