sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Review: Lucifer – Lucifer III (2020)



O Lucifer chega ao seu terceiro disco equilibrando os dois lados de sua personalidade. Enquanto o primeiro álbum, lançado em 2015, apresentou uma sonoridade doom embebida em doses nadas discretas de psicodelia, o segundo, que saiu em 2018, contou com o toque pessoal de Nicke Andersson na construção de um hard rock que manteve a grande influência dos anos 1970, porém com doses enormes de melodia e acessibilidade.

Lucifer III, lançado na Europa dia 20 de março e logo em seguida aqui no Brasil pela Hellion Records, dosa melhor esses dois aspectos. As nove canções vão de sons pesados a calmos, sempre com detalhes bem pensados e uma forte dose de feeling. As letras seguem abordando temas sombrios e, unidas ao som que parte do doom para chegar em caminhos próprios, fazem com que a banda possa ser enquadrada na cena do occult rock, agradando apreciadores de nomes conhecidos como Ghost e cultuados como o Blood Ceremony. Além disso, as guitarras vão da sempre bem-vinda inspiração em Tony Iommi e no Black Sabbath até outras referências clássicas, em um trabalho de destaque feito pela dupla Martin Nordin e Linus Björklund - o baixo ficou a cargo de Harald Göthblad.

A vocalista Johanna Sadonis sempre foi o grande destaque do Lucifer, e segue com o protagonismo nesse terceiro capítulo. Sua voz é grave e extremamente afinada, e ela sabe interpretar e imprimir nuances variadas às composições, indo da malícia a agressividade, da sensualidade a energia. Nicke, que é também seu marido, aqui ficou apenas com a bateria (no álbum anterior ele havia também gravado as guitarras em estúdio) e o seu dom sobrenatural para as composições, já testado e aprovado no The Hellacopters e no Imperial State Electric. A produção traz uma sonoridade suja e densa, com riffs espessos e uma mixagem que manteve a vivacidade da banda.

Os destaque vão para a abertura com “Ghosts”, a cadenciada e cheia de feeling “Midnight Demons”, a cativante “Lucifer”, “Pacific Blues” (com o melhor vocal de Johanna em todo o disco), a estradeira “Flanked by Snakes” e a linda balada “Cemetery Eyes”, que fecha o disco. E quando um álbum com nove canções tem seis delas apontadas como destaques, está na cara que trata-se de um disco que merece a audição.

Vale mencionar também a lida capa, que traz uma ilustração do artista inglês Graham Humphreys, famoso por criar cartazes para filmes icônicos de terror como The Evil Dead e série A Hora do Pesadelo.

A primeira prensagem da Hellion Records é limitada a 300 cópias e vem com um slipcase e um pôster exclusivo, mostrando o quando a gravadora paulista acredita no potencial do Lucifer. E, sinceramente, basta ter contato com a música dos suecos para entender o porque.

Grande álbum, grande banda: ouça e compre já!








Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Classificando todos os álbuns de estúdio de James Taylor

  Em 1968, James Taylor lançou seu álbum de estreia autointitulado. Ninguém percebeu. Um ano depois, ele lançou seu sucessor, Sweet Baby Jam...