O mais recente EP de Monday já está disponível nos sítios do costume. Depois de três singles de avanço que foram saindo a conta gotas, Room For All pode agora ser ouvido na sua totalidade.
Para os mais distraídos, aqui fica a informação: Monday é o projeto de Catarina, uma das três irmãs Falcão (Golden Slumbers, Vaarwell e Junno são os outros nomes artísticos por onde se espraiam as meninas Cat, Margarida e Marta), que chega até nós com um muito recente ep. É composto por seis temas, e ouvi-los ocupam apenas cerca de dezoito minutos das nossas vidas. Nós já multiplicámos longas vezes esse tempo, sempre com prazer, pelo que este texto deverá dar conta dessas audições várias e do que retirámos delas. Coisas boas, portanto.
O primeiro destaque vai para a voz quente de Cat Falcão. É inegável que sabe bem ouvir o que canta. É cool, suave e não padece, felizmente, da moderna vontade de mostrar que consegue atingir everestes sonoros de meio em meio minuto. Antes pelo contrário, o seu canto é bonito por ser contido, por ser reservado e pela segurança que empresta às suas canções. Depois, os arranjos ajudam e a produção de Miguel Nicolau (Memória de Peixe) também. Tudo sóbrio e sem facilitismos. Talvez por isso o disco vá crescendo um pouco a cada audição. Finalmente, as palavras cantadas dizem, efetivamente, qualquer coisa, o que é igualmente um aspeto positivo e a ter em conta. Tudo em inglês, como sempre foi.
Room For All abre com a bonita e delicada “I’m Sleepy”. Tem, como acontece com quase todas as canções do ep, um tom etéreo, onírico, lembrando Lana del Rey a espaços e parece perfeita para o que depois se segue. “Out-In” é pontuada por sóbrias linhas de guitarra, e foi um dos singles de avanço, assim como “Little Fish”, a terceira fatia do bolo sonoro. São temas que vão rodando em algumas das nossas rádios, o que dá conta da projeção da artista que se estreou como Monday em 2018, com o disco One, que não passou à margem do radar Altamont. Entre esse momento inicial e o que agora se dá a ouvir, nota-se maturidade, sobretudo. Mais sobriedade, mesmo sabendo que Cat Falcão nunca largou da mão esse substantivo.
“Convictions” é um tema forte, talvez o mais orelhudo da meia dúzia que se alinham em Room For All. Contrasta com o quinto, tema que dá título ao ep e que, de entre todos, é o que mais se aproxima das raízes folk que marcam o percurso de Cat Falcão, tanto como Monday, como quando se apresentou pela primeira vez como Golden Slumbers, com a irmã Margarida. Depois, o curtíssimo “Whenidie” (assim mesmo, com as letras todas juntinhas) chega para fechar Room For All. E assim, a coisa mais sensata a fazer depois é utilizar o repeat para voltarmos a viver mais alguns minutos de suave harmonia, doce fragilidade e nobre elegância.
Nota final para a capa de Room For All. O trabalho de Mané, que já tinha feito todo o grafismo de One, é mesmo muito bem conseguido, dos mais bonitos que temos visto ultimamente, e por isso merece o nosso destaque. Um disco é também, como bem sabemos, um objeto com impacto visual, e este Room For All mostra isso à perfeição.
Cresce a vontade de ouvir um álbum inteiro de Monday. Que assim venha a acontecer, e sem grandes demoras.
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