sábado, 11 de novembro de 2023

CRONICA - HAMILTON STREETCAR | Hamilton Streetcar (1969)

Hamilton Streetcar ficou conhecido ao publicar dois singles entre 1967 e 1968 pelo selo LHI Records, incluindo as joias psicológicas de garagem, “Invisible People” e “Confusion”. Rapidamente o quinteto de Los Angeles, então formado pelo vocalista Ralph Plummer, o guitarrista Tom Fannon, o baterista Barry McGuire, o baixista Bart Conway e o tecladista John Burge (também conhecido como Ian Hamilton), dividiu os palcos do San Francisco Sound com Jefferson Airplane, Iron Butterfly e outro despertador de morango.

Seduzido, o produtor Richard Delvy ofereceu contratar os cinco músicos para o selo Dot Records para publicar um álbum em 1969. Uma bênção para Hamilton Street, que viu nisso uma oportunidade de se tornar uma das atrações da cena californiana. Infelizmente, as coisas não vão funcionar assim. Na verdade, Richard Delvy não está francamente interessado nas composições do quinteto que considera medíocres. Na verdade este último pretende produzir um álbum conceptual com músicas compostas por amigos seus (John Boylan e Buzz Clifford que faz algumas intervenções na guitarra mas também o casal Gerry Goffin/Carole King), misturadas com covers de Tim Buckley (“ Pleasant Street”) e Lee Michael (“Streetcar”). Assim, o Hamilton Streetcar se transforma em uma banda de apoio. Decepcionados, os integrantes do grupo deixam o navio à medida que as sessões avançam. Eles foram friamente substituídos por músicos de estúdio, com exceção de Ralph Plummer e John Burge. Inevitavelmente, este clima deletério terminará com a separação definitiva de Hamilton Streetcar logo após o lançamento deste LP homônimo.

Se tudo isto é muito prejudicial, este LP acaba por ser uma verdadeira jóia do rock psicodélico americano longe do estilo de garagem selvagem de “Invisible People”. Composto por 13 faixas, o tom é rapidamente dado com a instrumental “Overture” num estilo pomposo e cuidadoso com muito reforço orquestral que lembra o Moody Blues. Jogando com emoções e estética, rapidamente percebemos que este disco será permeado por uma atmosfera dramática, desencantada e nostálgica apesar de músicas ensolaradas ou rítmicas como “Brother Speed”, “Where Do I Go” e “Honey And Wine” onde o teclado , como sempre, flerta com o prog…

O LP é dominado pela voz profunda e imponente de Ralph Plummer que também assina a comovente e dolorosa “Silver Wings”. Sua voz às vezes chega perto da de Jim Morrison (“Now I Taste The Tears”). Harmonizações vocais irreais chegam em lugares que vão te fazer chorar (“I See I Am”). As intervenções no teclado são cósmicas (a outonal e desesperada “Wouldn't It Be Nice”) enquanto a guitarra traz discretos toques de acid rock fuzz (a vertiginosa “Welcome Into Your World”). O vinil termina com a rítmica e outonal “Wasn't It You”. Para ouvir sem moderação.

Títulos:
1. Overture
2. Streetcar
3. Brother Speed
4. I See I Am
5. Where Do I Go
6. Now I Taste The Tears
7. Welcome Into Your World
8. Entre Acte
9. Wouldn’t It Be Nice (To Have Wings And Fly)
10. Silver Wings
11. Honey And Wine
12. Pleasant Street
13. Wasn’t It You

Músicos:
Ralph Plummer: Vocais
Ian Hamilton (John Burge): Teclados
Tom Fannon: Guitarra, Vocais
Jay Alan: Baixo
Greg Hart: Bateria
+
Buzz Clifford: Guitarra
John Boylan: Vocais

Produção: Richard Delvy



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