Há quase 10 anos atrás, em 2008, eu ouvi falar sobre um grupo chamado Pedra. Não me lembro bem como, mas acabei chegando ao site da banda que trazia os dois discos de estúdio deles até aquele momento para download gratuíto. Foi ‘amor à primeira ouvida’! Acredito que tenha chego até a banda por que em sua formação estavam Rodrigo Hid (vocais, guitarra e teclados) e Luiz Domingues (baixo), que também estavam presentes em minha fase favorita da Patrulha Do Espaço (2000/2007).
Assim que terminei de ouvir os dois discos fui ao site dos caras de novo e comprei os dois CDs pela bagatela de 30 reais com Correio incluso, autografados e o segundo disco dos caras vinha em format de.. gibi! Fantástico!
Ouvi os dois CDs por uns 2 anos direto e ainda volto à eles de tempos em tempos, especialmente o segundo disco: II. Então, quando a banda anunciou, em 2010, que estava gravando o terceiro disco, eu fiquei super animado.
Na época a banda fez um bom marketing em cima das novas gravações e ao invés de soltar um single e deixar a galera esperando pelo disco, eles lançaram single atrás de single, a cada 3 meses uma nova música saia no canal do Youtube da banda, incluindo a fantástica versão para “Cuide-se Bem” do disco de estreia da carreira solo de Guilherme Arantes e seu vídeo soberbo.
No entanto, depois de cinco músicas, tudo parou, a banda entrou em pausa, 2011 foi mudo, as informações sobre o porque foram meio tortas e até hoje não houve uma explicação contundente. Apenas que houve diferenças dentro da banda. Naquele momento o grupo anunciou que não sabiam ao certo, mas acreditavam que o Pedra havia chegado ao fim. Porém em 2012 a banda anunciava que estava de volta aos palcos e que o terceiro disco do grupo seria finalizado… O tempo passou, novos singles foram lançados, mas e o disco? Nada… e mais silêncio…
Em Julho de 2015 o terceiro disco foi lançado, apenas virtualmente, sem NENHUM alarde e sem nenhum aviso prévio, sem nenhum pre-release, sem imprensa, NADA. A notícia do novo disco, chamado Fuzuê!, trouxe junto o fato de que a banda havia acabado, pelo menos na formação original (Rodrigo Hid, Luiz Domingues, Xando Zupo e Ivan Scartezini), Rodrigo e Luiz haviam saído e a outra dupla Xando (vocais, guitarra) e Ivan (bateria) não sabiam se reformariam a banda ou formariam um novo grupo. Em Janeiro de 2016 eles anunciavam o fim da banda…
O Pedra tocava regularmente em São Paulo, mas não conseguiu sair do estado, talvez esse tenha sido o problema. Talvez o fato de que a banda tinha qualidade e pouquíssimas pessoas a conheciam/conhecem. Talvez tenha sido o cansaço, anos trabalhando em prol de um trabalho bem feito e do reconhecimento, que não veio. Não sabemos, o fato é que o Pedra tinha qualidade para tocar em qualquer Rádio Rock do país e isso não aconteceu.
E o fato de que a banda nunca tenha alcançado grande público não me sai da cabeça. Também o fato de que o terceiro disco da banda, Fuzuê!, não obteve reconhecimento nenhum e, na verdade, ninguém nem sabe que ele existe (não que a banda tenha ajudado muito com a divulgação do disco). A única matéria que encontrei sobre o disco foi no Combate Rock e só porque estava pesquisando pra essa matéria pra Consultoria.
Como o fato me deixou contrariado resolvi botar a boca no mundo e mostrar um pouco do trabalho da banda nesses 3 discos lançados, incluindo o mais recente. Uma bela herança paulistana.
Pedra [2006]
O disco de estreia da banda saiu em 2006 ainda sem baterista fixo. O trio Xando Zupo (vocais, guitarras), Rodrigo Hid (vocais, teclados, guitarras) e Luiz Domingues (baixo) contaram com a presença do batera convidado Alex Soares. O disco acha uma banda ainda tentando se encontrar. Apesar de o debut da banda passar longe dos ‘mares da ruindade’ que geralmente primeiro discos trazem, ele sofre um pouco pela falta de unidade. Mas o baixo altamente fantástico de Luiz Domingues (ex-A Chave Do Sol e Patrulha Do Espaço) já está lá, assim como as letras políticas e ácidas de Zupo e os vocais de primeira de Hid. Sem contar que o disco trás clássicos absolutos do Rock underground paulista como “Sou Mais Feliz” e “O Dito Popular“. Também são destaques “Madalena Do Rock ‘N’ Roll” com suas ‘paulistanidades’ e “Misturo Tudo E Aplico“.
Pedra II [2008]
O segundo disco do Pedra encontra a banda inundada em alta qualidade. Já com o baterista Ivan Scartezini como membro fixo. Música a parte, é imensamente satisfatório ver uma banda independente que dá mais valor ao material que põe na rua do 90% de grupos estabelecidos e com grana. O ‘pacote’ de Pedra II (2008) é nada mais nada menos do que um gibi… sim meus amigos, um gibi. Arte assinada pelo talentoso Diogo Oliveira. Uma raridade que saiu em edição limitada de 500 cópias, há muito esgotadas. Qualidade máxima é o que você encontra no segundo disco da banda, desde a faixa de abertura, a cover de Sergio Sampaio, “Filme De Terror“, passando pela paulada setentista “Rock ‘n’ Não“, pela balada rocker “Longe Do Chão” e pela Zepeliniana “Projeções“. Mas minha favorita é “Saiu De Férias” e seu teor religioso/crítico. O meu disco favorito da curta carreira do grupo!
Fuzuê! [2015]
O terceiro disco do grupo, depois de tanta confusão, era ansiosamente aguardado por mim. Mas é fato que depois de tanto tempo sem novas notícias sobre o grupo, acabei por esquecer dele, e da banda toda, na verdade. Fiquei sabendo do disco tarde, bem depois do final da banda, e é triste ver que um disco cheio de grandes canções ficou esquecido no tempo depois de mais de um ano de seu lançamento ‘oficial’. Depois de uma curiosa intro a banda ataca com seu som de primeira em “Furos Nos Sapatos” e segue com a minha faixa favorita da banda “Queimada Das Larvas Nos Campos Sem Fim“. Gosto da pegada castelhana em “Mira” e da linha de baixo simplesmente matadora de “Pra Não Voltar“, gosto das letras de Xando e o single digital que ele lançou esse ano mostra isso. Fecha o disco a fantástica versão da já mencionada “Cuide-se Bem“, de Guilherme Arantes. Chave de ouro para o final da carreira da banda.
Conclusão?
O Pedra tem muito material em vídeo no Youtube e vale muito a pena ouvir, já que a banda tinha excelente instrumentistas e o mais importante, grandes canções. O grupo nos ilustra uma história bem corriqueira no Brasil: bandas que são excelentes e que tem material de qualidade, porém não conseguem sair dos pequenos bares de São Paulo (que a cada dia mais só querem bandas covers). Nessa triste história, eu espero ter apresentado o som da banda pra mais gente e que essas pessoas mostrem pra outras pessoas e assim por diante.
O som da banda está disponível no Youtube e Soundcloud, mas os discos não estão mais disponível para compra, e também não estão no Spotify, o que não ajuda em nada na divulgação da banda. Por esse motivo, se houverem interessados, deixem comentários e eu ficarei feliz em dividir os discos com o pessoal. Pelo menos até que a banda coloque os discos no Bandcamp, iTunes ou outros.
Aqui Jazz outro Rock!
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