domingo, 5 de novembro de 2023

FADOS do FADO...letras de fados...

 



A hora é de saudade

Mário Martins / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Francisco Pessoa

A hora é de saudade, meu amor
Nas longas noites calmas de luar
A hora é do silencio que se impõe
De tudo o que entristece recordar;
A hora é do silencio, meu amor
De tudo o que entristece recordar

O tempo em que em viagem, prometemos
Chegar onde ninguém tinha chegado
Mas logo no inicio, nessa estrada
Ficou tudo o que foi imaginado

Parados estão meus olhos, nesta hora
Perdidos p’lo caminho e tão cansados
A recordar o mundo que perdemos
Por caminhar a par, desencontrados

E nada do que fizemos, foi pecado
Nada do que dissemos, foi verdade
Não é bem desta vida, meu amor
Que qualquer um de nós, terá saudade


A ilha

Tiago Torres da Silva / Miguel Ramos *fado Alberto*
Repertório de Teresa Tarouca 
Esta foi a primeira letra do autor a ser cantada. 
Mais tarde, Tereza Tarouca incluiu-a na revista 
*Preço Único* Teatro ABC, Lisboa, 1997

Eu vim aqui morrer e não sabia
Mas foi isso, para isso que aqui vim
Ah, e se eu pudesse, morreria
Que eu vim aqui morrer e não morri

Este mar, este mar onde me afundo
É o mar onde à morte eu tinha sido
O que ela tem por trás, o céu, o mundo
Vim morrer e talvez tenha morrido
                   
Ai não, eu não morri, não fui capaz
Mas este foi o sítio que escolhi
Para morrer… para morrer em paz
Voltei cá uma vez e não morri

Ficaria feliz meu corpo morto
Porque aqui tudo é o que antes era
Porque atrás do mar, dum qualquer porto
Existe alguém sentado à minha espera

Ah amor… não me esperes nesse cais
Que eu não sei quem tu és, mas sei de ti
E eu queria ficar, não posso mais
Que eu vim aqui morrer e não morri

A ilha do meu fado

João Mendonça / José Medeiros
Repertório de Carla Pires

Esta ilha que há em mim
E que em ilha me transforma
Perdida num mar sem fim
Perdida dentro de mim
Tem da minha ilha a forma

Esta ilha incandescante / Derramada no meu peito
Faz de mim um ser diferente
Tenho do mar a semente / Da saudade tenho o peito

Trago no corpo a moraça / Das brumas e nevoeiros
Há uma nuvem que ameaça
Defazer-se em aguaceiros / Nestes meus olhos de garça

Neste beco sem saída / Onde o meu coração mora
Oiço sons de despedida
Vejo sinais de partida / Mas teimo em não ir embora





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