terça-feira, 14 de novembro de 2023

The Smashing Pumpkings – Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995)


 

O terceiro álbum dos Smashing Pumpking representa o seu auge de capacidade musical e foi o disco certo no momento certo.

“Time, is never time at all, you can never ever leave, without leaving a piece of youth” – são estas as primeiras palavras saídas da boca de Billy Corgan neste ambicioso duplo álbum Mellon Collie and the Infinte Sadness, em “Tonight, Tonight”. Há que lhe dar razão, uma parte da minha/nossa juventude ficou em 1995, o ano que no qual este álbum foi lançado, e ao qual regresso/regressamos instantaneamente mal arranca o piano de “Mellon Collie and the Infinite Sadness” (música). Mas não quero fazer deste texto um exercício de nostalgia, antes um olhar sobre um momento num tempo que, como qualquer outro, não se voltará a repetir.

Debrucemo-nos então um pouco sobre esse ano – 1995 foi claramente un ano de transição no espectro da música rock: Cobain tinha dado vida ao rock alternativo mas desistiu da sua própria; os Pearl Jam procuravam fugir da fama; os Metallica tiraram licença sabática do heavy metal progredindo por terrenos pantanosos; os U2 já não passavam de uma anedota; os R.E.M. perdiam-se em quezílias internas; os Pavement mostraram com Wowee Zowee que simplesmente não queriam dar o salto; a britpop ainda não tinha conquistado o mainstream. Os únicos que estavam mesmo no pico da sua forma eram os Smashing Pumpkins, e Billy Corgan fez questão de mostrar isso mesmo e arrasar com a concorrência, qual Senna a querer dar uma volta de avanço ao Prost no GP do Mónaco em 1988. A ambição traduziu-se num duplo álbum, 28 músicas de um largo espectro de sonoridade – da balada de “Stumbleine” à abrasiva “Tales of a Scorched Earth”; de música liderada por piano “Mellon Collie and the Infinite Sadness” a “Jellybelly” onde a bateria é a força motora; de música sobre Jesus “Thirty Three” a “X.Y.U.” onde Corgan parece ter o diabo no corpo; de uma “1979” tão simples e bonita a uma corpulenta “An Ode to No One”.

Cada disco foi baptizado – “Dawn to Dusk” representa o dia, “Twilight to Starlight”, a noite, mas esta separação é falível e nem sempre certeira, já que em ambos há momentos de acalmia e momentos de explosão. O álbum em si não é assumidamente conceptual, mas Corgan sempre disse que queria que fosse o The Wall para a geração X. Muitos o acusaram de pretensioso, e há que assumir que a persona Corgan nunca foi consensual, sempre metido em guerrinhas infrutíferas com este ou aquele, mas há que separar o homem da obra e este é um dos casos em que a obra merece ser julgada por si. Pretensioso ou não, o disco é um excelente espelho do seu tempo, colocando em cima da mesa a angústia juvenil, as dificuldades de integração, a solidão de um ninguém me entende, mas sempre com esperança, acabando por ser uma ode à vida, uma ode ao viver com o coração, afinal, “Destroy the mind / Destroy the body / But you cannot destroy the heart”.

Mas os tempos mudam e a mensagem desses tempos claramente difere da de hoje. Apesar de alguns dos problemas se manterem, a forma de se falar dos mesmos é radicalmente diferente e portanto percebe-se que os Smashing não consigam chegar aos adolescentes de hoje como chegaram em 1995. Poucos de entre os millenials os terão ouvido, e os que os ouviram não se terão apercebido das ideias de Corgan. Para além do problema óbvio, do rock ser muito pouco apelativo nos dias que correm.

Siamese Dream é o meu álbum favorito dos Smashing, mas há que conceder que foi com Mellon Collie que a banda atingiu o seu auge em termos de coesão e impacto. Fazer um álbum duplo equilibrado sempre foi uma tarefa hérculea, porque precisa de conseguir manter o ouvinte atento ao que vem lá, de o manter entusiasmado mesmo nos momentos mais introspectivos e penso que é aqui que reside a grande essência deste álbum – tem malhas épicas que vão para sempre ser consideradas essenciais, e tem outras que não passaram na rádio e só conhece quem escutou o disco vezes a fio. Esses foram recompensados e guardarão sempre um cantinho especial para Mellon Collie.



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