Da Suécia, um dos grandes. Mas não pelo que ele é mais conhecido. Filho do pianista de jazz Jan Johansson, Jens desde muito jovem se interessou por eletrônica, barroco e compositores como Stockhausen e Ligeti.
Embora seu primeiro interesse fosse matemática e teoria dos números. Algo que será notado em sua música. Em 1982 lançou o seu primeiro disco com a banda de hard rock Silver Mountain (lembro-me de ter trazido aquele disco novo de Andorra, juro que era para o patrão do Rockliquias).
Conheceu Yngwie Malmsteen, com quem gravou seus primeiros e históricos trabalhos. A partir daí, sua fama de mercenário no metal é lendária: Dio, Stratovarious, Sonata Arctica, Benny Jansson, Snakecharmer, Mastermind, Kamelot, Star One, Tony Macalpine, Rainbow......E ele estava prestes a entrar no Dream Theater!
Sua carreira musical de vanguarda é menos conhecida, embora talvez mais interessante. Para mim, sem dúvida. Jonas Hellborg, Andy West, Ginger Baker ou a dupla com seu irmão percussionista Anders Johansson, como The Johansson Brothers. A "Fissão" logicamente contava com ele. Além dos guitarristas galácticos Shawn Lane (morreu muito jovem, ele estava no Black Oak Arkansas) e Mike Stern.
Imensas métricas de "jazz rock matemático" em densas cascatas de notas são-nos apresentadas por "Hooded Strangers" (10'41). Algo extensível a toda a gravação. Muito ao estilo de Jan Hammer, a facilidade e o virtuosismo de Jens são avassaladores. Não encurrala melodia ou sentimento em uma estrutura técnica superlativa. E aí incluo Anders, uma fera da escola Cobham-Chambers. Na segunda metade da música, Lane dispara notas do incandescente Eric Johnson.
Em "Phase Camouflage" (6'48) a influência de Jeff Beck/Jan Hammer é bem utilizada. Aqui com Lane e Stern como espadachins do mastro, com um notável "touché" do segundo. Jens se junta à competição com louvor.
"Zero Sum Game" (3'36) parece uma partitura de ficção científica, puramente improvisada, com piano reflexivo e acessórios de ruído FM.
A entrada para "Acrostic Shibboleth" (8'12) poderia ser de Niacina. E tem um pouco disso, exceto aquele sintetizador Polysix, (amplamente usado em "Fission"), à la Jan Hammer. A guitarra de Fórmula 1 é servida com Stern/Lane como pilotos estrelas. E a métrica algébrica é disparada nas baquetas do próprio irmão Anders. Jens diz que "Don't Mention the War" (10'48) é "uma abordagem progressiva"... como se o resto do álbum fosse Chuck Berry! Não descarte comparações apenas com Emerson/Wakeman. Destacando o baixo incrível que Jens pontua em suas pranchas. Sempre. Além disso, ele é um Chris Squire das chaves! Um paraíso progressivo de mil pares, esse corte.
Parece que Jens minimiza "Race Condition" (7'32) porque tem o ritmo mais simples. Mas isso não significa que Jeff Beck não deixe de ter seu charme, como um instrumental sofisto-blues. Com um imensurável Mike Stern. "Crowd Tectonics" (6'14) organiza fantasias de jazz rock entre RTF, Hiromi ou Jordan Rudess sozinho (música de desenho animado incluída).
"Nystagmus" (3'58) segue a linha mais progressiva de Derek Sherinian, (sem o metal que estraga seus álbuns). E "Beautiful Lung Dogs" (10'45) é uma explosão eletrônica sombria de vanguarda apenas com teclados, que poderia estar em um álbum de Peter Frohmader (acredite).
Sem desprezar o seu trabalho como metalúrgico para os outros, recomendo Jens Johansson sem o pesado espartilho que o oprime e sufoca a sua tremenda criatividade demonstrada sozinho.
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