Foi editado em 1975 e representou o momento em que Donna Summer e a equipa de produção (com Moroder) começaram a abordar os terrenos do ‘disco’.
Nascida em Boston em 1948 começou a cantar na escola e passou por primeiras bandas antes de rumar a Nova Iorque com o sonho de trabalhar no palco de musicais. Acabou integrada no elenco de Hair que, em finais dos anos 60, rumou a Munique (Alemanha). E aí fixou residência e casou com o austríaco Helmuth Sommer. Gravou um primeiro primeiro single, ainda em 1968, com Aquarius, um dos hinos nascidos da banda sonora de Hair… Apresentava-se então como Donna Gaines (o seu nome real era, de facto LaDonna Adrian Gaines). Lançou mais alguns 45 rotações igualmente sem impacte maior. E a sorte mudou quando, numa altura em que trabalhava como modelo e era voz muitas vezes chamada a estúdio, conheceu os produtores Giorgio Moroder e Peter Bellotte. De um trabalho conjunto nasceu a ideia de um disco. E foi por um erro na gráfica que então emergiu o seu nome artístico. O “o” de Sommer deu lugar a um “u”. O disco foi assim assinado por Donna Summer. Pelo menos é assim que a mitologia evoca a história do seu nome.
O álbum de estreia de Donna Summer foi editado em 1974. Tem por título Lady Of The Night e revela ainda uma noção pouco nítida do que poderia ser um rumo para a sua carreira. Havia ali um cockatil de ideias, que iam do tom teatral de Lady Of The Night à folk de Domino e, na verdade faziam do álbum uma experiência mais próxima dos terrenos da canção ligeira (até mesmo eurovisiva) do que dos caminhos que, pouco depois, os seus discos acabariam por mostrar.
Os primeiros sinais de mudança emergiram no álbum seguinte. Editado em 1975 o álbum Love To Love You Baby revelou uma realidade com duas faces. O lado A apresentava, através do tema título, uma proposta desafiante com apenas uma canção de quase 17 minutos que preenchia toda essa face do disco. Animada por sinais captados entre o emergente disco e definindo um ambiente funk mais mellow do que intenso, a canção encontrava, todavia, o seu fulgor e poder de atração num espaço teatralizado pelas sugestões eróticas lançadas pela voz sussurrada de Donna Summer. O lado B traduzia, por sua vez, uma dispersão maior de ideias, desde canções sem um cunho demarcado (na linha do álbum de estreia, portanto), até um Need a Man Blues que aliava os sabores disco a primeiras relações com eletrónicas.
Lançado em 1976, o seguinte A Love Trilogy refletiria já a tomada de consciência de que o disco devia ser um caminho prioritário para afirmação da identidade (e visibilidade) de Donna Summer. E a extensão invulgarmente longa de Love To Love You Baby (que prenunciava um pragmatismo ao serviço da pista de dança que brevemente ganharia forma nos máxi-singles) teve logo ali por sequela Try Me, I Know We Can Make It que, com praticamente 18 minutos de duração, ocupava uma vez mais toda uma das faces do LP. Seguiu-se, ainda em 76, Four Seasons of Love uma uma proposta concetual que traduzia uma história de amor ao longo das quatro estações do ano onde, uma vez mais, o disco marcava presença. E em 1977 caberia ao absolutamente marcante single I Feel Love o completar do ciclo de revelação e revolução que aqui se desenhava. Um ciclo que teve como primeiro alicerce este álbum de 1975.
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