Foi editado em 1976 e surgiu na sequência da segunda presença grega na Eurovisão. Apoiada na voz de Mariza Koch, a folk local procurava aqui diálogos com a contemporaneidade.
A chegada da Grécia ao Festival Eurovisão da Canção fez-se sobretudo através de janelas apontadas a diálogos com as suas tradições folk. E logo em 1974 a estreia fez-se com Krasi, Thalassa Ke T’ Agori Mou, por Marinella, numa atuação que levou inclusivamente a palco um muito tradicional bouzouki. Depois desse primeiro episódio a geopolítica definiu o passo seguinte e, em 1975, a Grécia optara por ficar de fora como forma de protesto contra a então recente intervenção militar turca em Chipre. Essa ausência, que se devia à estreia da Turquia na edição de 1975, teve depois um efeito em espelho em 1976 quando foi a Turquia a optar por ficar de fora. A Grécia apresentou-se então a concurso com uma das suas grandes cantoras, Mariza Koch, que se apresentou com uma canção que, mesmo não sendo ostensivamente política na sua letra, podia ler-se como uma voz de protesto. Tema intenso e de travo folk, Panagia Mou, Panagia Mou estava em contraciclo face a uma nova norma eminentemente festiva que dominava o grosso das representações, todavia em sintonia com a estreia grega em 74. Era uma canção agreste, assombrada numa letra que traçava uma visão pessimista sobre o futuro da humanidade e depois defendida pela segura abordagem vocal da cantora. A canção, que terminou em 13º lugar, não foi, contudo, transmitida pela televisão turca que, naquele instante, apresentou em seu lugar uma canção nacionalista.
A canção, que assim juntou um daqueles episódios da memória eurovisiva que traduzem o rumo dos acontecimentos da história europeia, deu logo depois título a um álbum que a Panagia Mou, Panagia Mou um alinhamento que reforçou a relação da voz de Mariza Koch com uma música que procurava novos caminhos para uma folk contemporânea, porém firme na identidade dos seus alicerces.
Nascida em Atenas em 1946, Mariza Koch tinha já uma carreira com alguns discos editados quando surgiu nos pequenos ecrãs em representação do seu país. E logo em 1971, depois de um disco em parceria com Nikos Houliaras, o seu álbum de estreia Arabas representara um exemplo de abertura de diálogos entre uma busca de modernidade tendo como ponto de partida uma relação segura com heranças das muito férteis tradições folk locais. Em 1973 o álbum seguinte teve uma prensagem norte-americana, o mesmo sucedendo com o que editou em 1974. Coube, contudo, a Panagia Mou, Panagia Mou o papel de levar a sua voz a mais paragens, destacando a capa, além do título e do nome da cantora, a referência “Eurovision 76” que vinca a relação que se começava então a construir entre o público grego e o concurso. O single (e não o álbum) teve contudo maior expressão internacional. O álbum inclui uma versão em inglês da canção-título, opção então frequente junto de algumas participações na Eurovisão mas que, como quase sempre, em nada chega aos calcanhares (emotivos) da original.
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