Jeff St John é um cantor australiano muito popular na terra dos cangurus que nasceu em Newtown, nos subúrbios de Sydney, em abril de 1946. Sofrendo antes de nascer de espinha bífida (defeito na formação dos arcos vertebrais), ele foi forçado a viver em uma cadeira de rodas. No final dos anos 60, em vários grupos ou a solo, lançou alguns singles que obtiveram algum sucesso. Em 1970 ele formou o Jeff St John's Coperwine, onde se juntou ao guitarrista Ross East, ao baixista Alan Ingham, ao baterista Peter Figures e ao tecladista Barry Kelly. Em nome do selo Spin, o quinteto lançou Joint Effort nas lojas no ano seguinte.
O disco é composto por 12 peças com duração de uma hora de música onde são compartilhados originais e covers. Além disso, é com duas capas no registro soul rock que a bola se abre. Começamos o festival com “Cloud Nine” dos Temptations, com 6 minutos de duração, onde dominará um órgão cavernoso, pesado e quase religioso. É como se Jon Lord tivesse assinado com a Motow. A música se instala no soul furioso com a voz nervosa de Jeff St.John. Entre no ácido funky “Sing A Simple Song” de Sly & The Family Stone. Em suma, teremos entendido que a formação nos oferecerá um rock de influência afro-americana ao bater às portas do heavy prog e do psyche. Uma bela mistura entre Sly Stone, Deep Purple MK1, Procol Harum e Traffic.
Nas demais releituras encontramos o boogie blues rústico “I Been Treated Wrong” de Jimmy Witherspoon. Mas o cover mais surpreendente é “Reach Out I'll Be There” dos Four Tops porque é sombrio, vagamente perturbador e dramático. O mesmo vale para “Can't Find My Way Home” de Blind Faith com palavras misteriosas e pesadas enquanto brinca com as emoções.
Do lado da composição está a estranha balada “Fanciful Flights” liderada por uma cítara, válida para uma passagem só de ida para Katmandu. “Any Orange Night” é um instrumental oscilante com duração de mais de 7 minutos onde cravo, órgão, flauta e xilofone misturam atmosfera gótica, clima caleidoscópico e jazz funk. “You Don't Have To Listen” fornece o groove cortado de um break que nos mergulha em um transe pesado de acid rock com uma gaita infernal à espreita. Mas isso não é nada comparado ao arrepiante “Days To Come”, com suas influências gospel que lembram Steppenwolf. “Train” é uma linda balada country.
As duas últimas peças serão mais complexas com as mudanças de andamentos, estilos e climas. “I Remember” abre e fecha em uma viagem jazzística descolada enquanto no meio o grupo segue para um folk pesado celestial. Início do ritmo e blues à la Deep Purple em “Environment In 3 Parts” com 7 minutos de duração. Depois se transforma em um cenário bucólico, rural, sonhador e melancólico.
Copperwine de Jeff St John nos dá um excelente álbum que tem apenas um defeito: muitos títulos dando a impressão de se arrastar. Dois ou três a menos teria sido perfeito. Boa audição.
Títulos:
1. Cloud Nine
2. Sing A Simple Song
3. Fanciful Flights
4. Any Orange Night
5. You Don’t Have To Listen
6. I Been Treated Wrong
7. Days To Come
8. Reach Out
9. Can’t Find My Way Home
10. Train
11. I Remember
12. Environment In 3 Parts
Músicos:
Jeff St John: vocais, gaita
Ross East: guitarra
Alan Ingham: baixo
Peter Figuras: baterista
Barry Kelly: teclados
Produzido por: Jeff St.
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