Um dos grupos irlandeses de hard blues que se tornou lendário por ter lançado a carreira de um dos maiores guitarristas do rock: Rory Gallagher.
O combo foi formado em 1966 em Cork, no sul da República da Irlanda, por iniciativa do guitarrista/cantor, gaitista e saxofonista Rory Gallagher. Dois anos depois, o grupo fez uma turnê pelo Reino Unido e se estabilizou com a chegada do baixista Richard McCracken e do baterista John Wilson, que começou a trabalhar com Van Morrison's Them, outra banda irlandesa notável. Mudando-se para Londres, o power trio causou tanta sensação que abriu a turnê de despedida do Cream. Pouco depois, os músicos assinaram com a Polydor e lançaram um LP homônimo em abril de 1969.
Composto por 9 peças, este disco é o testemunho de um blues rock britânico que se endurece para dar origem ao hard rock iniciado por Cream e Jimi Hendrix Experience, dois trios explosivos como Taste. Duas grandes influências, mais particularmente Eric Clapton, para Rory Gallagher que será o chefe, o maestro deste LP tanto nas composições como nos covers. Como esta capa onde observamos o guitar hero de cabelos rebeldes em pleno esforço relegando Richard McCracken e John Wilson a simples intérpretes. Mas este gibão rítmico se mostrará formidável a serviço de um campeão das seis cordas elétricas que tem o blues no sangue.
Abre com a estratosférica “Blister on the Moon” onde a influência do Cream fica evidente até nos vocais. Os irlandeses exibem seus músculos, especialmente Rory Gallagher com sua Fender Stratocaster 1961 com verniz descascado. Não tendo nada a invejar de Clapton e Hendrix, ele executou riffs e solos quase ao mesmo tempo. Mais adiante encontramos outras músicas de hard rock como “Same Old Story” com um groove Hendrixiano e “Dual Carriageway Pain” um furioso ritmo e blues boogie. “Born on the Wrong Side of Time” revela outra face onde momentos calmos, por vezes sombrios, com um toque celta, se alternam com passagens mais sustentadas, até galopantes. Acima de tudo, o elétrico e o acústico se cruzam, revelando um guitarrista à vontade com este último. Ele prova isso de forma marcante em “Hail” onde fica sozinho com seu violão para um blues rústico. Sem falar no cover de Hank Snow de “I'm Moving On” no final, um country blues onde o baixo vira jazz. E já que estamos falando de jazz, ele tem esse cover de Lead Belly, "Leavin' Blues" onde o guitarrista irlandês usa o gargalo.
Mas entre os covers, os que mais se destacam são esses dois trad blues da década de 1930 com mais de 7 minutos, “Sugar Mama” e “Catfish” popularizados por John Lee Hooker e Muddy Waters. Dois padrões colocados no moinho do hard rock com um som sujo para bluesmen profissionais. Não é à toa que o Taste é apelidado de Creme do Pobre. A atmosfera é pesada e insalubre, especialmente com o desenfreado e cataclísmico “Catfish”. A bateria é destrutiva. O baixo é paquidérmico. A voz de Rory Gallagher é rouca, áspera, nervosa, chapada. Já o violão destrói tudo em seu caminho, não deixando nada crescer novamente. Resumindo, Taste inventa o blues do heavy metal para nós.
Este disco homônimo foi lançado dois meses após a primeira tentativa do Led Zeppelin. Se o álbum do Taste não é tão devastador quanto o do dirigível principal, ainda assim permanece sólido e convincente. A única desvantagem (e novamente) é querer seguir as referências citadas acima. Mas Rory Gallagher tem meios mais que suficientes para se destacar num power trio capaz de demolir tudo.
Títulos:
1. Blister On The Moon
2. Leaving Blues
3. Sugar Mama
4. Hail
5. Born On The Wrong Side Of Time
6. Dual Carriageway Pain
7. Same Old Story
8. Catfish
9. I’m Moving On
Músicos:
Rory Gallagher: guitarra, voz
Richard McCracken: baixo
John Wilson: bateria
Produzido por: Tony Colton
Sem comentários:
Enviar um comentário