quinta-feira, 27 de junho de 2024

Dalida “Ciao Amore Ciao” (1967)

 A tragédia visitou vários episódios na vida de Dalida. Mas há uma canção de 1967 que guarda particularmente uma sucessão de episódios assombrados, curiosamente correspondendo a uma das mais belas de toda a sua discografia. 

Estávamos em inícios de 1967 e a cantora, que recentemente havia conhecido o italiano Luigi Tenco, ia levar ao Festival de San Remo uma canção de sua autoria. Ao cabo de onze anos de carreira de sucesso enorme estava longe de precisar de um triunfo num festival para cimentar um estatuto. Mas San Remo estava na sua agenda e para lá partiu com Ciao Amore Ciao, uma canção que traduzia, nos arranjos a diversidade cromática maios desafiante que as canções pop daquela altura estavam a explorar, traduzindo, nas palavras, uma história de despedida que se poderia cruzar com a narrativa de alguém que, com um cenário de emigração pela frente, dizia adeus ao ente querido. 

Ao contrário do esperado a canção não colheu votos suficientes para passar à fase final do concurso, algo que nesse mesmo ano aconteceu a nomes como os de Marianne Faithfull, Cher, The Hollies, Gene Pitney ou Dionne Warwick, as vozes “estrangeiras” de outras canções concorrentes (numa altura em que o festival apresentava em palco interpretações de cada tema por uma voz italiana e uma outra, internacional). No caso de Ciao Amore Ciao o par de interpretações cabia a Dalida e ao próprio autor, Luigi Tenco. Este, contudo, não suportou a decisão da votação, e acabou por se suicidar de regresso ao hotel. Dalida, que vivia então uma relação amorosa com Luigi Tenco, faria uma tentativa de suicídio ao regressar a Paris, facto que a forçou a uma pausa de alguns meses para recuperação.




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