sábado, 22 de junho de 2024

Grethe e Jørgen Ingmann “Dansevise” (1963)

 A canção dinamarquesa que conquistou a vitória em 1963 no Festival Eurovisão da Canção, assinada por Grethe e Jørgen Ingmann, juntava discretos sinais de juventude e um travo jazzy na guitarra elétrica, contrastando com o “mood” então dominante. 

1963 foi um ano repleto de sinais de mudança no Festival da Eurovisão, mostrando alguns países uma vontade em transcender o modelo mais conservador da chanson que tinha caracterizado grande parte das canções concorrentes desde a estreia do concurso, em 1956. E se a presença da muito jovem estrela emergente do yéyé francês, Françoise Hardy, cativava de antemão atenções para a canção do Mónaco, na noite do concurso, a 23 de março (no BBC Television Center em Londres), quem mais sorriu na hora da votação foi um casal dinamarquês que juntava um guitarrista de jazz com uma vocalista, ao som de “Dansevise”.

Grethe (1938-1990) e Jørgen Ingmann (1925-2015) tinham-se conhecido em meados dos anos 50, casado e começado a atuar em conjunto, mantendo também percursos a solo em paralelo. E foi precisamente com um disco a solo de 1961, quando apresentou uma versão de “Apache” dos Shadows, que Jørgen Ingmann somou o seu maior êxito até que, em 1963, com Grethe, se apresentaram em Londres representando a Dinamarca. “Dansevise” revelava então uma canção com cenografia “moderna”, vincada por um ritmo mais marcado do que o habitual (mesmo quer ainda discreto), sublinhando ainda as marcas de diferença pela “voz” da guitarra elétrica.

“Dansevise” somou nessa noite 42 pontos, superando em apenas dois a votação obtida pela canção da Suíça. A vitória deu contudo à Eurovisão a sua primeira vitória capaz de traduzir sinais de uma nova geração de músicos e de sons, abrindo caminho para os triunfos, nos anos seguintes, de Gigliola Cinquetti (Itália, 1964), France Gall (Luxemburgo, 1965) ou Sandie Shaw (1967), num percurso que então acabou por abrir ali as portas à música pop.

Grethe e Jørgen Ingmann mantiveram carreira em conjunto, editando vários singles, EPs e álbuns até ao seu divórcio, em 1975, passando depois a trabalhar novamente a solo, não recuperando contudo Grethe o seu nome de solteira, Grethe Clemmensen, com o qual editara os seus primeiros discos. 




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