quarta-feira, 31 de julho de 2024

ALBUM DE JAZZ FUSION - Gerardo Bátiz - Arlequín (1982)

 

Continuamos com o que há de melhor da música mexicana, e entramos no jazz fusion, mas com profunda influência da música mundial e principalmente da música brasileira, com uma peregrinação onírica pelas conotações afro-caribenhas, um dos muitos álbuns solo de um renomado pianista e flautista onde os protagonistas são, precisamente, o piano e a flauta temperados com percussão, e também com alguns músicos convidados e algumas vozes femininas sem palavras numa elegante fusão de jazz com notas étnicas que lembra vagamente Zoil, Foehn ou um Magma sonolento e sonolento , e às vezes há até alguns paralelos sutis com Canterbury. Um bom álbum de etno-jazz progressivo em todo o seu esplendor que aqui apresentamos graças à contribuição de Carlos Mora e sua Viaje al Espacio Visceral, uma viagem musical pelas etnias, pelo jazz, pela cultura brasileira e latina, por Zeuhl e pelo Canterbury, começamos o dia com um jazz-rock progressivo elétrico, melodioso e muito bonito, ideal para alegrar a sua manhã.

Artista: Gerardo Bátiz
Álbum: Arlequín
Ano: 1982
Gênero: Jazz fusion
Duração: 31:37
Referência: Rate Your Music
Nacionalidade: México


Pianista, flautista, compositor e arranjador autodidata, Bátiz começou a estudar Física e Matemática, mas optou por se dedicar profissionalmente à música. Desde 1976 seu trabalho se desenvolve fundamentalmente na corrente da música popular do Novo México. Depois de ter tocado com vários grupos, Bátiz iniciou a sua aventura a solo em 1980, percorrendo durante sete anos um caminho baseado na experimentação sonora, tanto no jazz como na "fusão": Bátiz faz parte daquela geração de artistas que preferiu partir para. livre” e ser independente.

“Era uma mistura do que ouvíamos e do que podíamos tocar, porque não frequentávamos nenhuma escola de jazz porque não havia. Tirei coisas do jazz como harmonia e improvisação, mas algumas das minhas músicas não são muito complicado harmonicamente, tratava-se de mais do que criar uma atmosfera.

Gerardo Batiz

Este é mais um curta e direto ao ponto, mais do que tudo porque o importante é que você descubra seu som único, então vamos com algumas referências e vamos para o álbum...

O segundo álbum de Gerardo Bátiz, tecladista e compositor do grupo Isla, foi lançado pelo selo independente El Jabalí Trepador. Nesta ocasião Gerardo mostra-nos mais uma vez a vasta gama de recursos e estilos musicais que consegue manejar, e bem. Este álbum é um excelente trabalho de músicos mexicanos, que sem muitas pretensões vanguardistas nos transportam entre o jazz, o rock e a música brasileira, com uma riqueza de ritmos e sons raramente ouvidos, colocando cada nota no lugar preciso, com suavidade e potência alternada.
Gerardo afasta-se um pouco da sonoridade afro-antilhana característica de Isla, sem abandonar a frescura das suas imagens nem a facilidade com que os seus fraseados fluem e se entrelaçam. Talvez as vocalizações femininas em Flora Purim sejam exageradas, além de algumas passagens serem um pouco monótonas, como é o caso da flauta em “Canto”. Mas isso só é perceptível se você insistir em encontrar um ‘mas’, que no final das contas é mínimo.
“Aguamarina” é uma peça dedicada a Elis Regina, lembrando essa cantora maravilhosa com um cenário brasileiro bem feito e cheio de cor. “Amarillo” recria as origens, a música negra, desenvolvendo-se a partir de percussões, voz e piano. E por último, “Para las Onions”, onde notamos claramente as influências rock and roll de Gerardo, completa o que em nossa opinião é o melhor do álbum.
Gerardo Bátiz é acompanhado neste álbum por: Cecilia Engelhart (vocal), Chuco Mendoza (baixo), Fernando Toussaint (bateria), Germán Herrera (percussão) e Eniac Martínez (guitarra, vocal e design de capa). Gerardo toca piano, flauta, aço e voz. Um bom disco.

Revista Acústica

Mais uma grande contribuição da Viaje al Espacio Visceral e agradecemos ao seu piloto espacial, Carlos Mora, por sua inestimável contribuição.



Vamos com mais um pouquinho da história dele:

Em maio de 1982, o Jazz no México estava numa situação um pouco pior do que agora, poucos grupos do gênero, poucos lugares para tocar e enormes dificuldades na gravação de discos, mas apesar de tudo sempre existiram amantes do Jazz, havia a velha guarda, aqueles que iniciou o género há várias décadas e também um grupo de jovens músicos liderados pelos Irmãos Toussaint, La Nopalera de Cipriano com todos os talentosos artistas que por lá passaram e Gerardo Bátiz que participou em vários discos daquela escola de música e criatividade que. era o Nopa.
Há um disco extraordinário chamado "Cristal" do citado Bátiz com muita gente do Jazz-Canto Nuevo-Rock e anexos e do qual não me lembro a data mas que se aproxima muito deste "Harlequín" na concepção musical, capa design e outros detalhes, Arlequín remonta a 1982 e incluía Bátiz, Chuco Mendoza que estava no Nopa, Fernando de los Toussaint (lembre-se dele no álbum nopalero "Tremendo alboroto", Eniac Martínez (também no Nop), Cecilia Engelhart já apresentada em "Cristal" e Germán Herrera, percussionista que participou de diversos discos e projetos da época,
havia um grupo compacto de artistas muito jovens, com múltiplos talentos e criatividade que escreveram uma página notável da música mexicana, como costuma acontecer, Seu trabalho e os próprios músicos foram esquecidos e quase ninguém os reivindica ou reconhece.
Do trabalho de Batiztiana, seu editor conhece "Azul con leche" de 1986 e "Bugambilia" do ano seguinte, também vi outra gravação chamada "Isla" de vez em quando. , mas do qual só tenho a referência, em 84 Alain Derbez, incansável promotor, criador, historiador e crítico do Jazz, organizou alguns dias do género na Casa de la Paz e deles surgiu o álbum ao vivo de Gerardo chamado "In Concert " publicado pela Discos Alebrije (outra ideia jazzística de Derbez), e anos depois foi publicado um CD chamado "Soñé", que a princípio pensei que fosse música nova, mas acabou por ser uma antologia dos álbuns acima mencionados.
Depois Gerardo desapareceu de cena e até hoje não sei o que aconteceu com ele, diz a onipresente Rede que um músico japonês redescobriu Bátiz e está divulgando seu trabalho, espero que isso sirva para reconhecer Gerardo, comentaremos sobre o outros álbuns em breve.

 Ariel conlaluna

Você pode ouvir aqui:
https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kgLk3mT-boR_EDBIkl8ZmWSDZFQenJaKA

Lista de Temas:
1. Aguamarina (a Elis Regina)
2. Para las cebollas (...una historia inconclusa)
3. Magínate máscara
4. Ruapango II (la revancha)
5. En Fa
6. Amarillo
7. Canto (g.c.p.p)
8. Arlequín

Formação de Arlequín:
- Gerardo Bátiz / pianos, flautas, aço, voz
- Chuco Mendoza / baixo
- Fernando Toussaint / bateria
- Cecilia Engelhart / voz, piano em "Canto"
- Germán Herrera / percussão
- Eniac Martínez / guitarra, voz

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Japan, “Nightporter” (1982)

  Lado A:  Nightporter (remix) Lado B:  Ain’t That Peculiar (Virgin, 1982) Se calhar o primeiro sinal de caminhos que no futuro seriam mais ...