Editado em 1986 o single com o tema “L’Amour Va Bien Merci” no lado A foi o primeiro disco do grupo com Anabela Duarte como vocalista.
Há uma etapa da história da música portuguesa que deve muito a uma casa lisboeta: o Rock Rendez Voz (RRV). Ficava na rua da Beneficência ao Rego, onde antes morava o antigo cinema Universal, espaço que, nos oitentas, dava lugar a um palco então inédito entre nós, muito entusiasmo e uma programação regular que depressa criou o seu público fiel. A criação de uma competição anual – o mítico Concurso de Música Moderna – fez com que o RRV se tornasse não apenas um distribuidor de jogo mas um catalisador de ideias, muitas sendo as bandas que se juntaram para concorrer ou que ali tiveram a sua primeira grande janela de comunicação. E logo em 1984, ano da primeira edição do concurso, os vencedores foram os Mler Ife Dada.
Depois de um primeiro máxi-single, Zimpó (1985), fruto direto da vitória no concurso, uma nova formação dos Mler Ife Dada (já com Anabela Duarte como vocalista, no lugar antes ocupado por Pedro D’Orey) estreava-se em disco num single editado em 1986 pela independente Ama Romanta. O disco, produzido por Nuno Rebelo, foi gravado nos míticos estúdios Musicorde em Campo de Ourique, um espaço que assistiu a muitos episódios marcantes naquele tempo em que Lisboa viu nascer uma cultura juvenil com expressão bem vincada na música que então emergia em vários pontos da cidade.
No lado A surgia o original L’Amour va Bien Merci, uma das mais notáveis das composições pop portuguesas dos oitentas, peça central na afirmação de uma identidade “alternativa” que então começava a ganhar forma na música que se fazia por estas bandas. No lado B, como cereja sobre o bolo, uma versão de Ele e Ela, o histórico tema levado à Eurovisão em 1966 por Madalena Iglésias. Esta versão nunca teve edição digital nem mesmo em suporte de CD.
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