Mestre Moa
Caetano Veloso
Mestre Moa foi ferido
Pelas costas, covardia
Logo ele não queria
A beleza da Bahia
Mestre Moa, badauê
Derradeira capoeira
De um artista, de um erê
Triste faca traiçoeira
Mestre Moa tomba morto
Tombam nossos corações
Nossa história sangra junto
Somos mil, somos milhões
Mestre Moa, imolado
Pelas mãos do opressor
Nos discursos entoados
De tortura, de terror
Mestre Moa, redenção
Nós seremos sua voz
Suas pernas, suas mãos
Venceremos seu algoz
Metrópole
Caetano Veloso
"É sangue mesmo, não é mertiolate"
E todos querem ver
E comentar a novidade.
"É tão emocionante um acidente de verdade"
Estão todos satisfeitos
Com o sucesso do desastre:
Vai passar na televisão
"Por gentileza, aguarde um momento.
Sem carteirinha não tem atendimento -
Carteira de trabalho assinada, sim senhor.
Olha o tumulto: façam fila por favor.
Todos com a documentação.
Quem não tem senha não tem lugar marcado.
Eu sinto muito mas já passa do horário.
Entendo seu problema mas não posso resolver:
É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver.
Ordens são ordens.
Em todo caso já temos sua ficha.
Só falta o recibo comprovando residência.
Pra limpar todo esse sangue, chamei a faxineira -
E agora eu vou indo senão perco a novela
E eu não quero ficar na mão
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