quarta-feira, 24 de julho de 2024

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO

Mestre Moa

Caetano Veloso    

Mestre Moa foi ferido

Pelas costas, covardia

Logo ele não queria

A beleza da Bahia


Mestre Moa, badauê

Derradeira capoeira

De um artista, de um erê

Triste faca traiçoeira


Mestre Moa tomba morto

Tombam nossos corações

Nossa história sangra junto

Somos mil, somos milhões


Mestre Moa, imolado

Pelas mãos do opressor

Nos discursos entoados

De tortura, de terror


Mestre Moa, redenção

Nós seremos sua voz

Suas pernas, suas mãos

Venceremos seu algoz


Metrópole

Caetano Veloso


"É sangue mesmo, não é mertiolate"
E todos querem ver
E comentar a novidade.
"É tão emocionante um acidente de verdade"
Estão todos satisfeitos
Com o sucesso do desastre:

Vai passar na televisão

"Por gentileza, aguarde um momento.
Sem carteirinha não tem atendimento -
Carteira de trabalho assinada, sim senhor.
Olha o tumulto: façam fila por favor.

Todos com a documentação.

Quem não tem senha não tem lugar marcado.
Eu sinto muito mas já passa do horário.
Entendo seu problema mas não posso resolver:
É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver.

Ordens são ordens.

Em todo caso já temos sua ficha.
Só falta o recibo comprovando residência.
Pra limpar todo esse sangue, chamei a faxineira -
E agora eu vou indo senão perco a novela

E eu não quero ficar na mão



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