Yellow & Green é o melhor e mais importante álbum do Baroness. A virada de chave da banda norte-americana. Pretencioso até a alma e bom até dizer chega, o terceiro trabalho do grupo - um CD duplo com 18 faixas - mostra o quarteto investindo em uma sonoridade mais ampla, muito além do sludge com elementos progressivos dos trabalhos anteriores, Red Album (2007) e Blue Record (2009).
Produzido por John Congleton (Modest Mouse, Okkervil River, The Polyphonic Spree), Yellow & Green é um trabalho repleto de detalhes. Pesado, psicodélico, atmosférico e experimental, tudo ao mesmo tempo, o disco coloca os holofotes da música pesada focados no grupo. Resumindo em palavras: em seu terceiro disco, o Baroness soa como se o Radiohead tocasse heavy metal. Não há limites, a criatividade é onipresente, não existem preconceitos, os medos e receios foram todos embora. Isso faz com que cada faixa seja imprevisível, cada composição seja um choque. E é justamente essa sensação que faz Yellow & Green ser um disco tão impressionante.
Indo muito além do padrão e fugindo das conveniências, o Baroness arrebata. Baizley e Adams derramam guitarras gêmeas inspiradas em diversos momentos, enquanto Maggioni e Bickle trabalham como um ser único de duas cabeças, quatro braços e um mesmo objetivo.
A principal qualidade de Yellow & Green é que trata-se de um álbum que tem como ingrediente principal algo cada vez mais em falta na música: a alma, o coração. As canções emocionam, as melodias são simples. O sentimento é palpável e contagia o ouvinte.
É estranho uma banda atual lançar um álbum duplo com 18 faixas inéditas. Soa fora de moda e deslocado no tempo. Mas mais surpreendente que isso é o fato de essas faixas serem todas pertinentes, fazendo com que os pouco mais de 70 minutos do disco passem rápido e sem traumas. Há reminiscências de Pink Floyd, Mastodon e Radiohead aos montes durante todo o play, em uma tapeçaria sonora precisa e tocante.
“Take My Bones Away”, primeiro single, é uma das melhores músicas da carreira dos caras e do metal dos anos 2000. “Eula”, o segundo, é o tipo de música com poder para conquistar uma pessoa por anos. “Cocainium” soa como se o Mastodon tivesse gravado Ok Computer. A beleza e a melancolia são onipresentes em Yellow & Green.
Quando se é um consumidor, um colecionador de discos e um ouvinte de música há um certo tempo - no meu caso, quase há 35 anos já -, a gente aprende a identificar, de imediato, aqueles trabalhos que são mais que simples CDs ou LPs e irão nos acompanhar por toda a vida. Yellow & Green é um deles. Um novo parceiro, que chega e já encontra o seu lugar confortável na vida de quem curte um som inovador, original e sem medo de experimentar novos caminhos.
Música com vida e com alma, capaz de deixar qualquer um com o coração na boca: assim é Yellow & Green, não só o melhor disco do Baroness como também um dos grandes álbuns lançados nos últimos anos.
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