quarta-feira, 7 de agosto de 2024

CRONICA - JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS | Bare Wires (1968)

 

No final das contas, o guitarrista Mick Taylor permaneceu com o cantor/multi-instrumentista John Mayall's Bluesbreakers. Depois que Crusade chegou às prateleiras no final de 1967, alguém poderia acreditar que o talentoso jovem inglês queria seguir os passos de Eric Clapton e Peter Green depois de se revezarem prestando seus serviços ao chefão do blues inglês.

As boas notícias nunca vêm sozinhas, o saxofonista Chris Mercer, já presente como convidado em obras anteriores, é auxiliado por Dick Heckstall-Smith. Este último se destacou na Blues Incorporated de Alexi Korner e na Graham Bond Organization.

Tudo isto não impede a turbulência dentro dos Bluesbreakers. O baterista Keef Hartley está saindo para formar sua própria banda. Ele é substituído por Jon Hiseman, um conhecido de Dick Heckstall-Smith na Organização Graham Bond. Respondendo ao chamado de Peter Green e Mick Fleetwood, John McVie saiu para formar o Fleetwood Mac com eles. Para garantir o revezamento contamos com Tony Reeves, ex-contrabaixista de orquestras de jazz. Para completar a formação vem Henry Lowther no flugelhorn e violino. Todas essas pessoas bonitas criaram a Bare Wires em junho de 1968 em nome da Decca.

Obviamente as chegadas de Dick Heckstall-Smith, Jon Hiseman e Tony Reeves, muito mais sensíveis ao jazz, irão reorientar a música dos Bluesbreakers. A ponto de abalar o crescente fã de blues britânico. Aliás, o disco abre com uma longa suíte ocupando todo o lado A. A pouco mais de 23 minutos, “Bare Wires Suite” em 7 partes é um verdadeiro épico de blues produzido em meio à agitação musical. Numa época em que o blues rock está mudando. Por um lado ele está se radicalizando em direção ao hard rock. Por outro lado, emancipou-se dela para inventar o rock progressivo.

Este primeiro lado irá explorar todos os campos possíveis do blues e muito mais, tocando com tempos e climas, até mesmo com emoções. Perfumado com psicodelia como esta capa magnífica e perturbadora, bem sintonizada com a sua época, John Mayall narra o seu divórcio onde cada tempo está ligado através de efeitos subtis. Começamos com esse nostálgico harmônio com um cantor que tem a onda na alma. Isto continua numa atmosfera outonal com este violino que se inclina para o bluesgrass. Depois o ritmo acelera onde a guitarra realizará feitos fantásticos revelando-se como um blues pesado. Uma sequência sombria, estranha e nebulosa ocorre com tambores vagamente perturbadores contra um fundo de gaita incerta. Assim como os saxofones com seu perfume comovente, o baixo tem um refrão com groove estratosférico. O órgão e o piano tornam-se melodiosos enquanto o cravo traz um toque gótico. Em suma, à chegada obtemos um espetacular tour de force.

O lado B é mais padrão com 6 músicas no relógio. Começa com “I'm a Stranger”, uma balada stoner onde o órgão traz profundidade com sax sorrateiro à espreita. “No Reply” com wah wah, gaita e percussão é vaporoso. A instrumental “Hartley Quits” é amplamente inspirada em Elmore James, onde novamente a guitarra faz seu trabalho. “Killing Time” é indiferente com este flugelhorn apático e esta sempre inspirada seis cordas. “She’s Too Young” é um ritmo e blues que parece urgente. Concluindo, “Sandy” acaba sendo um blues rústico.

Alcançando a posição 59 na Billboard 200, Bare Wires permitiu que John Mayall construísse uma sólida reputação nos Estados Unidos. No entanto, será o canto do cisne dos Bluesbreakers. Dick Heckstall-Smith, Jon Hiseman e Tony Reeves formarão o Coliseu. Chris Mercer se juntará a Juicy Lucy. Henry Lowther tentará carreira solo. Mantendo Mick Taylor, John Mayall continuará sua carreira apenas em seu nome.

Títulos:
1. Bare Wires Suite : Bare Wires / Where Did I Belong? / I Started Walking / Open Up A / New Door / Fire / I Know Now / Look In The Mirror
2. I’m A Stranger       
3. No Reply   
4. Hartley Quits         
5. Killing Time         
6. She’s Too Young   
7. Sandy

Músicos:
John Mayall: vocais, gaita, piano, cravo, órgão, harmônio, guitarra
Mick Taylor: guitarra
Dick Heckstall-Smith, Chris Mercer: saxofone
Jon Hiseman: bateria, percussão
Henry Lowther: flugelhorn, violino
Tony Reeves: contrabaixo, baixo

Produzido por: John Mayall, Mike Vernon



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