Ouvindo Crusade impresso em novembro de 1967, o cantor/multi-instrumentista John Mayall encontrou em Mick Taylor o guitarrista talentoso que correspondia às suas preocupações. Mas sobretudo quem não quer procurar outro lugar como foi o caso de Eric Clapton e Peter Green.
Porém, enquanto se espera para dar uma sequência de estúdio a Crusade surge a ideia de explorar mais de 60 horas de gravações ao vivo dos Bluesbreakers captadas em vários clubes de Inglaterra, Irlanda, Irlanda do Norte e Holanda entre Outubro e Dezembro de 67. Para isso turnê, John Mayall e Mick Taylor são acompanhados pelo baterista Keef Hartley, dependendo das datas pelos baixistas Keith Tillman e Paul Williams (substituindo John McVie que saiu para se juntar a Peter Green e Mick Fleetwood), bem como os saxofonistas Chris Mercer, mas especialmente um certo Dick Heckstall-Smith. Este último se destacou na Blues Incorporated de Alexi Korner e na Graham Bond Organization.
Destas sessenta horas nascerão dois LPs, The Diary Of A Band Volume One e The Diary Of A Band Volume Two nas lojas no dia 3 de janeiro de 1968. Oportunidade de ouvir o que os Bluesbreakers são capazes de fazer em palco. E aí não ficaremos desiludidos com este excelente som digno de um bom bootleg mesmo que por vezes a voz saia abafada, colocando-nos no ambiente destas discotecas esfumaçadas onde correm litros de cerveja à vontade.
Composto por seis peças, o primeiro volume reúne performances do Kings College, Speakeasy e Cooks Ferry Inn em Londres (23 de outubro, 2 de novembro e 12 de dezembro), Club a'Go Go em Newcastle (19 de outubro), Club Rado em Belfast na Irlanda do Norte (13 de novembro), em Port Stewart na Irlanda (14 de novembro), bem como em Schiedam, no lado holandês (5 de novembro).
Se o objetivo é recuperar o melhor destas gravações, encontramos tudo e mais alguma coisa neste disco. No final das contas este “God Save The Queen” completamente dilapidado o que não acrescenta muito. Mais adiante, “Edmonton-Cooks Ferry Inn” onde todos se divertem. Sem esquecer este Medley, “Anzio Ann/Snowy Wood/The Lesson” estendeu-se por 9 minutos intercalados com entrevistas com Keef Hartley e John Mayall discutindo o grupo Fleetwood Mac, um recém-chegado na esfera do boom do blues britânico. Medley que ainda assim oferece bons momentos. Desvendar um grupo animado, feito para o palco, sabendo partir para longos improvisos. Mas é Mick Taylor quem é a estrela. Em particular em “The Lesson ” que ele assina, que como o próprio nome sugere é uma verdadeira lição de seis cordas elétricas inspiradas no blues.
Este disco é composto por três peças. Para começar tem “I Can't Quit You Baby” de Willie Dixon, com 10 minutos de duração. Um verdadeiro tour de force de stoner e blues tórrido, beirando o gospel. A guitarra de Mick Taylor é fenomenal. John Mayall continua tão apaixonado como sempre. Mas acima de tudo Dick Heckstall-Smith que em seu suntuoso refrão se inclina para o jazz. Ele é encantador na balada vaporosa e intensa “My Own Fault” que se estende por 11 minutos com esse órgão discreto à espreita trazendo um toque celestial.
Mas há uma abertura um tanto experimental, “Blood On The Night”. 9 minutos estranhos, sombrios, nebulosos e vagamente perturbadores que, em um blues livre e rastejante, descrevem uma noite sangrenta com John Mayall em transe em uma situação dolorosa.
Assim como o volume 2, este disco não é considerado referência na discografia de John Mayall. É difícil acompanhar Blues Breakers With Eric Clapton (1966) e A Hard Road (1967). Mas é mais atraente que John Mayall Play John Mayall (1966), primeiro Lp do chefão do boom do blues britânico também em concerto.
Títulos:
1. Blood On The Night
2. Edmonton – Cooks Ferry Inn (Impromptu)
3. I Can't Quit You Baby
4. Medley: Entrevista com Keef Hartley (somente discurso – improvisado) / Anzio Annie / Entrevista com Keef Hartley (continuação) Entrevista com Into John Mayall / Entrevista com Snowy Wood/John Mayall (conclusão) / The Lesson
5. My Own Fault
6. God Save The Queen
Músicos:
John Mayall: canto, guitarra, orquestra
Mick Taylor: guitarra
Keef Hartley: bateria
Keith Tillman, Paul Williams: baixo
Dick Heckstall-Smith, Chris Mercer: saxofone
Produção: Mike Vernon
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