Depois de ter prestado seus serviços aos Bluesbreakers de John Mayall, em 1967 Peter Green trouxe o baterista Mick Fleetwood e o baixista John McVie para se tornarem um dos pesos pesados do boom do blues britânico com Fleetwood Mac.
Infelizmente, Peter Green tem dificuldade em lidar com seu status emergente de superstar. Personalidade complexa e torturada, até mesmo depressiva, encontra refúgio na religião, mas também em paraísos artificiais, o que só piora ainda mais o seu estado. Em maio de 1970, ele bateu a porta do Fleetwood Mac. No mês seguinte publicou pelo selo Reprise um álbum solo com título premonitório: The End Of The Game com esta capa assustadora onde observamos uma fera rugindo, com presas para fora, pronta para te devorar.
Este é um disco de 33 rpm completamente maluco que o enviará ao planeta Marte. E para esta viagem cósmica o guitarrista leva o tecladista Nick Buck (futuro Hot Tuna), o baixista Alex Dmochowski (The Aynsley Dunbar Retaliation, Frank Zappa), o baterista Godfrey McLean (The Gass) e o pianista Zoot Money (The Animals, Kevin Ayers, Humble Pie). , Alexis Korner…).
Totalmente instrumental, este LP é composto por seis faixas que cheiram a improvisação. São os 9 minutos de “Bottoms Up” que abrem a bola para uma descolagem tranquila num ritmo jazzístico. Então rapidamente o guitarrista assume o comando de sua nave. Subimos uma marcha com muito wah wah. Transforma-se em space rock hendrixiano onde o dubleto baixo/bateria mantém a pressão enquanto as intervenções discretas do teclado trazem um toque misterioso e de fusão. Encontraremos o mesmo espírito em “Burnt Foot” no tempo mais curto que inicia o lado B.
Depois do interlúdio sonhador que é “Timeless Time”, as coisas pioram. Peter Green nos leva a terras estranhas onde uma morte desprezível aguarda o ouvinte incauto. Principalmente nos 8 minutos pouco saudáveis de “Escala Descendente” e nos confusos 5 minutos do título homônimo na conclusão (para um final ainda vaporoso). O piano ameaçador com desvios sinfônicos cruza um perturbador elétrico de seis cordas revestido de reverberação, eco, feedback para um pesadelo sonoro do qual é difícil voltar.
Na verdade, ao ouvir, este vinil está próximo dos testes de ácido do Grateful Dead. Mesmo a pacífica “Profundidade Oculta” não é exceção.
Em suma, Peter Green ofereceu-nos um magnífico disco de acid rock com toques de blues, um álbum psicadélico bem iluminado por saídas progressivas. Mas surge uma questão. É obra de um gênio ou resultado de um cérebro queimado?
Porque depois disso é uma descida ao inferno para Peter Green. Ele tenta convencer seus ex-colegas a doarem sua fortuna aos pobres, se veste de padre, atira em seu advogado e acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico. Até seu retorno em 1979 com o álbum In The Skies num registro menos torturado.
Títulos:
1. Bottoms Up
2. Timeless Time
3. Descending Scale
4. Burnt Foot
6. Hidden Depth
7. The End Of The Game
Músicos:
Peter Green: Guitarra
Alex Dmochowski: Baixo
Nick Buck: Teclados
Zoot Money: Piano
Godfrey Maclean: Bateria
Produzido por: Peter Green
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