segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Meire Pavão - Antologia (1964-68, Jovem Guarda/Brasil)

 






Excelente compilação constituída por 32 temas desta maravilhosa cantora brasileira.

Uma das personagens citadas em ‘Festa de Arromba’, clássico da Jovem Guarda, com Erasmo Carlos, a cantora Meire Pavão paira como um mistério na história do rock brasileiro. Talvez pelo fato de ter desenvolvido a carreira num período de transição entre o rock and roll (Celly Campello) e a Jovem Guarda (Wanderléa), ela ainda não ganhou a devida valorização.
Nascida em Taubaté, filha do maestro Teothônio Pavão e irmã de Albert Pavão, intérprete do clássico ‘Vigésimo andar’, Meire iniciou a sua carreira ainda adolescente com o Conjunto Alvorada. Com o grupo vocal, teve programas exclusivos em TVs e deixou algumas pérolas gravadas, em especial ‘Lição de twist’, resgatada na coletânea ‘Censurar Ninguém se Atreve’.
Em 1964, aos 17 anos, ela assinou com a Chantecler, conseguindo imediatamente o sucesso ‘O que eu faço do meu latim?’, versão do pai para uma música italiana. Motivada pelo hit, lança em 1965 o seu primeiro disco, o LP ‘A Rainha da Juventude’ contendo outro de seus grandes sucessos, ‘Bem bom’, versão para ‘Downtown’, originalmente gravada por Petula Clark.

Meire em 1968

Um ano depois, pela nova gravadora, a RCA Victor, é editado o segundo LP, batizado ‘Meire’, com o maior sucesso de sua carreira, o hit ‘Família Buscapé’, de autoria do irmão e do pai, pagando tributo aos quadrinhos da infância. No mesmo disco, entre originais dos Pavão, outras versões se destacam pela sua originalidade, ou estranheza, como ‘Chame um táxi’ (Taxman, dos Beatles).


Maior herança para as futuras gerações, os seus dois discos ainda inéditos em cd (exceto por uma edição limitada em cdr da série ‘Classic Collection’), são fundamentais para compreender um pouco mais da história do rock brasileiro.
Neles, ouve-se uma cantora dona de um jeito limpo e quase lírico de cantar, e de um repertório de originais e versões extremamente particular, além dos padrões da época. Na verdade, Meire aproximava-se mais do estilo de cantoras como Cilla Black, Sandie Shaw, Mary Hopkins ou Lulu, do que das novas estrelas da Jovem Guarda.


Até 1969, quando se afastou da música para fazer vestibular, Meire ainda conseguiu mais um hit, a música ‘Monteiro Lobato’, atuou na televisão, em programas humorísticos (O riso mora ao lado), de auditório (A Grande Parada, com Wanderley Cardoso) e novelas (Sozinho no mundo). A sua última apresentação, segundo conta o irmão Albert Pavão, no livro ‘Rock Brasileiro, 1955-65’, foi em São Paulo, na cervejaria Urso Branco, ao lado do grupo vocal Os Vikings.
Em 1974, ao lado de Albert, do pai, dos Vikings e de Thomas Roth, Meire retorna ao mundo musical para gravar discos infantis, produzindo alguns clássicos do género sob os nomes de Quarteto Peralta e Trio Patinhas.
Faleceu em 31/12/2008, em Santos-São Paulo/Brasil.



Discografia:

(1968) Monteiro Lobato/Cleópatra • RGE • Compacto simples
(1968) Romeu e Julieta/Garoto dos meus sonhos • Continental •Compacto simples
(1967) Meire Pavão • RCA Victor • LP
(1966) Família Buscapé/Robertinho meu bem • RCA Victor • Compacto simples
(1966) História da menina boazinha/Meu broto aprendeu karatê • RCA Victor • Compacto simples
(1966) Menina boazinha • RCA Victor • Compacto Duplo
(1966) O vovô e a vovó/Depois que a banda passou • Polydor • Compacto simples
(1965) Cansei de lhe pedir/A mesma praia o mesmo mar • Chantecler • Compacto simples
(1965) Bem bom/Broto estudioso • Chantecler • Compacto simples
(1965) Rainha da juventude • Chantecler • LP
(1964) O que eu faço do latim/Tão perto, tão longe • Chantecler • Compacto simples
(1964) Areia quente/Lili • Chantecler • Compacto simples





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