Seguimos em sintonia com a música brasileira, e agora com mais uma do Azymuth. Acho que esse deve ser um dos grupos mais subestimados do mundo da música, levando em conta sua carreira, a quantidade de álbuns e sua musicalidade e estilo, já que o Azymuth é um dos grupos mais transgressores e influentes da música brasileira. Eles definem seu estilo como "samba maluco", embora em suas composições você possa ver desde a bossa nativa até o funk, passando pelo mais clássico jazz, samba, rock e até disco music.
Artista: Azymuth
Álbum: Butterfly
Ano: 2008
Gênero: World Fusion / Funk / Soul / Latin Jazz
Duração: 44:35
Referência: Discogs
Nacionalidade: Brasil
Para os cabeçudos amantes do jazz brasileiro, apresentamos mais um álbum do super trio carioca, que continua mantendo o frescor do puro funk brazuca, com a “Butterfly” do brilhante Azymuth . Uma viagem pela brilhante fusão expressionista que os Azymuths praticam, complementada apenas pela energia cósmica e musicalidade que se esperaria destes mestres.
Será difícil para Joe Davis um dia receber o agradecimento que merece por ter conseguido, em meados dos anos 90, que o trio Azymuth regressasse ao estúdio após vários anos de (relativa) inatividade. O britânico contratou os lendários músicos brasileiros, criadores de uma música que ficou conhecida como samba doido, para gravar seu primeiro disco, Carnival (1996), para sua gravadora, Far Out Recordings, mas o melhor é que foi não se trata de um álbum de retorno oportuno para justificar uma turnê, mas do início de uma segunda fase de gravação.
Mas não, isso não é o melhor, fui precipitado. O que foi realmente positivo foi ver que José Roberto Bertrami, Alex Malheiros e Ivan Conti continuaram interessados em fazer boa música, em se exigirem tanto quanto na juventude e não se contentarem em simplesmente satisfazer seus fãs de longa data com novas gravações.
Durante a segunda metade dos anos 90 e a década seguinte, Azymuth apresentou álbuns estimáveis nos quais, apesar de não continuar a inovar, recuperou brilhantemente a sua característica fusão de jazz, funk e música tradicional brasileira. Este regresso à atividade foi também acompanhado de um merecido reconhecimento da sua enorme importância no desenvolvimento do jazz brasileiro e, também, na criação de uma cena eletrónica especialmente influenciada pela música brasileira.
Na verdade, suas gravações das décadas de 70 e 80 eram material recorrente para produtores que gostavam de samples. Assim, seus álbuns de estúdio alternavam-se com compilações nas quais artistas de destaque da cena eletrônica demonstravam sua admiração como sabiam melhor: remixando suas músicas. Precisamente, este álbum, Butterfly, foi precedido por duas dessas compilações, Pure (The Far Out anos 1995-2006) e Azymuth, ambas publicadas pela Far Out Recordings.
Depois destas duas referências com Azymuth como protagonista mas focado em gravações passadas (a segunda delas foi uma reedição do seu álbum de estreia auto-intitulado), faltou-se a possibilidade de ouvir novas interpretações, algo que finalmente aconteceu no final de 2008 com este álbum que nos preocupa, Butterfly.
Seu material original anterior datava de 2004, com Brazilian Soul, então a impaciência era justificada. Pois bem, teriam sido criadas expectativas ainda maiores ao saber que esse novo trabalho seria o melhor de sua segunda etapa. Começando com uma releitura convincente de Butterfly, o clássico de Herbie Hancock (originalmente incluído em Thrust, de 1974), já é uma boa forma de chamar a atenção, mas esse alto nível é mantido na segunda edição, Os cara la, um excelente exemplo de como o funk e o samba podem coexistir e enriquecer-se.
A partir daí, a festa não diminui até o encerramento com Próximo verão no Rio, e enquanto isso apreciamos tanto seu mais delicado jazz bossanoveado quanto seu mais enérgico jazz-funk percussivo. Além disso, para completar o Butterfly, estão como convidados de luxo Roberto Menescal, Emilio Santiago e Fabiola (como vocalistas), além dos percussionistas Cidinho Moreira e Chacal.
"Butterfly" surgiu trinta e cinco anos depois de definirem um estilo próprio de jazz, funk e samba que gostam de chamar de samba loca. Para os apaixonados pelo som do Azymuth , este álbum traz dez faixas fantásticas que mostram a banda no seu melhor, tecendo uma série de belos motivos jazzísticos que refletem as asas coloridas da borboleta. O resultado talvez seja a síntese do som do Azymuth durante sua carreira, cheio de swing, melodias e paixão. O resultado é um enorme boogie jazz funk que mostra que a banda não perdeu nenhuma de suas proezas.
Seu espaço no Bandcamp: https://azymuth.bandcamp.com/album/butterfly
Track List:
1) Butterfly
2) Os Cara La
3) Meu Doce Amigo
4) Caititu
5) Avenida Rio Branco
6) New Dawn
7) Triagem
8 ) Hole in One
9) Manhã
10) Próximo Verão no Rio
Programação:
– Alex Malheiros / Baixo, Violão, Vocal
– Ivan Conti / Bateria, Percussão, Vocal
– José Roberto Bertrami / Piano, Sintetizador, Vocoder, Teclado, Órgão, Vogais
Rio Cordas / Cordas
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