quinta-feira, 26 de setembro de 2024

CRONICA - STANLEY CLARKE | Stanley Clarke (1974)

 

Após a publicação de Where Have I Know You Before pela Return To Forver em setembro de 1974, Stanley Clarke decidiu lançar seu segundo álbum solo. Porém, para escapar da influência de Chick Corea, chefe do Return To Forever e produtor de seu primeiro trabalho solo em 1973, o baixista/contrabaixista afro-americano deixou a Polydor para se refugiar em Nemperor e cuidar ele mesmo da produção.

Trancando-se no Electric Lady Studio do falecido Hendrix, Stanley Clarke apoia o guitarrista John Connors que deixou o Return To Forever após Hymn Of The Seventh Galaxy em 1973. Na bateria ele traz Tony Williams, ex-Quinteto de Miles Davis que desde o fracasso do Lifetime tornou-se um músico de estúdio. Para os teclados solicitou os serviços de Jan Hammer, ex-Orquestra Mahavishnu. Conduzido por Michael Gibbs, apresenta seções de cordas e metais

Em dezembro de 1974, Stanley Clarke lançou um disco homônimo composto por 6 peças para jazz-rock com um groove poderoso. Um LP onde a técnica é essencial mas facilmente audível pela energia que liberta. A maioria das composições são escritas pelo baixista, mas este LP soa como um grupo.

Se sentirmos a influência de Return To Forever em alguns lugares, Stanley Clarke tenta fugir dela. Porém, é com um título do grupo Chick Corea que o álbum começa, "Vulcan Worlds" (abrindo para Where Have I Know You Before ) intitulado aqui "Vulcan Princess". Mas Stanley Clarke e sua banda entregam uma versão funky rock concisa e sensacional em 4 minutos. Os riffs de sintetizador com som baixo são destrutivos. Os solos elétricos de seis cordas são incisivos. As linhas de baixo são fortes onde Stanley Clarke dá um tapa com um baterista certeiro. Certamente existem essas orquestrações que são pomposas. Mas o quarteto dá-nos a síntese perfeita entre o rock e o funk com um fundo de jazz espacial.

Sem qualquer tempo de inatividade passamos para a luz “Yesterday Princess”. Breve passeio nostálgico onde Stanley Clarke começa a cantar. Breve momento que serve de ligação com o urbano “Lopsy Lu”. Título que nos coloca de volta nos trilhos do formidável jazz rock, por mais funky que possa ser. Só que esta peça é mais revigorante. Coberto de melodias que brincam com as emoções, balança no Bronx! Jan Hammer e Bill Connors conversam entre si, respondendo em voos intergalácticos. No centro, um gibão rítmico imparável e selvagem.

“Power” é uma oportunidade para Tony Williams apresentar um refrão que apresenta uma faixa cósmica cheia de querosene. Aqui novamente Bill Connors brilha com suas intervenções contundentes com comentários metalóides. 

O resto é “Spanish Phases for Strings & Bass” onde Stanley Clarke nos oferece um momento íntimo com o seu contrabaixo, esparso de orquestrações outonais. O caso termina com os 13 minutos de “Life Suite” em quatro partes para uma sublime e épica sinfonia de jazz progressivo com uma atmosfera dramática, tropical, grandiloquente e latina. Relaxado, Tony Williams faz um excelente trabalho. Jan Hammer se volta para o calipso. Bill Connors desenvolve solos sujos antes de vibrar. O percussionista convidado Airto Moreira proporciona momentos exóticos. Quanto a Stanley Clarke, ele é atraente.

Para ouvir sem moderação.

Títulos:
1. Vulcan Princess
2. Yesterday Princess
3. Lopsy Lu
4. Power
5. Spanish Phases For Strings & Bass
6. Life Suite

Músicos:
Stanley Clarke: Baixo, Contrabaixo, Vocais
Jan Hammer: Teclados
Bill Connors: Guitarra
Tony Williams: Bateria
+
Airto Moreira: Percussão
Peter Gordon: Flugelhorn
James Buffington: Trompa
David Taylor, Garnett Brown: Trombone
Jon Faddis, Lew Soloff: Trompete
David Nadien, Charles McCracken, Jesse Levy, Carol Buck, Beverly Lauridsen, Harry Cykman, Harold Kohon, Paul Gershman, Harry Lookofsky, Emanuel Green: Seção de Cordas
Michael Gibbs: Arranjos

Produção: Stanley Clarke



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