sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CRONICA - TONY WILLIAMS | Ego (1971)

 

“  Táxi!”  » pergunta Tony Williams perdido no mato. Após a publicação de Turn It Over em 1970, o guitarrista John McLaughlin e o baixista Jack Bruce deixaram Tony Williams para outros projetos. Sobrevivendo de sua vida está o organista Larry Young, que agora se autodenomina Khalid Yasin.

Mas o baterista não abandona o seu projeto. Para continuar a aventura ele recrutou o baixista/violoncelista Ron Carter, o guitarrista Ted Dunbar e também os percussionistas Don Alias ​​​​e Warren Smith.

A nova formação trancou-se em estúdio entre fevereiro e março de 1971 para lançar Ego logo depois em nome da Polydor. Note-se, porém, a presença de Jack Bruce cantando em uma das faixas.

Feito de 9 peças, percebemos ao ver a capa que Tony Williams está em busca de suas raízes nos levando a um bairro perdido da África Negra. Rapidamente perceptível com o breve título de abertura, “Clap City” onde as percussões galopam. Que encontramos mais tarde cruzando refrões convulsivos de bateria em “Piskow's Filigree” e “Some Hip Drum Shit”. Na verdade essas percussões percorrerão todo o disco trazendo um delírio tribal a um Lp que se afasta do jazz rock metalóide para lhe dar suores frios de trabalhos anteriores. Em suma, Tony Williams Lifetime inventa uma fusão de jazz urbano que cheira a exotismo, não carecendo de mistério e tempero que pode agradar aos fãs de Santana com uma sensação estranha. Também percebemos aromas progressivos em alguns lugares. O órgão elaborando planos à la Keith Emerson, menos o estilo pomposo como podemos ouvir nos 7 minutos de “Lonesome Wells (Gwendy Trio)” com palavras obscuras, delirantes, psicodélicas, fascinantes onde cheiram a noites quentes e suor.

Então neste convite para uma viagem ácida encontramos “There Comes A Time” durante 5 minutos sensuais. Aqui a guitarra desenvolve solos de blues distantes da forma agressiva de tocar de John McLaughlin, quando chega a voz perturbadora de Tony Williams. “Circa” lembra uma trilha bucólica e elevada. Vem o título cantado por Jack Bruce, “Two Worlds” com um cenário enigmático para terminar numa atmosfera desconfortável e vagamente preocupante. Mais tranquilo e sonhador “Mamãe e Papai” chega antes de terminar com “Os Ouriços de Shermêse” que nos leva um pouco de volta às terríveis viagens de Emergência! e vire-o .

Um LP que não é de fácil acesso mas que tem seu charme.

Títulos:
1. Clap City
2. There Comes A Time
3. Piskow’s Filigree
4. Circa
5. Two Worlds
6. Some Hip Drum Shit
7. Lonesome Wells (Gwendy Trio)
8. Mom And Dad
9. The Urchins Of Shermêse

Músicos:
Tony Williams: bateria, voz
Ted Dunbar: guitarra
Khalid Yasin: órgão
Ron Carter: baixo, violoncelo
Warren Smith, Don Alias: percussão
Jack Bruce: voz

Produção: Jack Lewis



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