Ao sexto disco, os Interpol repetem a fórmula que os tornou um dos ícones indie da década. Acumulando tensão ao longo de 13 faixas, com pouco espaço para respirar, Marauder evolui em relação aos trabalhos anteriores mas sem verdadeiramente trazer novas sonoridades.

Marauder é agridoce. O excelente single “The Rover” é o que de mais diferente encontramos neste trabalho do trio nova-iorquino. Soa a post-punk, a agitador de pista de dança, a velocidade, com ecos do primeiro álbum, “Turn On The Bright Lights”.

O resto do disco é uma festa rock, mas um rock fatigado, quase abafado, mais obscuro, mais negro. A abrir com “If You Really Love Nothing”, que soa a Interpol de Antics, seguindo-se o single e a excelente “Complications”, onde a tensão vai subindo ao som da guitarra cada vez mais aguda.

“Flight of Fancy” é quase um grito desesperado, onde o espaço fechado em que os Interpol se encerram parece encher-se ainda mais de negro, obrigando o vocalista Paulo Banks a cantar mais alto, repetindo-se, em eco, até quase deixar de se ouvir sob uma guitarra implacável.

Há sempre uma tensão latente em Interpol, um crescendo que quase explode mas que não chega a atingir o clímax. Ficamos sempre à espera, atentos, nervosos, sentados na beira da cadeira, com a respiração presa à espera da explosão de instrumentos que permitiria libertar toda a tensão acumulada – mas essa explosão acaba por nunca chegar, pelo menos o suficiente para libertar.

É tal o sufoco que se vai adensando que os Interpol nos oferecem espaço para respirar, com “Interlude 1” e “Interlude 2” (na faixa 6 e 12), uma golfada de ar e rock etéreo, um novo fôlego para os temas que se seguem, em novo sufoco com “Montain Child” ou “Surveillance”. “Party’s Over” tem uma bateria repetitiva e perturbadora e, a fechar, depois do segundo interlúdio, “It Problably Matters”, num tom mais ligeiro que todas as músicas anteriores, quase a fazer as pazes com quem ouve.

Desse ponto de vista, os Interpol brindam-nos com um disco perfeitamente produzido, com as faixas na ordem certa. Mas não havendo as flutuações esperadas, com as explosões de guitarras, o aliviar da tensão para novamente a acumular, “Marauder” acaba por soar muito ao mesmo – e aos Interpol que sempre conhecemos.

Apesar das melhorias na produção e da evolução que sentimos na construção do ambiente opressivo e sufocante os Interpol mantêm-se iguais ao que sempre foram. Certamente os fãs ficarão agradados mas, ao sexto disco, já se esperava um pouco mais.