Judy Collins "Wildflowers" 1967

 

Como a maioria dos cantores folk, Judy Collins começou sua carreira como intérprete de baladas tradicionais. Logo em seguida, porém, ela se diferenciou ao escolher material de cantores e compositores contemporâneos - começando com um jovem Bob Dylan em 63, e descobrindo um compositor não tão jovem chamado Leonard Cohen em 1966. Na época, o canadense de 30 e poucos anos (praticamente de meia-idade, para os padrões pop dos anos 60) estava um tanto frustrado por sua falta de sucesso como escritor, e tinha acabado de começar a tentar colocar seus poemas em música. No entanto, ele não estava confiante e nunca havia se apresentado em público antes de Collins colocá-lo sob sua proteção, pedindo-lhe para aparecer como convidado em um evento de arrecadação de fundos que ela fez, e depois em um programa de TV em que ela estrelou. Em 66, ela incluiu duas de suas músicas em seu 6º (e primeiro certificado de ouro) LP,  In My Life . Com a fama de Cohen como compositor ainda não decolando, ela decidiu incluir mais três de suas canções nesta continuação, Wildflowers: aqui, os clássicos modernos "Sisters of Mercy" e "Hey, That's No Way to Say Goodbye" viram a luz do dia pela primeira vez, meses antes de Cohen incluí-los em seu próprio LP de estreia. Uma terceira composição chamada "Priests" nunca foi gravada por ele. Sempre em busca de novos talentos, Collins decidiu promover outra compositora canadense desconhecida; desta vez uma jovem chamada Joni Mitchell. Ela escolheu "Michael from Mountains" e "Both Sides Now" - que mais tarde apareceriam na estreia de Mitchell e em seu segundo LP, respectivamente. Ao lado das baladas dos dois canadenses desconhecidos, ela também incluiu duas canções em língua estrangeira: "La chanson des vieux amants" do franco-belga Jacques Brel, e "Lasso! di donna" do compositor medieval florentino Francesco Landini. Por fim, ela faz a transição de intérprete para compositora, incluindo pela primeira vez três de suas próprias composições. São peças calmantes, meditativas, em sincronia com o resto do álbum. "Albatross" em particular é bastante impressionante, das letras poéticas aos arranjos neoclássicos de Joshua Rifkin, então um talentoso jovem graduado em Julliard e, mais tarde, um renomado estudioso de Bach. Para mim, os arranjos orquestrais neste álbum são uma parte tão grande de seu charme quanto a voz cristalina de Collins. Rica, mas também leve e pensativa, nunca bombástica ou abertamente sentimental como costuma ser o caso na música pop. O resultado é um som barroco-pop-folk prenunciando o que a Renascença e outras bandas de prog fizeram nos anos 70. Claro, o álbum também inclui uma balada barroca genuína na excelente "A Ballata of Francesco Landini - Lasso! di donna". "Both Sides Now" de Mitchell é a faixa relativamente mais otimista; também foi lançado como single, dando a Collins seu primeiro Top 10, bem como seu primeiro prêmio Grammy. No geral, ouvir Wildflowersé uma experiência relaxante, embora não de uma forma muzak, mas de uma forma mais profunda, mais meditativa e, em última análise, satisfatória. Para mim, é um álbum para obter em CD - os estalos e cliques do vinil podem ser bastante irritantes ao ouvir música atmosférica no seu aparelho de som. Na verdade, comprei este muito barato, como parte da Original Album Series - uma série que reúne 5 álbuns em uma pequena caixa de papelão - cada CD é alojado em uma capa de papelão simples que replica a capa do álbum de vinil original. Os preços variam, mas geralmente são menos de € 20. É uma ótima maneira de se familiarizar com a discografia de um artista: em vez de uma única compilação, que é como costumo abordar os artistas que quero conhecer, você obtém 5 álbuns originais pelo mesmo preço. Mais tarde, se alguém gosta do que ouve, pode sempre obtê-lo em vinil.