Segundo as mais clássicas tradições familiares a guitarra portuguesa habitava, com sólidas fundações, na casa dos Paredes. Pai de Carlos Paredes (1925 – 2004), Artur, nascido em Coimbra em 1899, também começou a descobrir o instrumento pelas mãos do seu pai, Gonçalo, e do seu tio, Manuel, ambos bem conhecidos entre os circuitos musicais da cidade. Foi esta ligação à música que o manteve ligado aos círculos académicos (nomeadamente a Tuna e o Orfeon) quando optou por um caminho como guitarrista, tendo não só actuado e gravado a solo como acompanhado grandes figuras do seu tempo como António Menano, Armando Goes ou Edmundo Bettencourt, entre outros, percurso que manteve ao lado de um percurso profissional como bancário.
A Artur Paredes é reconhecido um importante trabalho sobre a morfologia da própria guitarra portuguesa, adaptando-a em busca de uma melhor sonoridade. Virtuoso, o guitarrista registou obra sobretudo para a His Master’s Voice e Alvorada. Foi para a primeira destas duas etiquetas que registou uma leitura instrumental, com arranjo seu, da clássica “Balada do Mondego” (que data de 1902), originalmente com letra de Henrique Martins de Carvalho e música de José Elyseu, versão que Artur Paredes apresentou então com o título “Balada de Coimbra”. O disco surgiu em 1927, dois anos depois de Artur Paredes ter criado este mesmo arranjo, e apresentava na outra face as “Variações Em Sol Maior” da autoria do próprio guitarrista. Ambas as faixas foram gravadas em Lisboa a 18 de maio de 1927 pelo engenheiro britânico Harold Edward Davidson.
Artur Paredes, que assinou diversas obras instrumentais e novas introduções e contracantos para vários fados protagonizou, para além da obra em disco, um percurso pelos palcos que o levaram a Espanha, a França e ao Brasil, morreu em Lisboa em 1980.
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