Jimi Hendrix 80 anos. Todo dia é dia de celebrar o legado do genial guitarrista, cantor e compositor norte-americano, um dos músicos que mais tenho discos na coleção. E o garimpo não tem fim: só este ano descolei pelo menos mais uns 10 novos LPs do mestre para a coleção. Escutando agora um deles, o duplo Both Sides of the Sky (2018), que fecha a trilogia de álbuns póstumos lançados pela Legacy (da Sony Music Entertainment) em parceria com a Experience Hendrix LLC (administrada por membros da família Hendrix) – os outros dois são Valleys of Neptune (2010) e People, Hell & Angels (2013).
São 13 faixas com registros inéditos e versões alternativas para clássicos alheios e autorais, com direito a participações especiais de Stephen Stills, Johnny Winter e Lonnie Youngblood, entre outros. A maioria das gravações data dos dois anos após o lançamento do histórico Electric Ladyland, de 1968. O álbum inclui material de algumas das últimas sessões de estúdio do Experience e também das primeiras sessions da Band of Gypsys.
O disco abre com “Mannish Boy”, hino blueseiro de Muddy Waters, Mel London e Bo Diddley tocado numa roupagem funky e espírito Motown. “Lover Man” é um blues groovado na cozinha de Billy Cox e Buddy Miles, com Hendrix tirando onda e reproduzindo, em meio à musica, o tema da série de TV Batman. A clássica “Hear My Train Comin” vem a seguir numa variante pesada e avassaladora a cargo do Experience. Demais!
“$20 Fine” é uma joia rara inédita de autoria de Stephen Stills que toca órgão e faz o vocal, tendo o auxílio de Duane Hitchings (piano), Mitch Mitchell (bateria) e Hendrix dobrando na guitarra e no baixo. Outra pérola é “Woodstock”, de Joni Mitchell, onde Jimi toca baixo, acompanhado do vocal e o Hammond lisérgico de Stephen Stills e as baquetas de Buddy Miles, numa sonoridade mezza folk, mezza rock psicodélico.
Na bela “Georgia Blues”, rola uma uma jam com velhos amigos… entre eles Lonnie Youngblood, saxofonista e vocalista com quem Hendrix tocou na banda Curtis Knight & The Squires. Em “Things I Used To Do”, o brilhante bluesman albino Johnny Winter troca solos fuzilantes com Hendrix na companhia de Eddie “Guitar Slim” Jones (slide guitar), Billy Cox (baixo) e Dallas Taylor, baterista do Crosby, Stills, Nash & Young. Sonzeira!
Um dos destaques do disco é “Power of Soul”, com a Band of Gypsys fazendo escorrer suor e o groove denso pelos alto-falantes. “Send My Love to Linda” é uma gravação flamejante de 1970, que começa sensual, com acordes suaves e intimistas, mas que passa a ter um andamento acelerado e descamba para um hardão com solos irados. Outras faixas classudas são a frenética “Stepping Stone”, a balada “Sweet Angel” (gravada em Londres) e “Jungle”, uma jam funk pra lá de estilosa e swingada. Para fechar com chave de ouro, o mantra “Cherokee Mist”, que leva o ouvinte a uma espécie de transe tribal, só com Jimi e Mitchell nas instrumentações. Êxtase total!
A edição caprichada contém 2 LPs de 180 gramas, capa dupla e um encarte de 8 páginas com textos, fotos e a ficha técnica. A capa conta com a arte e o design de Phil Yarnall e fotografia de Mike Berkofsky. A mixagem tem as mãos do mago Eddie Kramer, engenheiro de som dos álbuns de Hendrix ao longo de sua vida. A produção têm as assinaturas de Kramer, Janie Hendrix e John McDermott. Discão!
Ouvindo esta maravilha de disco nota-se que, 52 anos após a sua morte, o lendário e imortal Jimi Hendrix continua assombrando os fãs com seu timbre, riffs e solos de guitarra incomparáveis. Para mim, é sempre uma audição de extremo prazer. Que venham mais novidades e pérolas perdidas no tempo do Deus da guitarra! Viva Hendrix!
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