Até aqui apenas a música da primeira temporada de “Succession” conheceu edição em vinil, havendo até uma prensagem numerada de apenas mil exemplares. A música de Nicholas Britell conheceu igualmente lançamento em suporte de CD.
Natural de Nova Iorque, onde nasceu há 42 anos, com formação que o levou tanto à Juilliard School e a Harvard, Nicholas Britell começou por integrar um projeto instrumental na área do hip hop antes de ser chamado, por Natalie Portman, para colaborar na banda sonora de uma curta-metragem em 2008. Apesar de outras colaborações e projetos, foi novamente o cinema que lhe deu uma nova oportunidade maior ao participar na banda sonora de “12 Years a Slave” de Steve McQueen, passo que alarga então o leque de possibilidades e contactos, tendo desde então assinado trabalhos para o grande e pequeno ecrã como, entre outros, a música de “Moonlight” e “If Beale Street Could Talk” de Barry Jenkins (2016) ou “Vice” de Adam McKay (2018) e, mais recentemente, a série “Andor”. Apesar da notoriedade alcançada já em alguns destes projetos, foi contudo ao ser desafiado a compor a banda sonora de “Succession” que deu o passo que o poderá transportar, agora, para um outro patamar.
Convidado pelo produtor executivo Adam McKay – que com ele havia já colaborado em “Vice” – Nicholas Britell procurou e encontrou nas suas próprias referências e vivências o caminho para chegar à música de uma saga familiar vivida em ambiente ultra-rico e sofisticado, sublinhando um ecossistema vivido junto das cúpulas do poder financeiro e político, estatuto suportado pelo sucesso e dimensão de um enorme império a operar na área dos media. Pensada num espaço de diálogos entre ecos da tradição clássica ocidental e e o clima do nosso tempo (aqui ora através de sugestões ambient ora por via de batidas da escola hip hop), a música sugere um clima tenso nos ambientes, mas sempre elegante e segura.
Ao invés do que poderia ter sido o pensamento perante uma trama tão rica em personagens de grande carisma (que poderiam ter desencadeado a caracterização de leit motifs individuais), Britell optou por desenhar sobretudo variações e evoluções dos principais temas, juntando ocasionalmente segmentos sobretudo cenográficos, concedendo ao todo antes uma coesão de conjunto que sublinha as necessidades e nuances emocionais e plásticas das cenas e na verdade só sobressai de modo mais evidente (sem assim perturbar o curso da trama) quando escutada em disco. O tema do genérico, que valeu ao compositor um prémio nos Emmys em 2019, ganhou já (juntamente com o trabalho nas imagens) um lugar na história dos melhores genéricos na história da ficção televisiva.
As quatro temporadas têm as respetivas bandas sonoras editadas individualmente, todas elas, à exceção da primeira, apenas disponíveis em suporte digital. Cabe assim à primeira temporada o papel de ter até aqui fixado em LP e CD esta importante contribuição para a criação de “Succession”. Há duas edições limitadas em vinil (uma delas numerada) que podem atingir valores acima dos 300 euros e uma em CD, igualmente disputado já entre colecionadores.
“Succession – Season 1”, de Nicholas Britell, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais, num lançamento da Milan Records (a reedição em LP é da Sony Classical).
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