Os Black Rebel Motorcycle Club não surpreendem ninguém e fazem em Wrong Creatures o que sempre souberam fazer: um bom disco de rock.
Parece incrível, mas foi há uns longínquos 17 anos que os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) estiveram na linha da frente do ressurgimento do rock, na primeira década deste século. Outras bandas se seguiram e reclamaram os lugares cimeiros do movimento, com os Strokes acima de todos, mas foram os BRMC quem deu o mote, através do seu disco de estreia e da malha que dizia o que todos estávamos a pensar: “Whatever happened to my rock n’ roll?”.
Nunca mais os BRMC foram tão urgentes, tão relevantes, tão ameaçadores. Desde então, os bastiões do rock foram desfilando e fazendo estragos: Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Queens of the Stone Age, White Stripes, Jack White, Black Keys e muitos outros. Os BRMC sempre continuaram, sempre estiveram lá, mas a sua marca fica muito mais a dever ao tal disco de estreia do que a algo que tenham feito, entretanto, e que tenha entrado para o mainstream colectivo.
Agora, chegados ao oitavo disco, quem são os Black Rebel Motorcycle Club? São uma bela banda de rock.
O capítulo de 2018 chama-se Wrong Creatures e chega num momento importante, em que muitas cabeças pensantes, normalmente de boné, esfregam as mãos falando da morte do rock, como tantas vezes já fizeram, tendo estado sempre enganadas.
Para estes arautos de um futuro no qual eu não quero viver, este disco até pode servir de rato de laboratório para provarem a sua tese. É que, na verdade, Wrong Creatures tem em si tudo o que, em 2018, está de certo e errado no rock.
O que está certo é a atitude, o espírito, o som. O que está errado é a falta de evolução, de mudança, de novidade, essa droga que inebria quem está sempre à procura da próxima coisa.
Em Wrong Creatures temos o bom e velho rock dos BRMC, em temas como “Spook” e ; temos ecos dos Jesus and the Mary Chain, shoegaze e até psicadelismo, na excelente “Echo”; temos baladas cansadas, como “Haunt” . Temos na verdade, um disco rock de uma coerência à prova de bala.
O que não temos é qualquer revolução, qualquer ruptura. Apesar de tudo, há alguma abertura estilística que, a espaços, a banda sempre teve, como as incursões pelos tons mais psicadélicos. Ainda assim, nada que fuja demasiado ao tom narcotizado da voz e da distorção suja das guitarras, o que traz unidade ao disco mas que rouba individualidade aos temas. É um disco para ser consumido como um todo, como o bom e velho rock n´ roll nos habituou.
É isto que salva o rock? Não. É isto, entre muitas outras coisas, que mostra que o rock pode não estar a andar para a frente, mas estará lá sempre para nós.
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