sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Bob Crewe e Charles Fox “Barbarella” (1968)

 

Um filme de ficção científica de 1968, com uma costela erótica e um travo de bom humor, Barbarella conquistou por vários motivos um lugar de relevo na história da cultura popular. Deu nome aos Duran Duran (na verdade o nome da banda é baseado na personagem Durand Durand, tirando “d”s), deu a Jane Fonda um dos seus papéis mais icónicos, mas fixou igualmente imagens e sons que refletem memórias dos dias em que o filme nasceu. Baseado numa banda desenhada, o filme, assinado por Roger Vadim, conta a história de uma missão que o presidente da Terra confia a Barbarella (Jane Fonda) que assim parte numa missão que tenta travar os desejos de conquista do universo pelo Dr Durand Durand, o inventor do… raio positrónico. Ou lá o que era…

         Se a narrativa é saborosa leitura light (e divertida) sobre códigos das histórias de ficção científica com aroma de aventuras e se as imagens cedo revelaram um potencial enorme de resistência à erosão do tempo, gerando um clássico de culto, na música devemos encontrar outro dos trunfos maiores de Barbarella. E a coisa fica logo bem clara na sequência que acompanha o genérico (e um strip da atriz) ao som da canção que dá título ao filme. Sinais dos tempos, numa letra que fala de “Barbarella psychadella”, são igualmente fixados numa banda sonora que tanto serve as necessidades cénicas e narrativas do filme como acentua o tom kitsch das imagens numa abordagem que não foge dos caminhos da música lounge, tanto que o tempo acabaria por muitas vezes registar o disco na categoria “exotica”.

         Mais instrumental do que cantada – apesar de algumas canções deliciosas para além da que serve o genérico – a banda sonora é assinada pela dupla Bob Crewe e Charles Fox. O primeiro foi autor de muitas canções de sucesso (algumas delas entregues às vozes dos Four Seasons). O segundo é um compositor com um historial igualmente longo de trabalho, aqui sobretudo na escrita de música para televisão e cinema (é dele, por exemplo, a canção-tema da série The Love Boat), tendo Barbarella representado o seu primeiro desafio de grande fôlego. A banda sonora surgiu em disco em 1968 numa interpretação da Bob Crewe Generation Orchestra, com canções interpretadas pelos Glitterhouse e pelo próprio Bob Crewe.




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