Um total de 114 episódios de 30 minutos, originalmente transmitidos entre 1958 e 1961 (primeiro na NBC, depois na ABC), deram vida a Peter Gunn, o primeiro detetive privado imaginado de raiz para uma ficção televisiva. Porém, é pela música então criada por Henry Mancini que, ainda hoje, se fala de Peter Gunn. Na verdade será injusto esquecer aqui o papel de Blake Edwards, o criador da série, que mais tarde conheceria momentos de reconhecimento mais duradouros pelos seus feitos na realização de filmes como Boneca de Luxo (a adaptação ao cinema de Breakfast at Tiffany’s de Truman Capote), o musical Victor Victoria ou a série de cinco filmes “A Pantera Cor de Rosa”, com Peter Sellers a vestir a pele do Inspetor Clouseau. Blake Edwards realizou oito episódios na primeira temporada de Peter Gunn, dois na segunda e na terceira já só assumiu a escrita do guião dois dois últimos. Presente de fio a pavio, a música de Henry Mancini chegou a disco num álbum editado em 1959, poucos meses depois da estreia do primeiro episódio (emitido em setembro de 1958).
Com um percurso profissional iniciado em 1946 junto de Glenn Miller (trabalhando então como pianista e arranjador), Mancini encetou em 1952 uma relação mais próxima com os universos do cinema e da televisão. Quando, em 1958, foi chamado para criar a música para Peter Gunn, tinha já vários trabalhos seus no cinema e televisão, porém nenhum deles creditado. Trabalhava então em música que ficava guardada na biblioteca do estúdio para que pudesse ser utilizada quando necessário. Em 1957 tinha-se estreado em disco com o LP The Verrsatile Henry Mancini, lançado pela Liberty. E, no ano seguinte, Sousa in Stereo, na Warner. O disco com a banda sonora de Peter Gunn colocaria um ponto final no relativo anonimato. E seria o cartão de visita para uma carreira futura que dele fez um nome maior na história do cinema norte-americano.
A música de Peter Gunn tinha o jazz como terreno de partida, mas refletia sobre ecos da emergência do fulgor do rock’n’roll. E desse confronto, assim como de ideias instrumentalmente bem sucedidas – como o colocar o piano a acompanhar, com as mesmas notas, a guitarra no tema-título – arrebataram atenções. O álbum, editado pela RCA Victor, gerou um caso de sucesso, tanto que acabaria por surgir um segundo volume, com o título More Music From Peter Gunn, ainda em 1959.
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