As First Aid Kit trazem-nos um disco sobre corações partidos, melancólico e bonito, mas onde falta o rasgo de sair da zona de conforto.
Passaram três anos e meio desde o último trabalho do duo folk-rock sueco First Aid Kit e as irmãs Söderberg trazem-nos um disco para tentar curar um coração partido. O trabalho foi escrito depois de Klara ter terminado uma relação – e a viver num país diferente de Johanna devido a conflitos entre as duas – e essa melancolia e tristeza da separação sente-se em cada verso e em cada acorde de guitarra.
A abrir temos “Rebel Heart”, um tema onde as vozes entrecruzam e vão acompanhando o crescendo do excelente instrumental. A primeira faixa do disco promete, promete muito, assim como promete o excelente primeiro single, “It’s a Shame” – mas depois o resto do álbum é composto por altos e baixos, com menos consistência do que seria de desejar depois de um começo tão auspicioso.
Há delicadeza, há amor, há drama, há raiva. Há de tudo neste disco, em que as duas irmãs parecem desligar-se da adolescência dos seus primeiros trabalhos e nos oferecem um álbum mais adulto, bem produzido, cheio.
Neste processo, perderam a simplicidade do folk para tentarem fazer uma coisa diferente – e resulta, pelo menos nas músicas em que se atrevem a arriscar. “Fireworks” é um bom exemplo e em “To Live a Lie” há uma simplicidade cristalina que enternece mas em “Postcard” tocam já no country e o resultado não é tão bem conseguido e “My Wild Sweet Love” vai certamente ser ouvida em repeat por muitas adolescentes a recuperar de um coração partido. Não podemos deixar de falar de “Nothing Has to Be True”, que encerra o disco: há tristeza e desalento no início acústico mas depois chega um final tão épico que percebemos que vai tudo ficar bem, que os corações partidos têm remédio.
A falha neste disco é que as First Aid Kit acabam por não sair da zona de conforto. Quase o fazem, com os instrumentais mais cheios e as vozes cristalinas a soarem mais desafiadoras. Mas a segunda metade do álbum não surpreende tanto como a primeira – embora também não choque.
O álbum não deixa de ser bonito e enternecedor mas a verdade é que, ao quarto álbum, esperava-se um pouco mais. Talvez no próximo trabalho, já de desgosto refeito, as First Aid Kit consigam verdadeiramente libertar-se e arriscar dar o salto que faltou neste trabalho.
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