quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Discografias Comentadas: The Rolling Stones – Parte II

 Discografias Comentadas: The Rolling Stones – Parte II

Nesta semana, a coluna Discografias Comentadas traz a segunda parte da discografia dos Rolling Stones, englobando os discos lançados na década de 70 (de 1971 a 1980). Mick Jagger (voz), Keith Richards (guitarra), Bill Wyman (baixo), Charlie Watts (bateria) e o então novo membro Mick Taylor (guitarra) adentraram a nova década cobertos de glória, fama, problemas, incertezas e desafios. Por um lado, eram uma banda no auge da popularidade e agora com gravadora própria (Rolling Stones Records), podendo lançar seus discos como bem entendessem – inclusive com a capa que quisessem. Por outro lado, descobriram ter sido enganados pelo antigo empresário Allen Klein, o qual ganhou direito sobre tudo o que a banda lançou até 1970, o que fez muita música de fins da década de 60 só aparecer nesses primeiros álbuns dos anos 70. Musicalmente falando, Keith Richards se dedica mais à guitarra-base, deixando boa parte dos solos para Taylor, guitarrista mais técnico, mas, na minha opinião, sem o diferencial que marca os trabalhos de Keith. Os dois primeiros discos da década, Sticky Fingers e Exile on Main St. são provavelmente os mais amados pelos fãs e aplaudidos pela crítica em geral, mas este que vos fala é um apaixonado pela fase Brian Jones, então considero esses discos ótimos, mas longe de serem o ápice criativo da banda. Dito isto, vamos às pedras, quer dizer, às resenhas! Se você não leu a primeira parte clique aqui.

Sticky Fingers [1971]
Uma das capas mais famosas do rock – mais uma de Andy Warhol –, homenageada, entre outros, pelo Mötley Crüe no álbum Too Fast for Love (1981), guarda em seu interior um dos álbuns mais populares dos Stones. Sticky Fingers segue a linha de Let It Bleed, fazendo uma mescla de rock, country e blues, com pitadas de soul e funk, e exaltando os excessos da vida rockeira, de forma às vezes chocante – tal como a capa em que se pode abrir o zíper da calça e deparar-se com uma cueca de algodão! Os Stones mantêm a tradição de decidir tudo no primeiro round (como em “Sympathy for the Devil” e “Gimme Shelter”, que iniciam, respectivamente, Beggars Banquet e Let It Bleed), e o golpe da vez é a contagiante “Brown Sugar”, similar a “Live With Me” do disco anterior, mas se destacando pelo riff, simples mas inesquecível, e pelos empolgantes gritos de “yeah” em coro, quase ao final. Mas a banda nunca foi um time retranqueiro e não quer saber de “administrar o jogo”. Depois de nocautear o ouvinte com a primeira faixa, eles pisoteiam o adversário com uma série de golpes certeiros. O primeiro deles é “Sway”, faixa até meio esquecida da banda, mas muito emotiva, carregada, antecipando os melhores momentos de Exile on Main St., e com destaque para as guitarras de Jagger e Taylor – Keith faz apenas backing vocals – e o vocal exasperado de Jagger. A clássica “Wild Horses” não me agrada tanto quanto outros clássicos dos Stones, mas jamais poderei considerá-la ruim. A faixa seguinte, “Can’t You Hear Me Knocking”, seria um ótimo número dos Stones, com um belo groove e um refrão ótimo pra cantar junto, e nada mais que isso, se a banda não tivesse se empolgado após o “fim” da faixa e realizado uma jam no maior estilo Santana que não havia sido programada, mas que – graças a Deus ou ao Diabo – ficou registrada, para honra e glória de nós, ouvintes! Após o cover pantanoso do blues “You Gotta Move”, temos “Bitch”, faixa bem direta e de andamento quadrado, com um arranjo pra metais e um riff que lembra “Rock ‘n’ Roll Queen” do Mott the Hoople. “I Got the Blues” lembra as soul ballads de Otis Redding e possui uma linda interpretação de Jagger e um belo solo de Billy Preston ao órgão. “Sister Morphine”, com seu clima de ressaca, antecede “Dead Flowers”, que figura entre minhas canções country favoritas, com seu refrão marcante e sua letra deprimente. Pra encerrar o disco, a belíssima “Moonlight Mile”, faixa altamente zeppeliniana (Dá até pra imaginar Robert Plant cantando essa música!). Com a delicadeza de seu arranjo e execução, incluindo mesmo um arranjo de cordas que a certa altura acompanha uma marcha solene iniciada pela guitarra, é um encerramento de disco bastante majestoso, situado em alturas muito elevadas que exigirão uma queda dolorosa para que se chegue à lama de onde brota o disco seguinte!
Exile on Main St. [1972]
Exile é um album de raiz. Vai tão fundo nas raízes que traz à tona toda a sujeira, excrementos, enfim, tudo o que há de mais vil e baixo no universo do rock. O disco foi gravado na Villa Nellcôte, antigo bunker nazista apropriado por Keith e ocupado nessa época pela banda e por músicos, traficantes e drogados diversos, os quais geraram mitos que serviriam de objeto para livros e filmes diversos, e nas horas vagas geraram também um mito chamado Exile on Main St.! Muitos poderiam reduzi-lo a um álbum simples, como eu mesmo, que não gosto tanto das faixas mais blueseiras. Não se pode, porém, dizer que há nele faixas mal trabalhadas ou desnecessárias. Mesmo a faixa mais estranha do disco, “I Just Want to See His Face”, provavelmente a que menos gosto, é uma das músicas favoritas do músico Tom Waits! Vamos então aos meus destaques, só ressaltando que são meus, e não seus ou do Tom Waits! Os Stones gravaram mais uma sensacional faixa de abertura na história: “Rocks Off” – faixa que, por algum motivo, me soa bem “anos 90” – é mais uma faixa animada, mas não como as anteriores dos Stones. A coisa toda parece surgir de alguma decepção, uma decepção tão grande que você se afogou na bebida – ou no que mais preferir – até perder a noção de si, chegando a um estado de desesperada euforia! Jagger canta: “I can’t even feel the pain no more!”. Tudo nessa música convida ao êxtase: a estrofe, a ponte, o refrão, sendo este um caso à parte: uma mixórdia de vozes, onde mal se sabe quem é a voz principal e quem são as vozes de fundo, isso tudo sobre uma cama sonora que parece ter sido destruída por uma noite de sexo selvagem! Jagger chegou a reclamar de não ouvir sua própria voz na música, mas é essa indefinição total o que torna a faixa espetacular! Aliás, a performance vocal de Jagger está melhor do que nunca em Exile, e o auxílio dos backing vocals confere ainda uma maior perfeição à parte vocal do disco. A faixa seguinte, “Rip This Joint”, não é das minhas favoritas, mas destaca-se, com sua rapidez e agressividade, por anteceder o punk em uns quatro anos! Destaque verdadeiro vai para “Tumblin’ Dice”, faixa com grande apelo country, onde a guitarra de Keith chora e faz chorar, e onde, próximo ao final, ele entoa um “keep on rollin” que parece se dirigir à própria banda! Destaco também as diversas faixas lentas, pelas quais cabe saudar Mick Jagger, que foi o responsável pela sonoridade gospel de boa parte do álbum, quando as gravações se transferiram para Los Angeles e ele fez os arranjos pra piano e vozes de apoio, tentando “tirar o disco da lama”! Destaque em especial para as belíssimas “Loving Cup” e “Let It Loose”, esta última – que certamente serviu de modelo para as melhores baladas do hard oitentista – possuindo uma das mais emocionadas interpretações de Jagger! Uma das canções mais populares do disco é “Happy”, composta quando Keith chegou cedo demais para as gravações e não tinha nada pra fazer! A faixa seguinte, porém, eu considero muito mais digna de figurar entre os clássicos da banda. “Turd on the Run” é uma espécie de skiffle com sotaque punk, tão empolgante – e também subestimado – que você nem liga se o título da música é realmente “cocô em fuga” e já está cantando junto o verso “I lost a lot of love over you!”, sempre seguido de gritos e da gaita furiosa de Jagger! Pra fechar o disco, escolheram “Soul Survivor”, uma grande música, funkeada e bem “pra cima”, mas que pouco ou nada tem de música de encerramento! Mas, se considerarmos que essa experiência sonora foi um verdadeiro “exílio” nas terras lamacentas de onde brotou o rock – e não são poucos os que consideram esse disco a cartilha básica do estilo –, nada melhor que uma faixa como essa, com cara de começo, pra encerrar o disco: foi oficialmente inaugurado o rock ‘n’ roll!

Goats Head Soup [1973]

Gravado na Jamaica, um dos únicos locais no mundo onde todos da banda ainda tinham permissão pra ficar nessa época, o sucessor de Exile on Main St. pode não conter tantas canções realmente memoráveis como o disco anterior, mas é um álbum consistente, sem nenhuma falha e com algumas faixas marcantes. O disco possui uma sonoridade influenciada pelo glam rock de então e talvez pelo ambiente e a variedade de nacionalidades a que pertenciam as diversas pessoas envolvidas na gravação. Uma magia – negra, pois negra é a música dos Stones – parece tomar conta da atmosfera, e você pode sentir as forças malignas que são libertas de seu sono milenar pelas primeiras notas de guitarra que iniciam “Dancing with Mr. D” (“Death” ou “Devil”?). O vocal de Jagger soa abafado por toda a faixa, como se fosse uma presença sobrenatural ou estivesse a esbaforir fogo e enxofre! Na continuidade, porém as coisas se acalmam com a bela “100 Years Ago”, faixa calma, de clima nostálgico, com um encerramento mais acelerado. “Coming Down Again”, balada bastante calma onde Keith canta sobriamente as estrofes, deixando Jagger comandar os refrões, não está no nível de uma “Let It Loose”, por exemplo, mas é uma ótima balada, tão boa quanto a clássica “Angie”, que se encontra mais à frente nesse disco. O título de “Doo Doo Doo Doo Doo (Heartbreaker)” pode enganar, mas na verdade a letra não versa sobre amor, e sim sobre a morte precoce do possível amor que habitaria o coração de uma criança de dez anos, baleada no peito em um erro policial. Jagger deixa entrever um pouco da visão de tal cena odiosa em sua interpretação, mas a música, em geral, tem um astral elevado. Após a famosa “Angie”, a banda entra com “Silver Train”, faixa ainda mais animada e com um ar mais tradicional. Apesar de ser distinta do restante do disco, a faixa, que canta o amor de uma prostituta, não soa deslocada. “Hide Your Love” parece conduzir o disco de volta a sua atmosfera típica, investindo em motivos tradicionais como a faixa anterior, dessa vez na forma de um blues lento ao piano, mas retornando àquela ambiência quase mística. Essa ambiência irá dominar as duas faixas seguintes, “Winter” e “Can You Hear the Music”, em especial a primeira, que possui um belo arranjo de cordas. Pra encerrar o disco, a versão tipicamente stoneana do “Ziggy Stardust” de Bowie: “Starfucker”! Os distribuidores insistiram para que mudassem esse título, que acabou virando “Star Star”, mas a banda repete incansavelmente esta doce alcunha durante os refrões. Ainda imiscuída no universo glam, com um toque de Chuck Berry, a faixa se despede, entretanto, da aura esotérica que permeia o disco, prenunciando o próximo lançamento da banda.
It’s Only Rock ‘n’ Roll [1974]
Este é o último disco a contar com Mick Taylor nas guitarras, e Ronnie Wood (ex-guitarrista dos Faces) faz já sua primeira aparição, na faixa-título, mas não como guitarrista oficial. Este foi o primeiro CD que comprei da banda, mas o considero o disco que inicia a pior fase da carreira dos Stones! Mas quem disse que o pior precisa ser ruim? Apesar de não contar com tantos clássicos quanto os discos anteriores e de apresentar um Keith Richards cada vez mais decadente em seu vício, os álbuns dessa fase possuem momentos bastante agradáveis, alguns realmente memoráveis. It’s Only Rock ‘n’ Roll (também referido como IORR), em particular, conta com a melhor atuação de Mick Taylor nos Stones, a meu ver, apesar de ele não participar de três das faixas contidas no álbum. Vamos então ao disco! Diferentemente dos álbuns anteriores, que sempre abriam com faixas marcantes, IORR inicia com “If You Can’t Rock Me”, a faixa mais AC/DC dos Stones, que revela a permanência da sonoridade glam no som da banda, mas sem o brilho de Goats Head Soup. Entretanto, seu refrão parece referir-se a ela própria, quando diz: “If you can’t rock me, somebody will!”. Esse “somebody” se encontra mais à frente, após o cover bacana de “Ain’t Too Proud to Beg”, e é a própria faixa-título. “It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)” é um verdadeiro hino! É nitidamente inspirada em “Get It On”, do T. Rex, mas não constitui de forma alguma uma mera cópia, e decidir qual a melhor das duas é um dilema! As baladas desse disco não se equiparam às do anterior, mas são boas. A primeira delas, “Till the Next Goodbye”, e a faixa posterior, “Time Waits for No One” foram em parte as responsáveis pela saída de Mick Taylor, pois ele queria receber crédito como co-autor por ambas. Na minha opinião, elas não valem isso tudo, mas eu destaco nessa última o próprio Taylor, que faz um trabalho de guitarras impecável! Vale destacar ainda “Luxury”, a ótima “Short and Curlies”, que resgata a sonoridade de Exile on Main St., mas sem figurar como clássico, e, por fim, talvez o primeiro “funk até o caroço” dos Stones, “Fingerprint File”. Essa faixa possui um ótimo trabalho de bateria do subestimado Charlie Watts e do baixo, aqui tocado por Mick Taylor – Bill Wyman toca sintetizador –, pra não falar das guitarras envenenadas de Keith e Jagger e do vocal debochadíssimo deste último – os primeiros “hmm-hmm” são de arrepiar! Resumindo, IORR é um disco agradável, mas que está longe de ser um clássico. É apenas rock ‘n’ roll. (Mas eu gosto!)
Black and Blue [1976]
O disco foi gravado enquanto os Stones ainda selecionavam o substituto de Mick Taylor na segunda guitarra, e alguns dos candidatos à vaga são os responsáveis pelas seis cordas em algumas músicas, incluindo obviamente aquele que seria o definitivo segundo guitarrista dos Stones até hoje, Ronnie Wood. Black and Blue dá continuidade a IORR, já abrindo com mais um legítimo funk, mas dessa vez não tão cafajeste: “Hot Stuff” é bem mais limpa (lembrando um pouco a “Stuff Like That” de Quincy Jones, já pelo título) e inferior a “Fingerprint File”. Em seguida, o primeiro destaque do disco, “Hand of Fate”, com um vocal bem cheio de Jagger e um belíssimo solo do guitarrista Wayne Perkins. Em vez de blues ou soul, o cover presente aqui é do reggae “Cherry Oh Baby”, bem similar à original de Eric Donaldson. Os Stones seguem com suas baladas lentinhas e seguem piorando. “Memory Motel”, com um trecho cantado por Keith ainda tem seu charme, mas a famigerada “Fool to Cry” só me desce em dias bem generosos. “Hey Negrita”, “inspirada por Ronnie Wood”, não impressiona, enquanto que “Melody”, “inspirada por Billy Preston”, o qual toca piano e auxilia Jagger nos vocais, é bem interessante, lembrando um pouco “Hide Your Love” e fazendo um verdadeiro resgate da musicalidade negra dos anos 40 e 50 nos EUA. Os Stones mais uma vez resolvem investir suas fichas no encerramento do álbum, com a linda “Crazy Mama”, onde Keith esbanja sentimento com seu choroso riff de notas ligadas e se unindo a Jagger para o simples e belíssimo refrão, não conseguindo, porém, tornar o álbum mais do que mediano.


Some Girls [1978]
Esse disco marca a alegada “limpeza” de Keith, que se livraria da heroína e recuperaria o “s” no final de seu sobrenome, tentando recuperar, além disso, sua parcela de liderança nos rumos do grupo! Por ora, no entanto, é Jagger ainda quem comanda o barco. A banda mais uma vez abre o disco com um funk – quase disco –, dessa vez com um certo tempero de blues, na faixa “Miss You”. A fórmula tinha tudo pra dar certo, e pra muita gente até deu, mas comigo essa música não desce muito bem, apesar de dois pontos altos: o trecho “oh, baby, why you wait so long” e o solo de sax da lenda Mel Collins, antecedido por um gritinho de Jagger. O que se vê depois é a imagem do pai que se rende à rebeldia dos filhos: os Stones substituem suas faixas animadas tradicionais por uma espécie de “punk institucionalizado” (chamo institucionalizado, pois o que são os Stones senão uma verdadeira instituição, cujo símbolo da boca-e-língua – um convite à felação? – é a própria logomarca do rock?). “When the Whip Comes Down”, “Lies”, “Respectable” e “Shattered” são, cada uma a seu modo, sinais de adaptação dos Stones aos novos tempos de músicas mais simples, rápidas e diretas – a primeira nem tanto (outro efeito do punk sobre a banda foi a diminuição dos músicos adicionais, sendo esse disco e o posterior fortemente centrados no trabalho dos membros da banda). A banda, porém, costuma se dar bem nessas atiradas loucas, e “Lies” e “Respectable”, principalmente, têm seu valor. No lado A, temos ainda a versão bacana para “Just My Imagination” e a faixa-título, razoável e que tem um pé no reggae. Mas é no lado B que a banda surpreende! Logo de início, na belíssima “Far Away Eyes”, Mick Jagger rende um tributo à música country, em sua vertente denominada “Bakersfield sound”, citando até a cidade na letra – que é ótima. Destaque para o refrão, que me tenta fortemente a considerar essa a melhor música dos Stones, e para a guitarra slide de Ronnie Wood, que se alia ao refrão nessa causa! A segunda surpresa é “Before They Make Me Run”, cantada por Keith e que também possui um certo feeling country, mas numa linha mais animada. E, finalmente, antes de encerrar o disco com “Shattered”, ouvimos uma canção tão bonitinha, tão fofinha, que deve ter indignado uma boa parcela dos fãs cabras-machos da banda! Ouvir Jagger e Richards em falsetto cantando “pretty, pretty, pretty, pretty, pretty, pretty giiirls”, como se estivessem a acariciar um bebê, só pode ser brincadeira! Mas é uma brincadeira sensacional! Como não tenho necessidade de afirmar minha masculinidade e assim reprimir algum desejo oculto, “Beast of Burden” entra para a minha lista de melhores baladas dos Stones, sem dúvida alguma!

Emotional Rescue [1980]

Apesar de o disco anterior ter dado um sopro de vida na música dos Stones, sendo superior a Emotional Rescue, aqui se realiza um certo resgate da desorientação de meados da década de 70, pois o disco serve de molde para bons trabalhos que o seguiriam, abrindo caminho para o aclamado Tattoo You, além de apresentar fortes sinais da recuperação de Keith Richards. Uma primeira cartada contra o anterior aparece logo de cara: “Dance (Pt. 1)” é o funk definitivo da banda, onde tudo funciona perfeitamente bem! Quando eu era criança, meu pai tinha esse CD, e eu lembro de pegá-lo para ouvir, permitindo que as faixas passassem com certa impaciência, até não aguentar e retornar para essa, que foi a primeira música dos Stones pela qual me apaixonei! Há ainda as incursões no punk, com “Let Me Go”, “Summer Romance”, “Where the Boys Go” e “She’s So Cold”, esta possuindo um clima mais light. Nenhuma chega a impressionar, mas não são um lixo total. “Send It to Me” mantém as influências de reggae, enquanto “Indian Girl”, uma faixa consistente, de sonoridade country, não chega a ser um clássico, mas faz viajar em seu clima distante, especialmente se atentarmos à letra, que narra o drama de crianças do Terceiro Mundo, cujos pais se enfrentam em duras guerras civis. “Down in the Hole”, apesar de não me agradar muito, é mais um diferencial, pois tem os pés totalmente fincados no blues, estilo que recupera seu lugar de direito no som da banda. A faixa-título é mais uma incursão na disco-music, interessante, mas nem de longe uma grande música. O encerramento, com “All About You”, tal como quase todo o disco, é um tanto morno, mas novamente abre caminho para boas coisas que os Stones fariam depois, no caso, músicas lentas com o vocal grave de Keith. Resumindo, Emotional Rescue é isso: um disco morno, mas cuja fórmula seria aperfeiçoada e garantiria a sobrevida da banda!

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