quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Discografias Comentadas: The Rolling Stones – Parte I

 


Nesta semana iniciamos uma série de três matérias englobando a discografia de uma das bandas mais influentes e revolucionárias da história da música, os Rolling Stones! Próximos de completar 50 anos de existência desde sua fundação, em 1962, os Rolling Stones possuem uma vasta discografia, consistindo, além de singles e EPs, de diversos álbuns de estúdio e ao vivo, além de inúmeras compilações trazendo material já lançado ou não. Por conta disso, dividiremos sua discografia em três partes: (I) década de 60, (II) década de 70 e (III) década de 80 e seguintes. Trataremos apenas dos álbuns de estúdio lançados originalmente no Reino Unido, o que exclui uma série de álbuns de estúdio lançados de 1964 a 1967 apenas para o mercado estadunidense. Esses discos que saíram apenas nos EUA costumavam abrigar faixas oriundas de singles e EPs de sucesso, portanto apenas neles se pode encontrar músicas como “As Tears Go By” e “Let’s Spend the Night Together”, entre muitas outras. Outras faixas, como “Jumpin’ Jack Flash”, “19th Nervous Breakdown” e a versão original de “Honky Tonk Women” não saíram em nenhum álbum de qualquer dos dois países, podendo ser encontradas apenas em compilações. É importante que isso seja dito para que o leitor não deixe de correr atrás desse material que ficou de fora, o qual também inclui “The Last Time”, canção famosa atualmente pela polêmica com “Bitter Sweet Symphony”, do The Verve, e “Paint It, Black”, o primeiro single que alcançou o topo das paradas contendo uma cítara na gravação. A discografia inglesa, no entanto, contém também um bom número de verdadeiros clássicos que nem sempre recebem o devido reconhecimento – mas aqui eles o receberão! Antes de iniciar os comentários sobre cada disco, quero apenas ressaltar o fato de que os Stones evoluíram de um grupo interessado em tocar versões de clássicos do blues, do rhythm ‘n’ blues e do rock ‘n’ roll na direção de uma banda autoral altamente criativa. Isso não significa que o período em que os covers dominaram seu repertório possa ser facilmente descartado, pois oferece também alguns grandes momentos. Agora, que rolem as pedras!

 
The Rolling Stones [1964]

O primeiro álbum dos Stones destaca-se já pela capa, que não apresenta sequer o nome da banda, mas apenas uma foto do conjunto e o símbolo da gravadora. O som contido no disco não deixa a desejar, apesar de o repertório ser basicamente constituído de covers. As três faixas autorais são a instrumental “Now I’ve Got a Witness” e a blueseira “Little by Little”, creditadas à banda inteira com o nome fictício “Nanker Phelge” – a segunda creditando também Phil Spector –, e “Tell Me”, creditada a Jagger e Richards (que, até 1978, foi chamado “Keith Richard”, sem o “s” no final, pois o produtor Andrew Oldham achou que assim soava “mais pop”). As duas primeiras não impressionam – sendo que “Little by Little” deveria creditar Jimmy Reed por ser idêntica à sua “Shame, Shame, Shame” – mas servem para apresentar Keith Richards como um competente guitarrista de blues-rock. “Tell Me”, uma balada que mais lembra o som das bandas de merseybeat, destoa do restante do álbum, mas soa interessante se ouvida corretamente. Entre as covers pode-se destacar a agressiva versão para o blues “I Just Want to Make Love to You”; “Mona (I Need You, Baby)”, que parece ter sido criada para os Stones; e a versão divertidíssima de “Walking the Dog”, que deve ter deixado seu autor, Rufus Thomas, bastante orgulhoso. Além dessas, vale mencionar “I’m a King Bee”, que se tornou hit, e “Can I Get a Witness”, cantada aos berros por Jagger.


The Rolling Stones nº 2 [1965]

O segundo álbum britânico dos Stones é, na minha opinião, inferior ao primeiro, principalmente no que diz respeito aos covers, que são ainda a maioria das faixas. Apesar de haver versões inspiradas como “Time Is on My Side”, que se tornou uma faixa associada diretamente à banda, a maior parte desses covers pouco acrescentam, a meu ver. O que se percebe sempre é a substituição da instrumentação diversificada na base das originais pelo trabalho das guitarras, o que talvez irá marcar a sonoridade dos Stones e o estilo próprio de seus guitarristas (basta lembrar que o sagrado riff de “Satisfaction” era inicialmente nada mais que o guia para os metais que seriam incluídos na faixa, mas que Oldham acabou vetando). As três faixas autorais, “What a Shame”, “Grown Up Wrong” e “Off the Hook”, todas creditadas a Jagger e Richards, são pra mim o destaque do disco e também são passos importantes na formação do som característico da banda, com sua fusão de uma sonoridade fincada no blues e uma levada mais rocker.

Out of Our Heads  [1965]

A versão inglesa desse disco, diferente da que saiu nos EUA, apresenta poucas canções autorais, pois os hits, como “Satisfaction” e “The Last Time”, saíram no Reino Unido apenas como singles. O álbum, ao contrário, dos anteriores, não atingiu o topo das paradas inglesas, chegando apenas ao 2º lugar. Apesar disso, temos aqui um registro da maturidade dos Stones, exemplificada principalmente na faixa de abertura, a versão para “She Said Yeah” de Larry Williams, antes regravada sem muitas diferenças pelos Animals. Aquele inofensivo rock ‘n’ roll a la “Great Balls of Fire” se torna com os Stones um embrião tanto do punk como do hard rock, tendo em vista a energia e o peso contidos nas nervosas guitarras de Keith e Brian, o baixo e a bateria imponentes e os empolgantes gritos de Mick Jagger. Após essa primeira paulada, seguem covers na mesma linha do álbum anterior, mas alguns ficaram bem interessantes na versão dos Stones, como “Good Times”, com um lindo acompanhamento de baixo e guitarra, além da bateria precisa de Charlie Watts. Destaco, em especial, a versão para “Cry to Me”, que recebeu um tratamento bem blueseiro, permitindo a Keith solar durante toda a música e fazer miséria em seu encerramento. Keith demonstra nesse disco ser tão bom guitarrista quanto Dave Davies, dos Kinks, e Pete Townshend, do Who. Entre as quatro canções autorais, “The Under Assistant West Coast Promotion Man”, creditada a Nanker Phelge, é um resquício dos primeiros tempos dos Rolling Stones, ainda muito presos ao blues. As outras três, as ótimas “Gotta Get Away”, “Heart of Stone” – que traz mais um belo solo de Keith – e “I’m Free”, todas compostas por Jagger e Richards, mostram que a banda alcançava maturidade também em suas composições. “I’m Free”, por sinal, deve ser conhecida do leitor, pois já foi tema de comercial de TV no Brasil.

Aftermath [1966]

Os discos anteriores são bons e importantes, mas é neste aqui que os Stones ganham verdadeira significância na história da música pop. Aftermath traz uma série de novidades, para os Stones e para o rock – tendo sido lançado antes, por exemplo, de Pet Sounds (The Beach Boys) e Revolver (The Beatles). É o primeiro disco inteiramente composto de canções de Jagger e Richards – e são 14 faixas! – e apresenta também o talento de Brian Jones em tocar os mais diversos instrumentos, como as marimbas na base de “Under My Thumb” e um belíssimo acompanhamento de dulcimer em “Lady Jane”. Esses dois aspectos se relacionam com uma nova proposta da banda, que procura fazer um som mais melódico e com arranjos mais precisos e que parece atirar para vários lados, acertando pelo menos quase todos, na minha opinião. Apesar de não contar com “Paint It, Black”, a versão inglesa do disco possui quatro músicas que não saíram na dos EUA: “Mother’s Little Helper”, uma espécie de country lisérgico de primeira, a belíssima “Out of Time” e as popescas, mas nem por isso ruins, “Take It or Leave It” (que, por sinal, foi lançada antes dos Stones pelo grupo beat The Searchers, como single) e “What to Do”. As preferidas da maioria se encontram todas no lado A do vinil, do qual eu destacaria as não tão preferidas e bem blueseiras “Doncha Bother Me” e “Goin’ Home”, esta última sendo a primeira jam de “longa-metragem” lançada em um álbum de rock, com mais de 11 minutos de guitarra hipnótica e um Jagger improvisando letras num clima bem psicodélico, o que inspiraria Jim Morrison a fazer sua “The End”. Destaco também “Stupid Girl”, que, assim como a ótima “It’s Not Easy”, do lado B, é uma faixa bem garageira. Mas é no lado B que estão os clássicos, como “Flight 505”, em cuja introdução o piano imita o riff de “Satisfaction”, a caipira “High and Dry”, que me lembra bastante os Kinks e que possui uma ótima performance de Brian na gaita, e a maravilhosa “I Am Waiting”, também com uso de dulcimer, além da já citada “It’s Not Easy”. Não destaco “Out of Time” pelo simples fato de que a versão de Chris Farlowe para a mesma é arrasadora e insuperável! O final do disco apresenta três cançõezinhas pop nada stoneanas, mas agradáveis de se ouvir, com destaque para “Think”.

Between the Buttons [1967]

Neste disco, os Stones apenas aperfeiçoaram o que haviam feito em Aftermath, produzindo um álbum talvez menos ousado, mas muito bem elaborado e que é meu segundo favorito! Apesar de iniciar com a apenas razoável “Yesterday’s Papers”, que, ao lado da semi-garageira “All Sold Out”, são os dois únicos pontos baixos – mas não tão baixos – do disco, a banda acerta o ponto na segunda faixa, a linda e também semi-garageira “My Obsession”, e depois daí é uma sucessão de belíssimos trabalhos de composição e performance vocal e instrumental. Difícil destacar as melhores do disco, pois ele é muito regular, mas vale notar a presença de lindas baladas como “She Smiled Sweetly”, tão doce que caberia perfeitamente em um disco como Pet Sounds, ou minha favorita “Back Street Girl”, que saiu apenas na versão inglesa, uma balada nostálgica com letra nada convencional – versos como “por favor, não perturbe minha esposa” e “só quero que seja minha garota da rua de trás” são bem sugestivos – e com Brian Jones tocando magistralmente acordeom e vibrafone. É de fazer chorar! Outro destaque é a animadíssima “Cool, Calm & Collected”, que possui um refrão quase sussurrado (que deve ter inspirado bastante Syd Barrett), um solo de um instrumento que não consigo identificar e um final que vai acelerando até uma mini-explosão. O lado mais rocker do disco é representado pelas ótimas “Connection”, “Please Go Home”, “Complicated” e “Miss Amanda Jones”, todas com ótimas guitarras de Richards, em especial essa última. “Please Go Home”, que também se encontra apenas nessa versão inglesa, utiliza a famosa base criada por Bo Diddley para uma canção de ar rebelde mas também viajante, na linha do que vinham fazendo os Byrds, utilizando inclusive o famoso theremin. “Who’s Been Sleeping Here?” é uma faixa nitidamente inspirada em Bob Dylan, enquanto que “Something Happened to Me Yesterday” funde elementos folk a outros de jazz tradicional, com destaque para o assobio que dialoga com o vocal todo o tempo e para o divertidíssimo refrão cantado por Keith. A faixa encerra esse disco espetacular de forma igualmente espetacular! Resumindo: os Stones mostram, em Between the Buttons, que têm muito o que ensinar aos indies de hoje!

Their Satanic Majesties Request [1967]

Esqueçam tudo o que sabem sobre Rolling Stones! Enquanto seu ídolo Robert Johnson fez um pacto com o demônio, os Stones tornam-se eles próprios senhores do mundo das trevas, e a chegada de Suas Majestades Satânicas é introduzida solenemente pelo piano e instrumentos de sopro reproduzindo sombriamente o tema da primeira faixa “Sing This All Together” e fazendo você pensar que comprou o disco errado, pois aquilo não pode ser Rolling Stones! Mesmo após a introdução, quando Jagger começa a cantar e a canção ganha corpo, a música não lembra nada o que os Stones sempre costumaram fazer. Nem os dois discos anteriores chegaram a tanto! Uma característica intrigante é o farto uso de mellotron, geralmente tocado por Brian Jones, que mantém o uso de diversos instrumentos. “Citadel” parece ser um eco do passado, na medida em que transita entre a agressividade proto-punk/hard dos Stones, presente aqui no riff direto, na bateria forte e nos vocais mais despojados de Jagger, e a atmosfera própria desse álbum, com uma barulheira infernal – talvez literalmente. “In Another Land”, composta e cantada pelo baixista Bill Wyman, é uma lindíssima faixa barrettiana (um dos motivos para se comparar esse disco com o primeiro do Pink Floyd, tanto melodicamente como em seus traços de psicodelia e já quase um space-rock). A letra fala de uma pessoa que constantemente acorda e se vê novamente dentro de outro sonho, e os sacanas Jagger e Richards aproveitaram pra inserir ao final dela uma gravação que haviam feito do próprio Bill Wyman roncando! “2000 Man” mostra uma elaboração ainda maior que a faixa anterior e uma certa ênfase no violão, o que a torna uma precursora do que os Stones fariam nos discos posteriores. A versão que o Kiss fez pra essa música não ficou ruim, mas é impossível não preferir mil vezes a original, que é um clássico! Em seguida, temos uma faixa que deve aterrorizar os fãs comuns da banda: “Sing This All Together (See What Happens)”, onde a banda pega o inocente tema da faixa inicial e lhe faz um tremendo estrago, como que transformando em sons as coisas mais loucas que o cineasta experimental e amigo da banda Kenneth Anger faria em imagens, chegando mesmo a antecipar a sonoridade hipnótica e a barulheira que só ouviríamos nos discos de krautrock! O encerramento da faixa, que fecha o lado A do vinil, seria a trilha perfeita para o mais sinistro filme de terror asiático! Já o lado B abre com “She’s a Rainbow”, forte candidata a melhor música dos Stones, uma faixa tão linda e doce – similar a algumas músicas do comecinho do Yes – que lhe faz esquecer todas as trevas das músicas anteriores. Em vão, pois a seqüência traz três temas floydianíssimos, no sentido mais obscuro: “The Lantern”, faixa inteiramente espacial, “Gomper”, que traz uma sonoridade oriental ao estilo de “Chapter 24”, do Pink Floyd – porém, os Stones se saíram ainda melhor – e “2000 Light Years from Home”, a menos boa do disco, mas que se destaca por ser precursora tanto do space-rock como talvez do som gótico dos anos 80! “On with the Show”, em que Jagger canta como se discursasse para uma platéia, encerra de forma genial esse clássico absoluto da psicodelia e – por que não? – da pré-história do rock progressivo!

Beggars Banquet [1968]

Se, na Bíblia, os empregados são enviados pelo seu senhor (Deus) para convocar a escória, a ralé, para seu banquete majestoso, Mick Jagger encarna Lúcifer em “Sympathy for the Devil” para destronar quaisquer majestades não-satânicas e iniciar o seu próprio “banquete dos mendigos”. E nesta faixa, mais uma séria candidata a melhor música dos Stones, tudo é perfeito, da letra aos extasiantes backing vocals, passando pelo magnífico falsetto de Jagger e pela sessão de exorcismo que Keith realiza em sua guitarra endiabrada! Dois aspectos podem ser ressaltados no álbum em questão, e o primeiro deles é a fúria que transborda de seus melhores momentos. Segundo o próprio Keith, depois de todos os problemas com drogas, incluindo batidas, julgamentos e prisões, eles queriam mais que as fadas, os duendes e os gurus indianos fossem ter com suas promíscuas mães! Para sentir essa fúria, basta ouvir “Street Fighting Man”, faixa que deve estar na jukebox de Bruce Springsteen e que transporta para uma “rock ‘n’ roll band” os ecos do Maio de 68, visto que na “sleepy London town”, não há lugar para lutadores de rua! O outro aspecto é a simbologia do título desse disco: temos realmente um banquete de mendigos, com os Stones voltando às raízes blueseiras e explorando a música acústica – muito também por influência de Gram Parsons –, extraindo da simplicidade mais prosaica uma farta musicalidade, para o deleite dos espíritos mais brutos. Isto pode ser sentido especialmente na dylanesca – mais uma – “Jigsaw Puzzle”, de melodia simples, mas que dificilmente nos permite não ir às lágrimas. A capa original do disco, uma parede de banheiro pichada com insultos por Jagger e Richards, parecia combinar esses dois elementos, mas teve de ser substituída por uma também criativa capa na forma de um cartão de convite. Outros destaques do disco são a melancólica “No Expectations” – que será tocada em meu enterro –, o blues rabugento de “Parachute Woman” e as três belíssimas faixas acústicas: “Dear Doctor”, “Prodigal Son” e “Factory Girl”. O único problema aqui é a decadência de Brian Jones, que, apesar de belas contribuições como o slide de “No Expectations” e a gaita de “Dear Doctor”, não era mais uma presença determinante nas criações da banda, e terminaria por sair da banda, sem condições de continuar. Mas, para sentirem a grandeza do disco, as faixas que deixei de mencionar são as queridinhas dos fãs “Salt of the Earth” e “Stray Cat Blues”, esta um hard rock bem carregado, raivoso e barulhento. Então, acomode-se e aprecie esta mesa farta de iguarias, pois, como o Lúcifer da canção, este é um álbum “de riqueza e bom gosto”!

Let It Bleed [1969]

Um clima cool, quase de bossa-nova, dá início a “Gimme Shelter”, primeira faixa desse disco de transição – transição nos Stones e transição nos tempos! O que se segue a essa introdução simboliza bem isso: a bateria passa a marcar um ritmo mais severo, meio hard, para então entrar o vocal angustiado de Jagger. Mais angustiado ainda será o vocal da cantora Merry Clayton, na mesma faixa, que, contendo também um riff sujo e debochado da guitarra de Keith, é a consumação do grito furioso de Beggars Banquet. Parodiando as metamorfoses de que fala o Zarathustra de Nietzsche, em 1967, os Stones lidavam ainda com “seres imaginários” e estavam portanto no estágio do camelo, passando, com Beggars Banquet, ao estágio do leão, o revoltoso, para então chegar, neste álbum, ao estágio de criança, acima do bem e do mal. A banda esbanja sua vontade segura na despojada – mas nem por isso menos genial – “Country Honk”, na jovial “Live with Me” – que iniciaria não só os solos de sax de Bobby Keys, mas também um estilo próprio de canções stoneanas mais animadas – e na inescrupulosa “Midnight Rambler”, que fala de um estuprador e assassino – dizem que uma moça atingiu o orgasmo assistindo a essa música em um show! Curioso é que a capa desse disco seria a que terminou pertencendo ao posterior Sticky Fingers, pois foi perdida antes do lançamento de Let It Bleed. Ao se abrir o zíper da calça que é a capa, surgiria o dizer “let it bleed”, e você interpreta isso como lhe parecer melhor! Outros destaques são a modernosa e funkeada “Monkey Man”, que poderia figurar sem problema em um disco do INXS, e a melhor do disco: “You Got the Silver”, uma balada country-blues, de instrumental magnífico, cantada pelo coração de Keith Richards, que se rasga violentamente no último verso! O disco conta ainda com “You Can’t Always Get What You Want, uma de suas canções mais amadas, a faixa-título – cuja letra parece ter sido inspirada em algum filme de sexo bizarro – e uma boa versão para “Love in Vain”, de Robert Johnson. Let It Bleed marca a saída de Brian Jones da banda e sua substituição por Mick Taylor. A morte inesperada de Brian foi homenageada por um show no Hyde Park onde foi oficialmente lançada a banda King Crimson, grande baluarte do rock progressivo. Este show, junto com o de Altamont realizado um dia após o lançamento de Let It Bleed, em que foi brutalmente assassinado o fã Meredith Hunter, marca, sob a aura desse disco, o fim dos anos 60 e seus ideais e o início dos anos 70: chega de paz e amor; é preciso deixar sangrar!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

John Uzonyi's Peacepipe - Peacepipe 1970

  Peacepipe foi ideia do guitarrista John Uzonyi. Eles eram um power trio que tocou no sul da Califórnia e Arizona no final dos anos 60. Ele...