sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Ola Gjeilo “Dreamweaver”

 Mais dia menos dia era certo que este nome ia andar por aí a cativar atenções naquela franja que une os interesses que quem habitualmente caminha pelas águas da música popular e aqui e ali encontra motivos de interesse da música de alguns compositores contemporâneos, como recentemente aconteceu com nomes como um Max Richter ou Eric Whitacre. Chama-se Ola Gjeilo, nasceu na Noruega em 1978, estuou em Oslo, Londres e Nova Iorque e reside atualmente nos Estados Unidos onde não só completou um mestrado em composição em 2006 como, depois, foi compositor residente de um coro (em Phoenix, no Arizona) entre 2009 e 2010, cargo que atualmente desempenha com o Distinguished Concerts International New York (DCINY), mais perto da sua casa, em Manhattan. 

Depois de uma estreia na 2L em 2007 e uma passagem pela Chandos em 2012, Ola Gjeilo tem um relacionamento editorial com a Decca Records desde 2016, pelo qual editou já dois discos de música para piano – Q”Night” (2020) e “Dawn” (2022) – e primeiros títulos dedicados à música coral: “Olá Gjeilo” (2016) e “Winter Songs” (2017), este último recentemente lançado também em vinil. Em 2023 entrou em cena “Dreamweaver”, disco no qual o compositor (que escutamos ao piano) é acompanhado por Duncan Ridell (violino solista), Roberto Sorrentino (violoncelo solista), a Royal Philharmonic Orchestra e o coro da Royal Holloway, todos sob a direção de Rupert Gough. O alinhamento inclui uma série de pequenas peças (“Autumn”, “The North”, “Winter Night”, “Agnus Dei”, “Stone Rose” e “Ingen Vinner Frem Til Den Evige Ro”), em muitas passando marcas de invernia, frio e geografias do grande norte que já havíamos encontrado em títulos anteriores. Depois encontramos, com maior fôlego, “The Road” e, ainda, a pièce de resistence que dá título ao disco. “Dreamweaver”, que transporta marcas de identidade bem evidentes da música coral de Olá Gjeilo, grandiosa e luminosa, mesmo se sob temática invernosa, e parte de um poema medieval norueguês (“Draumlvedet”), no qual acompanhamos o protagonista que, depois de adormecer na véspera de Natal, acorda 13 dias depois para partilhar as experiências invulgares, de fulgor épico, pelas quais passara nesse período. Traduzido para inglês, o poema ganha corpo numa música com músculo e emoção que, se passar pelos ouvidos de quem faz cinema, mais dia menos dia acabará por levar o nome de Olá Gjeilo aos créditos de filmes que precisem de uma música com força e brilho… e coros.

“Dreamweaver”, de Ola Gjeilo, com Duncan Ridell, Roberto Sorrentino, a Royal Philharmonic Orchestra e o coro da Royal Holloway, sob a direção de Rupert Gough, está disponível em CD e nas plataformas digitais numa edição da Decca.



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