Mayhem (2025)
Quando Madonna fez seu último show em Copacabana, unindo gerações com uma carreira de sucesso, senti uma melancolia. A atual rainha do pop, que pavimentou o caminho para o pop em muitos sentidos, estava se despedido de seu reinado, e trazendo uma epifania consigo. Pop já não é mais o que era, apesar de receber o tratamento como um gênero superficial e carente de originalidade, por muito tempo, o pop foi palco de ativismo, inovação e expressão de criatividade. Coisas que senti virem a abaixo ao assistir Madonna uma última vez, escrevi no letterboxd de maneira exagerada que era um "enterro" da música pop. E se a Celebration tour foi o enterro, de maneira mais irônica possível, Lady Gaga abre o caixão mais uma vez.
Reconhecida publicamente como sucessora, Lady Gaga apareceu no final dos 2000 e sendo vista nada mais como uma "poser", uma cópia mal feita de tudo que já havia sido feito. Tudo passaria logo e Lady Gaga seria esquecida. O que, com o lançamento de Mayhem, vemos que estava muito longe de ser verdade. Lady Gaga se tornara um ícone, um original próprio que criou tendências e tem seus sucessores próprios. Depois de ser estraçalhada consecutivamente por 3 álbuns (com um se tornando atual cult classic), Gaga parece ter alcançado o que, não só ela, mas principalmente a crítica e fãs, uma volta triunfal.
Lady Gaga traz uma retrospectiva de sua carreira musical em Mayhem. Tendo perpassando pelo pop mais "tradicional", as influências do glam, o eletrônico agressivo do EDM, o country e soft rock, agora abre mais um capítulo em seu repertório musical. Dessa vez, Gaga se aprofunda nos ritmos disco e synth oitentistas, assim como se aprofundar em suas influências magnas. Killah, uma fusão desses dois elementos, com a guitarra funky remanescente de Bowie em Fame (especialmente pelo seu timbre "fechado" inconfundível), solos hipnotizantes e gritos roucos similares ao Prince, uma de suas influências pouco lembradas. Cada música contendo uma de suas marcas registradas, como os vocais gregorianos e operísticos em Garden of Eden, e o ênfase em seus graves dramáticos em momentos pontuais das letras, como no final de LoveDrug. As pancadas eletrônicas influenciadas pelo industrial de Disease; uma inconsolável balada sombria de The Beast que explora as partes indesejáveis do subconsciente com alegorias a monstros; e o grande encerramento, Blade of Grass uma balada romântica digna de uma trilha sonora de um filme dramático dos anos 80, uma homenagem mais que merecida a seu atual marido, quem a incentivou para fazer o álbum. Ao ouvir Abracadabra, eu como muitos outros também entrei em êxtase em presenciar um retorno de um ícone que desde de minha infância foi uma influência. Mas algo se sobressaiu para mim, mesmo sendo tão saudoso aos seus trabalhos anteriores tive problemas em voltar a ouvir o resto da discografia, porque mesmo sendo tão semelhante, há algo diferente. Não de um jeito uncanny, Gaga usa em Abracadabra os arranjos e progressões que já eram utilizados por ela em 2010, porém simultâneamente produzindo algo que não mostra marcas do tempo. Com o retorno da moda de 2000 e 2010 todos estão tentando mimicar as sonoridades que pareciam estar perdidas, porém, Gaga trabalha em um território já conhecido. O território que ela mesma ajudou a pavimentar, a junção do "velho" ao novo, não só familiares mas arranjos intensificados até a última potência.
A Mother Monster não nega seu título, não apenas como um símbolo de liderança e referência, mas o aspecto macabro e insólito que a sua presença muitas vezes traz, saindo do caixão não como um cadáver decrépito, mas como um vampiro que ressurge de seu sono, forte e morto de fome.
Reconhecida publicamente como sucessora, Lady Gaga apareceu no final dos 2000 e sendo vista nada mais como uma "poser", uma cópia mal feita de tudo que já havia sido feito. Tudo passaria logo e Lady Gaga seria esquecida. O que, com o lançamento de Mayhem, vemos que estava muito longe de ser verdade. Lady Gaga se tornara um ícone, um original próprio que criou tendências e tem seus sucessores próprios. Depois de ser estraçalhada consecutivamente por 3 álbuns (com um se tornando atual cult classic), Gaga parece ter alcançado o que, não só ela, mas principalmente a crítica e fãs, uma volta triunfal.
Lady Gaga traz uma retrospectiva de sua carreira musical em Mayhem. Tendo perpassando pelo pop mais "tradicional", as influências do glam, o eletrônico agressivo do EDM, o country e soft rock, agora abre mais um capítulo em seu repertório musical. Dessa vez, Gaga se aprofunda nos ritmos disco e synth oitentistas, assim como se aprofundar em suas influências magnas. Killah, uma fusão desses dois elementos, com a guitarra funky remanescente de Bowie em Fame (especialmente pelo seu timbre "fechado" inconfundível), solos hipnotizantes e gritos roucos similares ao Prince, uma de suas influências pouco lembradas. Cada música contendo uma de suas marcas registradas, como os vocais gregorianos e operísticos em Garden of Eden, e o ênfase em seus graves dramáticos em momentos pontuais das letras, como no final de LoveDrug. As pancadas eletrônicas influenciadas pelo industrial de Disease; uma inconsolável balada sombria de The Beast que explora as partes indesejáveis do subconsciente com alegorias a monstros; e o grande encerramento, Blade of Grass uma balada romântica digna de uma trilha sonora de um filme dramático dos anos 80, uma homenagem mais que merecida a seu atual marido, quem a incentivou para fazer o álbum. Ao ouvir Abracadabra, eu como muitos outros também entrei em êxtase em presenciar um retorno de um ícone que desde de minha infância foi uma influência. Mas algo se sobressaiu para mim, mesmo sendo tão saudoso aos seus trabalhos anteriores tive problemas em voltar a ouvir o resto da discografia, porque mesmo sendo tão semelhante, há algo diferente. Não de um jeito uncanny, Gaga usa em Abracadabra os arranjos e progressões que já eram utilizados por ela em 2010, porém simultâneamente produzindo algo que não mostra marcas do tempo. Com o retorno da moda de 2000 e 2010 todos estão tentando mimicar as sonoridades que pareciam estar perdidas, porém, Gaga trabalha em um território já conhecido. O território que ela mesma ajudou a pavimentar, a junção do "velho" ao novo, não só familiares mas arranjos intensificados até a última potência.
A Mother Monster não nega seu título, não apenas como um símbolo de liderança e referência, mas o aspecto macabro e insólito que a sua presença muitas vezes traz, saindo do caixão não como um cadáver decrépito, mas como um vampiro que ressurge de seu sono, forte e morto de fome.
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